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Crítica | Primal – 2X03: Dawn of Man

Vikings em ursos gigantes. O que mais é necessário?

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Genndy Tartakovsky não brinca em serviço. O animador russo-americano tem um histórico que fala por si mesmo na área (talvez com exceção da franquia Hotel Transilvânia, mas faz parte…) e é um mago na forma de contar histórias visualmente. Mesmo em séries com diálogos, arriscar-me-ia a dizer que eles por muitas vezes chegam a ser supérfluos diante da majestade de seu estilo e da maneira como encadeia sua narrativa. Primal, seu projeto pré-histórico quase que integralmente sem diálogos compreensíveis (há apenas uma palavra – um nome – até agora que podemos repetir facilmente) faz cada quadro de cada minuto de seus 22 minutos valerem, transformando o que poderia ser uma diversão rápida e esquecível em uma experiência imersiva e arrebatadora.

Peguem, por exemplo, os vários minutos iniciais de Dawn of Men, em que Spear e Fang, juntos, mas ainda separados, com Fang visivelmente abalada pela perda violenta de seu companheiro terópode no episódio anterior, enfrentam chuva torrencial até encontrarem uma profunda caverna que lhes dá abrigo natural. A desconexão entre os personagens causada pela extrema violência que vimos anteriormente vai sendo suavizada, até porque sabemos que a dupla têm tragédias espelhadas para uni-los, mas é muito interessante como Tartakovsky não tem pressa e deixa o tempo e as circunstâncias aproximá-los novamente. Spear, explorando a caverna, encontra pinturas rupestres de uma tribo mais evoluída que ele que morava ali por perto, reconstruindo seus hábitos de caça, suas relações sociais, sua forma de se vestir e de se abrigar a partir de restos que ele encontra na pradaria mais a frente em sequências que inteligentemente fazem usos de flashes para o que um dia foi.

Se essa tribo é a de que Mira faz parte e que Spear encontra ao final, não fica claro, mas isso não importa pelo momento. O que realmente interessa é ver o então diminuto mundo de Spear aumentar exponencialmente a cada novo encontro, a cada nova descoberta, o que inclui, claro, ser ameaçado por dois “vikings” montados em ursos gigantes (talvez o arctotherium) e portando espadas de metal e escudos marcados com o mesmo símbolo do escorpião vermelho daqueles que sequestraram Mira. O momento da chegada dos guerreiros marca, também, a reunião final de Spear e Fang, uma reunião reacendida pela necessidade, verdade, mas que era inevitável. E a pancadaria que segue consegue, apesar da escala menor, ficar no nível de qualidade da que vimos em Shadow of Fate, com direito ao sensacional momento em que Spear descobre a espada (teremos que passar a chamá-lo de Sword?) e a trilha sonora nos dá algumas notas no estilo da de Basil Poledouris, em Conan, O Bárbaro, para marcar bem a mudança e mostrar que se Spear já fazia o que fazia com pedaços de madeira, ossos e sua sempre fiel lança, imagine agora com metal afiado?

O reencontro de Spear e Mira, porém, me pareceu corrido e poderia ter ganhado um tempo “de respiro” entre o momento em que ela o abraça e o que ela insiste em que ele também salve seus compatriotas. Não esperava algo longo, obviamente, mas apenas uma construção de tensão ainda dentro do cativeiro que fosse além da cena seguinte em que o grupo todo começa a fugir pelo meio do vilarejo “viking”, o que me pareceu uma estratégia razoavelmente forçada. Pelo menos Fang ficou mesmo para trás depois da insistência de Spear, pois seria ridículo ver a T-Rex caminhando por entre as cabanas.

Não sei o que o próximo episódio promete, mas eu diria que veremos mais ursos gigantes montados por “vikings” e, principalmente, Spear brandindo uma espada pela primeira vez na vida e, provavelmente, ele próprio montado em Fang. Ou seja, talvez tenhamos nada menos do que o melhor na vida: “matar seus inimigos, esmagar seus crânios e ouvir suas viúvas chorarem”. Tartakovsky não desperdiça os segundos e, uma vez atrás da outra, entrega-nos obras que queremos imediatamente rever uma vez que terminamos a primeira passada.

Primal – 2X03: Dawn of Man (EUA – 28 de julho de 2022)
Criação: Genndy Tartakovsky
Direção: Genndy Tartakovsky
Roteiro: Genndy Tartakovsky
Elenco: Aaron LaPlante, Laetitia Eido-Mollon, Adam Fergus
Duração: 22 min.

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