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Crítica | Prof. Pardal na Atlântida

Nos domínios de Atlântida.

por Luiz Santiago
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Ao longo de oito blocos narrativos contendo entre 5 e 11 páginas, acompanhamos essa aventura do Professor Pardal e toda uma tripulação especial passando bons e maus bocados na Atlântida. Originalmente publicada em dezembro de 1976, pela Editora Abril, essa Edição Extra começa com o Tio Patinhas anunciando, de maneira escandalosa, o sumiço de um de seus navios, que guarda uma de suas relíquias. Isso coloca imediatamente os seus sobrinhos em movimento, e Pardal é chamado para compor a expedição que deverá ir ao Triângulo das Bermudas investigar o tal sumiço. No roteiro de Ivan Saidenberg, essa premissa é colocada sem nenhum tipo de detalhe ou maior trabalho para contextualizar o que está em jogo. No início, temos poucos problemas com isso, mas no final, pela maneira como o autor vai abreviando atropeladamente a narrativa e criando as coisas mais convenientes para colocar fim à aventura, temos uma queda considerável de qualidade da história.

A aventura se desenvolve rápido, com um nível cada vez maior de ação a cada bloco dramático. A preparação para a busca é feita às pressas pelos personagens, como é de praxe nesses quadrinhos de expedição, e é bem divertido acompanhar as trapalhadas de Peninha e Donald durante o processo. Aqui também temos a presença de Ronrom, o gato de estimação de Donald, que embarca no navio até o Triângulo das Bermudas, com o objetivo final de encontrar peixe para comer. Bem mais à frente ele terá uma participação essencial na luta contra os vilões, ajudando o Professor Pardal e Lampadinha (de quem inicialmente é inimigo) a vencer os Atlantes, que acabam se revelando verdadeiros “cientistas malucos“, com ânsias de “conquistar o mundo da superfície“. Isso faz com que a narrativa vá ficando cada vez mais simples e, em muitas passagens, bem bobinha. O contrapeso disso é que sempre há elemento de diversão e um suspense interessante a cada par de páginas.

Os desenhos de Carlos Edgard Herrero funcionam bem para esse tipo de história cheia de diferentes ambientes, principalmente nos quadros grandes, expondo a geografia submarina e a arquitetura dos Atlantes. Como há uma certa repetição na organização do texto a partir do episódio A Fuga, os desenhos é quem acabam criando o mínimo de caminhos para o andamento fluido da história, que se encaminha para o seu final com os Atlantes tentando manter os visitantes como escravos. Então cria-se uma confusão do roteiro, que inicialmente estabelece que os Atlantes querem apenas usar a mão de obra dos habitantes da superfície; mas alguns quadros adiante, eles afirmam que não querem deixar ninguém voltar à terra seca porque têm medo de contarem onde está localizado o continente perdido e abrirem as portas para uma “invasão da superfície no local“. Claro que a preocupação é legítima, mas é contraditória e não justifica que os Atlantes fizeram com as tripulações que criminosamente atraíram até lá.

Prof. Pardal na Atlântida é uma aventura marítima que tem suas limitações, mas consegue alimentar a imaginação do leitor — principalmente pelos inventos rápidos e meio malucos de Pardal e as possibilidades que a história oferece –, despertando a curiosidade sobre os segredos escondidos nas profundezas dos oceanos. É uma adição válida à coleção de aventuras brasileiras escritas para a Disney (a mais longa que eu tive a oportunidade de ler, por sinal), oferecendo uma boa escapada em uma aventura que mistura comédia, exploração, ficção científica e maluquices, como não podia faltar.  

Prof. Pardal na Atlântida — Brasil, dezembro de 1976 (criado em junho de 1976)
Código da História: B 760162
Publicação original: Edição Extra 74 – Prof. Pardal / Almanaque do Tio Patinhas (2ª Série) 36
Editora originai: Abril
Roteiro: Ivan Saidenberg
Arte: Carlos Edgard Herrero
Capa original: Carlos Edgard Herrero?
70 páginas

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