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Crítica | Primal – 2X07: The Colossaeus, Part I

Chutando de vez o pau da barraca...

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Agora, Genndy Tartakovsky chutou de vez o proverbial pau da barraca e terminou de bagunçar as mitologias, trazendo egípcios e babilônios altamente desenvolvidos para o que antes era um cenário essencialmente pré-histórico, e isso porque eu sequer mencionei ainda a esperada – mas que eu não sabia que viria tão rapidamente – transformação do chefe Viking no minion super-poderoso da entidade demoníaca do que só pode ser Muspelheim (afinal, aquela trinca de moças angelicais certamente eram Valquírias querendo levá-lo para Valhalla) com o objetivo de caçar Spear e Fang. É como se o criador russo-americano tivesse aberto de vez as comportas criativas e deixado a água (e outras substâncias) de todos os rios confluentes de sua mente se misturarem de uma vez só para ninguém mais ter sequer uma sombra de dúvida de que suas ambições são bem maiores do que só lidar com a amizade entre um neandertal e uma T-Rex.

E eu não sei se adoro isso não, sendo muito sincero. Até dói meu coração pensar e escrever isso, mas, se eu já não gostava muito do sobrenatural na série que, nesta temporada, vinha perdendo destaque, e tinha lá reticências sobre o uso de raças mais tecnologicamente desenvolvidas, ver um mega-navio egípcio (que sequer eram exímios navegadores aqui em nosso universo…) que faria inveja a transatlânticos e até porta-aviões modernos sendo usado como arma de guerra e conquista me parece um pouco demais da conta. Mas o que eu queria que Primal fosse não interessa para a análise do episódio em si (a não ser que eu fosse uma criancinha que não teve sua vontade satisfeita, claro, como acontece como um monte de fãs adultos, aliás…) e a grande verdade é que a escala, a variedade de povos, a pancadaria quase no nível O Retorno do Rei, de Peter Jackson, e assim por diante, me fizeram ficar com os olhos vidrados na tela a cada nova sequência, mesmo aquelas passadas no cárcere dos protagonistas.

O único grande problema narrativo da história, para mim, tem relação com o que mencionei sobre o episódio anterior. Os que leram minha crítica lembrarão que eu disse que faltaram consequências para Spear, Fang e Mira, com tudo tendo corrido muito bem para a trinca e muito mal para o chefe Viking e seu filho. E agora, quando as consequências não eram mais necessárias, eis que uma delas é usada quase que de forma apressada, de qualquer jeito, com o gigante escravizado Kamau (Imari Williams), em meio à luta com Fang, levando a um de seus ovos a ser quebrado, com o feto morto “escorrendo” pelo navio em uma sequência com um certo requinte de crueldade. Um momento forte, mas que teria sido muito mais apropriado como uma “pequena” vitória para o chefe Viking no capítulo anterior. Aqui, ela não serviu para absolutamente nada, pois o uso dos ovos de Fang como forma de a Rainha Egípcia controlá-la aconteceria com ou sem esse momento, obviamente, pois aquela rainha tem todo o jeito de estar mais do que acostumada a fazer maldades assim.

O restante foi, com disse, um show visual de tirar o fôlego acompanhando de uma trilha sonora altamente adaptativa, que realmente evoca o choque e o deslumbramento de ver a escala mudar completamente mais uma vez, e o continuado e impressionante trabalho da arquitetura sonora, agora tendo infinitamente mais trabalho do que antes para correr atrás das demandas específicas do que essa literal virada visual passou a exigir, seja com super-elefantes, seja com gigantescos portões sendo quebrados com a ajuda de Fang. É quase como um episódio para o pessoal técnico chamar atenção específica para seu trabalho e tirar onda com a cara do espectador tamanha é a qualidade do que eles novamente conseguem, mesmo com Tartakovsky subindo ainda mais o sarrafo de suas pretensões narrativas.

Assim como aconteceu em The Primal Theory – mas com menos intensidade, obviamente – não podia imaginar o que o criador da série estava preparando para seus espectadores e fui novamente pego de surpresa. E trata-se de uma surpresa que, basicamente, muda tudo, que quase que literalmente nos reapresenta a esse mundo selvagem onde vivem Spear e Fang, com a (possivelmente perigosa) realização de que o jogo mudou completamente e que o selvagem e o T-Rex, de repente, são apenas peões em algo infinitamente mais amplo. Com as porteiras abertas nessa escala, literalmente qualquer coisa pode surgir nos próximos episódios, até mesmo alienígenas… Veremos!

Primal – 2X07: The Colossaeus, Part I (EUA – 19 de agosto de 2022)
Criação: Genndy Tartakovsky
Direção: Genndy Tartakovsky, David Krentz
Roteiro: Genndy Tartakovsky, Darrick Bachman
Elenco: Aaron LaPlante, Laëtitia Eïdo, Fred Tatasciore, Imari Williams
Duração: 23 min.

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