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Crítica | Quarteto Fantástico (2015)

por Davi Lima
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Quarteto Fantastico

O mais interessante desse reboot da franquia Quarteto Fantástico é como o diretor Josh Trank tenta mesclar um coming age com sci-fi mais uma vez após seu filme Poder Sem Limites (2012). Mistura-se uma aura juvenil de sonhos, projetos científicos, toda essa maquinaria admirada e empolgante para o protagonista Reed Richards, interpretado pelo ator Miles Teller. Talvez essa seja o personagem mais bem introduzido, sem muitas explicações alá a linguagem mais preponderante do diretor Christopher Nolan no cinema, ou que não precise de pose visual para declarar sua personalidade. Miles Teller encanta até o desastre com sua atuação, dando voz ao projeto do diretor Josh Trank que vai se silenciando ao longo do processo de desenvolvimento.

Se faz realmente desastrosa toda a dramaturgia de Quarteto Fantástico aos poucos, vai se acumulando imprensados dramas pouco conectados, porém referenciados para um público que conhece os personagens da família Marvel produzida pelo estúdio Fox. O enfileiramento dos atores em tela para os personagens tem intuito de remeter os super-heróis clássicos, as frases de efeito surgem em montante com mesmo intuito de heroicização que não consta na iconoclastia imediata que o sci-fi com o coming age provocam no tratar de uma conhecida família que surgem como desconhecidos. Por isso uma aceleração do tempo funciona como descaso com o crescimento dos personagens, e dilemas são criados e não terminados. Toda a conclusão é inexistente em si, pois representa algo antinatural uma união com um pano de fundo tão trágico transformado por uma tela preta ditando a passagem de tempo.

Assim, a resolução para tudo é um deus ex machina como função dramática, antes até mesmo pela apresentação por vezes de constante seriedade e graficamente intensa, sem nenhum background sustentável para tal. Realmente um desastre para um filme que busca uma introdução linearmente desenvolta, ao ponto que tanto o ponto trágico se torna superestimado como efeito, como a integridade dramática se mostra obscura num vácuo na montagem. Ao pensar em vários pontos narrativos, é bom também exercitar o elencar de fazer esse filme mais convincente entre seus problemas mais evidentes. O abarcar da relação dos três cientistas, Reed Richards, Victor Von Doom (Toby Kebbell) e Johnny Storm (Michael B. Jordan) tem um bom objetivo, todo o processo lento de se fazer a máquina, o prólogo, são mapeamentos circunstanciais efetivos, a base existe em concretude. Ao ligar tudo é possível entender a idealização de Josh Trank, que não necessariamente funcionaria por completo.

Porém, compreendendo o espírito do seu filme anterior, de jovens desbravando poderes, que muito do público infelizmente não conhece, levaria a obra para outra patamar, em que o trágico não ficaria isolado sem efeito em si. Apesar disso, é irônico que os produtores de Quarteto Fantástico tenham conseguido, possivelmente, ainda que desmantelado o roteiro original de Josh Trank com Simon Kinberg e Jeremy Slater, ainda mantiveram a assinatura do diretor. Ou será que não foi lembrável para eles o “épico” final em Found Footage de Poder Sem Limites?  A perspectiva quanto a poderes e cláusula de permissão é o que se coloca para os três cientistas desbravadores da física quântica. Se no filme de Josh Trank em 2012 era amplamente aceita a falta de ética dos poderes em vista a construção do mal providenciado na história como consequência de desespero, usando a técnica da câmera na mão para refletir o transpassar do realismo viagem drástica de poderes, da mesmo forma esse reboot da Fox mantém esse espírito como um flashforward, como uma dica narrativa de jovens precoces que se desafiaram suas limitações, toda ética científica para provar um experimento.

Como o alcance moral da família Marvel seria concluído com tal premissa? Logo, o primórdio da história incita algo diferencial na maneira de enxergar o termo super-herói, em que os poderes são como maldição de um erro ético, o conflito da criação científica, do experimento que quebra o calculista em emoção pura. Tristemente isso é uma ponta da obra toda, puro apelo visual que desmancha por um sentimentalismo barato em volta, especialmente do protagonista Reed Richards que centralmente entrega pela atuação de Miles Teller tal conflito, seja com seu amigo Ben Grimm (Jamie Bell), como seu amor desiludido com Sue Storm (Kate Mara). Todo o anseio científico e de importância do projeto gira em torno do nerd que desde de criança promoveu um rechaçado projeto na feira de ciências. Todo o trabalho de montagem traz como base essa noção realista ponta para se transpassada, com um drama mais internalizado, embora o diretor Josh Trank não seja ávido em suas sutilezas, mesmo que com boas intenções audiovisuais.

Dessa forma, a frase do final, o arrumar da nomeação do grupo, é um cúmulo anticlimático, até sem lógica formal dentro de um filme que se manteve distante de uma pose militar, adulta. Os jovens cientistas se finalizam com uma disposição ao ridículo descaradamente descolada da obra. Impressionante, é uma boa atividade do conceber filmes e entendê-los pelos fragmentos juntados pela montagem. O espectador pode não só perceber a mudança de cabelo de Sue Storm, um bigode que surge em Johnny Storm e uma barbicha com boa intenção que surge em Reed Richards, como também o ponto que Victor Von Doom entra em cena definitivamente todas as atitudes do ator vão do desespero variável para uma atuação de coragem quase destinada a ser feito da maneiras mais blockbuster possível de venda de um personagem.

Uma imaginação muito equivocada de realizadores que creem num emburrecimento, numa falta de compreensão do público com diálogos e situações adversas logicamente sem sentido dentro da formatação dramática, personalista de cada personagem e até de tempo. Não, o final do filme não estraga, só revela um diretor inexperiente com estúdios grandes, além de apresentar seus defeitos de dramaticidade. E com certeza o casting entregaria algo crível se houvesse um cuidado com tal drama bem introduzido.

Quarteto Fantástico (Fantastic Four | EUA, 2015)
Direção:
 Josh Trank
Roteiro: Simon Kinberg, Jeremy Slater, Josh Trank
Elenco: Miles Teller, Kate Mara, Michael B. Jordan, Jamie Bell, Toby Kebbell, Reg E. Cathey, Tim Blake Nelson
Duração: 100 min.

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