Home FilmesCríticasCatálogos Crítica | Psycho Cop: Ninguém Está em Segurança

Crítica | Psycho Cop: Ninguém Está em Segurança

Um psicopata satanista trajado de policial.

por Leonardo Campos
569 views

Um slasher deliciosamente bizarro, conduzido de maneira equivocada e repleto de furos em sua estrutura dramática problemática. Assim é Psycho Cop: Ninguém Está em Segurança, uma produção da fase tardia deste profícuo subgênero do terror, filme que visto hoje, talvez atenda as demandas de entretenimento apenas para aqueles que o conheceram e se divertiram bastante na juventude, quando tínhamos a sua história como substituição para a falta de outras produções slashers nas videolocadoras ou nas opções de exibição da televisão aberta dos anos 1990. Com mescla de elementos de diversos outros exemplares do tipo, este slasher escrito e dirigido por Wallace Potts dialoga aos berros com todos os clichês possíveis do subgênero em questão, dando ao público um espetáculo de mortes em off, algumas passagens de perseguição e a diferenciada inserção de traços sobrenaturais para o antagonista que não usa máscara, mas traja um uniforme de policial que o faz ser integrante do painel de monstros que ultrajam figuras da sociedade, como já foi o caso do Papai Noel, dos palhaços, dentre outros.

Nesta história sobre um policial macabro nada confiável, apresentado logo de cara a realizar rituais satanistas, um grupo de jovens que se organiza para diversão e relaxamento durante um final de semana sequer imagina que fará parte de uma chacina horripilante. Afastada da civilização, a casa onde pretendem passar momentos de sexo, drogas e bebidas é o lugar ideal imaginado, pois eles possuem motivos de sobra pra comemorar: ganharam uma grana considerável no mercado de ações. Assim, nada mais interessante para fazer a não ser agradecer e festejar, não é mesmo?  É o que pensa Doug (Jeff Quale), Laura (Palmer Lee Todd), Eric (Dan Campbell), Julie (Cindy Guyer), Sarah (Linda West) e Zack (Greg Johnson-Roche), figuras ficcionais perseguidas por este diabólico assassino que não possui motivação específica que justifique a sua sede de sangue. Ele apenas que matar. Nós, queríamos ao menos nos divertir, mas fica um pouco complicado com a estrutura da trama exposta ao público.

Primeiro, temos a demasiada demora para o começo da ação. Muitos diálogos ruins, exibição parcial de nudez, desenvolvimento pobre de personagens e enrolação até o ato seguinte, quando um a um, os jovens começam a ser eliminados, em mortes fracas e sem grafismo, um quesito que ao menos tornaria Psycho Cop: Ninguém Está em Segurança mais memorável. Com seu ultraje ao que representa socialmente a ordem, o policial Joe Vickers (Robert E. Shafer) é uma grandiosa caricatura que diverte, ao mesmo tempo em que irrita. Ele seria o que chamamos de cidadão de bem por aqui, mas seus hábitos macabros demonstram que não há nada de exemplar em sua conduta cotidiana. Tomado pela atmosfera satanista que o cerca, ele canaliza o seu desejo de morte na prática de eliminação dos jovens ao longo dos 87 minutos de narrativas, arrastados para um filme que se perde e poderia, ao menos, ser um divertimento culposo.

O que nos resta, então, é acionar a memória e se envolver com as lembranças de quando assistíamos ao filme sem nos aborrecer com a sua estrutura frágil e condução dramática ruim. Os membros de sua equipe técnica até se esforçam para criar algo interessante, mas o resultado final não convence. A direção de fotografia de Mark Walton entrega um ambiente de penumbra nas sequências finais e apresenta os personagens sob um ponto de vista que às vezes é interessante, cenas acompanhadas pela trilha sonora atmosférica de Alex Parker e Keyth Pisani, setores que compõem o lado do filme que faz jus ao que se espera de um slasher oriundo de uma época desgastada. Na maquiagem, por sua vez, Beth Kaminsky supervisiona efeitos que demonstra claramente a falta de orçamento de Psycho Cop: Ninguém Está em Segurança, produção que deveria ter aprendido, direitinho, as regras da criatividade dos filmes de baixo orçamento. Lançado em 1989, a trajetória assassina do policial Joe ganhou uma continuação mais divertida e dinâmica, Psycho Cop: O Retorno Maldito, de 1993, pecaminosa por seu alto nível de misoginia, algo que na época, não se refletia como fazemos na contemporaneidade.

Pyscho Cop: Ninguém Está em Segurança (Psycho Cop, EUA – 1989)
Direção: Wallace Potts
Roteiro: Wallace Potts
Elenco: Robert R. Shafer, Jeff Qualle, Palmer Lee Todd, Dan Campbell, Cindy Guyer, Linda West, Greg Joujon-Roche, Bruce Melena, Glenn Steelman, Julie Araskog
Duração: 89 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais