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Crítica | Primal – 2X09: The Colossaeus, Part III

A mesma coisa de novo, só que com "Fanguinhos".

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Olha, adoro quase tudo que Genndy Tartakovsky faz e fiquei fascinado com Primal desde seu início, mas esse arco de três episódios do Colossaeus foi uma decepção. Não foi ruim, longe disso, pois o design, a técnica de animação, a trilha sonora, a edição e mixagem de som e todos os demais elementos técnicos continuam do mais alto gabarito, mas, em termos narrativos, essa tentativa de expandir o universo da série veio talvez cedo e bruscamente demais, sem realmente criar algo mais envolvente do que uma sucessão interminável de pancadarias. E, pior, tudo poderia ter sido resumido a um episódio apenas, pois os roteiros são vazios de qualquer conteúdo que já não tivesse ficado claro e evidente nos primeiros 20 minutos do arco.

Reparem, por exemplo, como o começo da Parte III basicamente torna desnecessária a Parte II. Entre o final de um e o começo de outro episódio, foi como se Tartakovsky tivesse clicado em reset e recomeçado a história com todo mundo acorrentado novamente só para eles escaparem e terminarem de aniquilar – facilmente demais, diria – os super-avançados egípicios e sua rainha particularmente badass. De diferente, temos, apenas, o nascimento dos “Fanguinhos”, algo que poderia ter acontecido igualmente ao final da Parte I. Tudo bem que ganhamos um flashback sobre o povo de Kamau que casa com o começo focado nos remadores do mega-navio, mas mesmo isso é perfumaria no contexto geral, a não ser que o criador da série tenha planos de produzir spin-offs e esteja sacrificando Spear e Fang para abrir espaço para outros personagens a serem explorados no futuro (o que é um crime por si só, mas fazer o que?).

Portanto, o que vemos na Parte III é, em sua essência, mais do mesmo, só que, agora, com o berreiro dos pequenos T-Rex coloridos. Apesar de minha análise parecer unicamente negativa, na verdade ela não é. Não só o lado técnico merece ser elogiado, como já elogiei, como o roteiro ainda consegue alguns momentos de tensão como quando um dos Fanguinhos é flechado. Confesso que, nessa hora, foi como eu passasse a ter “visão de túnel”, sem nada mais importar a não ser saber o destino de mais esse filhotinho de Fang que, AINDA BEM, não sofre mais do que uma espetada incômoda. Mas ver nossos heróis pularem do navio como se estivesse mergulhando em uma piscina, serem salvos dos remos pela rebelião providencial dos escravos e, ainda por cima, se beneficiarem de uma aleatória aproximação de outro navio egípcio (era para ter vários, pois o mega-navio jamais viajaria sem uma frota completa) que serve como bote salva-vidas para Spear, Mira, Fang e seus filhotes foi uma sucessão conveniente demais de momentos clichês.

Sendo bem chato e franco, essa Parte III que, vamos lá, precisa ser visto em conjunto com as outras duas, tornou Primal, ainda que por um breve tempo (mas três semanas é tempo pacas…), uma boa animação comum. Sim, comum. Como nós fomos doutrinados a esperar de Tartakovsky tudo menos o comum (com exceção daqueles longas infantis da franquia Hotel Transilvânia), quando ele resvala nessa característica, o alerta já liga. Foi o que aconteceu comigo: esses três episódios de Primal retiraram um pouco da fascinante magia que a série tinha para mim e o prometido final de temporada com o conflito entre os protagonistas e o viking vingativo transformado na mistura do Coisa com o Tocha Humana com habilidade de andar sobre a água não me diz muita coisa.

Claro que eu espero muito estar completamente errado e eu venha a me deparar, na semana que vem, com um derradeiro capítulo de fazer o queixo cair, mesmo considerando que eu não sou o maior fã do lado sobrenatural da série (mas qualquer coisa é melhor que a Trilogia Colossaeus). Como é Tartakovsky, isso não é difícil de acontecer, sendo particularmente interessante compreender – se ele deixar – qual o caminho que a série pretende seguir a partir de agora se ela for renovada. Com a abertura de universo, parece-me que o retorno à estrutura intimista não é mais possível para sustentar temporadas inteiras, o que pode significar que Primal tem o potencial de perder parte de seu apelo. Mas, se o mais do que criativo russo-americano compensar de outro lado com algum conceito que ele vem guardando na manga, pode ser que minhas razões para reclamar desapareçam por completo. Descobriremos em breve!

Primal – 2X09: The Colossaeus, Part III (EUA – 09 de setembro de 2022)
Criação: Genndy Tartakovsky
Direção: Genndy Tartakovsky
Roteiro: David Krentz
Elenco: Aaron LaPlante, Laëtitia Eïdo, Fred Tatasciore, Imari Williams
Duração: 20 min.

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