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Crítica | Primal – 2X10: Echoes of Eternity

Ecos de uma série outrora muito boa...

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Respondendo a um comentário de leitor na crítica do episódio passado, eu disse: “eu não sei o caminho que o Tartakovsky quer dar para a série dele, mas não duvidaria de uma morte importante para encerrar o arco tanto de Spear quanto de Fang”. Não era uma previsão muito difícil de fazer, claro, e a tal morte importante – a de Spear – realmente veio e, se o criador da série quiser, ele pode dar por encerrada a história de seus protagonistas e também de seus descendentes e continuar a série de outra maneira completamente diferente, talvez aproveitando a expansão de universo que ele tratou de fazer na segunda temporada, introduzindo novos personagens ou até retornando ao gigante Kamau.

O que será o futuro de Primal, se é que a série continuará, teremos que esperar para descobrir, mas, sobre seu presente, eu tenho que dizer que, apesar de a morte importante ter realmente vindo, ela foi decepcionante, anticlimática e, pela falta de adjetivos melhores, estranha, corrida, até mesmo boba e olha que eu jamais pensei que usaria “boba” para descrever algum episódio dessa série… Mas meu ponto é que Echoes of Eternity não só ignora solenemente o também decepcionante – ainda que ambicioso – arco The Colossaeus, como dedica menos do que quatro minutos à suposta poderosíssima ameaça representada pelo viking vingativo transformado em demônio de fogo e faz dele um inimigo pífio, mesmo que ele acabe matando Spear.

A temporada já vinha se arrastando graças ao arco da maligna Rainha Egípcia e tudo o que a série não precisava em seu final era um episódio “de origem” que ainda tem a falta de sensibilidade de introduzir um monte de personagens novos. Era mesmo importante que tivéssemos um flashback sobre a infância de Spear seguido de Spear, Mira, Fang e Fanguinhos chegando na terra natal de Mira e que quase toda a duração do episódio fosse dedicado a explicar como ela foi capturada em mais flashback (deixar algo óbvio assim para a imaginação nem pensar, não é?) e a introduzir seu povo e sua cidade entalhada em uma encosta? Eu até entenderia toda essa contextualização extra se o episódio acabasse com a chegada do viking endemoniado por ali, criando um cliffhanger para a próxima temporada ou que ele causasse uma destruição razoável na cidade de forma a amplificar o drama. Mas não. O que temos é Spear, em plena combustão e caindo de um precipício, usando seus superpoderes de homem da caverna para socar – sim, socar – o emissário de Muspelheim até ele ser chamado de volta por seu criador.

E, com Spear todo queimado, ainda temos uma cena de “amor” de gosto duvidoso em que Mira, depois de deduzir pelos desenhos de Spear que ele gosta dela, decide ter um filho com ele, descobrindo que seus instrumentos de reprodução aparentemente não viraram churrasco. Vocês vão me desculpar, mas ficou RIDÍCULO mesmo que a intenção tenha sido criar uma versão do relacionamento de Ísis e Osíris na mitologia egípcia (e eu não sei se foi essa a intenção…). Pareceu-me mais algo como “perdemos muito tempo com o Egito, Babilônia, Europa Medieval, Índia e sei lá mais o que e esquecemos de abrir espaço para um final decente para Spear”, com o roteiro de Echoes of Eternity transformando-se em um “monstro de Frankenstein” que dedica 20 minutos a informações novas sem um objetivo claro, somente para fazer tudo desmoronar completamente em literais quatro minutos.

Para que passar diversos episódios fazendo teasers do final boss somente para ele ser um detalhe? Acho nobre e corajoso matar Spear, mas sua morte não fez jus ao personagem. Foi uma luta rápida demais, conveniente demais e, mais ainda, sem riscos aparentes para seus entes queridos que leva a uma transa igualmente conveniente que gera aquele epílogo bobamente previsível com a filha dele e de Mira cavalgando um dos Fanguinhos, só que, agora, Fangão (ou Fangona, não sei). A mesma coisa poderia ter acontecido dando a Spear o que ele merecia: uma luta épica e inesquecível que consumisse quase que o episódio todo e que realmente ameaçasse Fang, Fanguinhos e Mira, tudo DEPOIS que eles dois já tivessem transado, claro. No afã de fazer algo em tese diferente, inesperado, “esperto”, Tartakovsky acabou entregando um encerramento de temporada – ou até de série – que depõe contra tudo o que ele fez antes. Primal, de uma série animada de primeira qualidade, tornou-se banal, primária mesmo…

Primal – 2X10: Echoes of Eternity (EUA – 16 de setembro de 2022)
Criação: Genndy Tartakovsky
Direção: Genndy Tartakovsky
Roteiro: Genndy Tartakovsky, Darrick Bachman
Elenco: Aaron LaPlante, Laëtitia Eïdo, Fred Tatasciore, Dave Fennoy, Amina Koroma
Duração: 24 min.

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