Home QuadrinhosMinissérie Crítica | Punho de Ferro: Sem Fôlego (2004)

Crítica | Punho de Ferro: Sem Fôlego (2004)

por Ritter Fan
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estrelas 2,5

Obs: Leiam, aqui, todas as nossas críticas de quadrinhos do Punho de Ferro.

É duro ser o Punho de Ferro. O super-herói começou sua carreira muito bem, com uma bela origem em Marvel Premiere que, depois, foi expandida em sua infelizmente breve primeira publicação solo pelas mãos de ninguém menos do que Chris Claremont e John Byrne. Com sua revista cancelada (ao ponto de o encerramento de uma das subtramas acabar sendo feita na Marvel Team-Up), ele foi então unido a Luke Cage para formar a inesquecível dupla de heróis de aluguel, que duraria até 1986. A partir desse ponto, Punho de Ferro seria relegado a participações em publicações de terceiros ou em antologias, somente ganhando publicações verdadeiramente próprias, em forma de minisséries para testar o gosto popular pelo herói, em 1996, 1998 e 2000, com resultados variando entre o “terrível a ponto de dar vontade de arrancar os olhos” até o “minimamente passável”. Sem Fôlego, de 2004, marcou a quarta e última mini do herói antes da Marvel Comics finalmente embarcar em mais uma publicação solo mensal do personagem: O Imortal Punho de Ferro.

Publicada em seis edições mensais, Sem Fôlego (tradução livre de Breathless, já que, até onde me consta, ela não foi publicada no Brasil) é uma minissérie que, como as demais, não consegue sair do “minimante passável”. A trama lida com o surgimento de Voldemor…, digo, Chi, um ser milenar egresso de K’un Lun e que tem um exército de Dementad…, digo, Ladrões de Sombras, que começa a matar centenas de pessoas pelo mundo para sugar suas respectivas “essências vitais”. Enquanto isso, Danny Rand, que passa por um momento traumático causado pela morte de uma inocente durante uma luta dele com bandidos em Nova York, decide pendurar as sapatilhas amarelas e se aposentar, sozinho, no Colorado, o que o deixa completamente ignorante ao que está acontecendo à sua volta até que uma adolescente chamada Mary Blue Cloud aparece do nada em sua nova vida idílica dizendo que tem tido visões sobre o tal Chi e que há uma ligação com Danny.

Confesso que a trama principal é até interessante, apesar do vilão ser mais do que genérico e clichê. O grande problema está na necessidade de James Mullaney (ou da Marvel Comics, nunca realmente sei quem determina isso de verdade), em estendê-la por longuíssimas seis edições, exigindo uma enrolação enorme que não acrescenta nada para o fluxo narrativo. A primeira edição, por exemplo, é quase toda dedicada à culpa que Danny sente pela morte da mulher em Nova York, algo que faz todo sentido, mas ao mesmo tempo não pode ser muito bem trabalhado, pois há necessidade de andar com a história. Com isso, vemos algumas páginas de aflição do herói e, de repente, do nada, ele vai embora sem se despedir de ninguém a não ser Luke Cage. Mas a necessidade de esticar a história também é sentida na inexplicavelmente longa hesitação de Danny em ajudar Mary Blue, mesmo depois de ser atacado pelo exército do vilão em sua fazenda isolada. E a coisa continua com a entrada de uma média legista com um mistério tão óbvio, mas tão óbvio, que chega a ser um ultraje Mullaney realmente ter achado que enganaria alguém com isso.

Ou seja, trata-se de trama que poderia ser abordada em no máximo duas edições, jamais justificando uma minissérie tão longa. Não há, de forma alguma, complexidade ou desenvolvimento de personagens que justifique o tamanho da aventura, especialmente porque Mullaney falha demais até mesmo em criar situações interessantes de combate para Danny Rand e nos leva a um final anti-climático, com uma batalha extremamente simplificada entre ele e o “todo-poderoso” Chi. É o típico final que faz o leitor exclamar “mas é só isso?” e a resposta é sim, é só isso mesmo, sem nenhuma tentativa de emprestar um significado mais profundo à coisa toda.

A arte, que ficou substancialmente ao encargo de Kevin Lau (com apenas um número – o quinto – desenhado por Rick Mays) dá a impressão que um desenho animado do Punho de Ferro foi transposto para o formato dos quadrinhos, com personagens de traços limpos emulando o que vemos normalmente em mangás e animes, mas sem qualquer tentativa de sair do lugar comum. Todos os rostos são jovens e intercambiáveis e, às vezes, Punho de Ferro parece o Popeye, com antebraços avantajados. Não se trata, porém, de uma arte feia como a da minissérie de 1996 ou infantiloide como a de 2000, mas Lau não vai além do básico, não usa seus traços para criar algo memorável, que tire vantagem de sua pegada. É o clássico caso da forma sobre a substância, algo que é de certa forma amplificado ainda mais pelas cores digitais de Omar Dogan que acabam chapando tudo, do primeiro ao segundo plano.

Sem Fôlego – e não resisto ao trocadinho – realmente não tem fôlego para ser uma minissérie em seis capítulos. Punho de Ferro é mais uma vez relegado a uma equipe criativa que trabalha no automático, sem acrescentar nada aos leitores do herói. Ainda bem que isso mudaria dois anos depois…

Punho de Ferro: Sem Fôlego (Iron Fist: Breathless, EUA – 2004)
Contendo: Punho de Ferro: Sem Fôlego (2004) #1 a #6
Roteiro: James Mullaney
Arte: Kevin Lau (#1 a #4 e #6), Rick Mays (#5)
Arte-final: Alan Tam
Cores: Omar Dogan (#1 a #4 e #6), Jamie Noguchi (#5)
Letras: Dave Sharpe (#1 a #4 e #6), Cory Petit (#5)
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: maio a outubro de 2004
Páginas: 144 aprox.

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