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Crítica | Queima de Arquivo

Schwarzenegger é puro entretenimento.

por Felipe Oliveira
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De uma reimaginação moderna de Hércules a Conan, o Bárbaro, muitos dos primeiros papéis de Arnold Schwarzenegger em produções Hollywoodianas foram graças ao corpo oriundo da carreira como fisiculturista em parte registrada na forma de documentário em Pumping Iron. Depois de dar vida a um contemporâneo herói da mitologia grega, encarnar Conan foi o pontapé necessário para os holofotes. E ainda mais definitivo em seu estrelato como ator, viria o auge a partir de O Exterminador do Futuro, posicionando-o como um dos mais famosos brucutus dos blockbusters de ação. Embarcando também no gênero da comédia, Hollywood viu seu astro numa breve pausa na ação, após a sequência O Exterminador do Futuro 2, de 1991, voltando a se destacar em 1994 com True Lies e, mais tarde, encabeçar com grande estilo o genérico, mas envolvente e divertido Queima de Arquivo, em 1996.

Eraser, no original, traz Chuck Russell em sua estreia comandando um filme de ação, o que deu muito certo para o cineasta que vinha de escolhas pontuais em sua breve filmografia, tendo dirigido anteriormente A Hora do Pesadelo 3, A Bolha Assassina e O Máscara. O roteiro de Tony Puryear e Walon Green é familiar, e o experiente do gênero, Schwarzenegger, não precisa de muitas expressões emotivas além do estilo mecânico de homão para sustentar o longa de quase 120 minutos, que vira e mexe cria barriga na tentativa de imprimir reviravoltas, mas que, ainda assim, resultou num thriller satisfatório.

Na trama, conhecemos John Kruger (Schwarzenegger), um agente especial do governo habilitado no programa de proteção a testemunha que desfaz o passado com uma nova identidade para seus depoentes. Mas eis que surge em seu caminho uma importante testemunha, Lee (Vanessa Williams), que descobre um perigoso projeto de equipamento bélico de uma empresa que desenvolveu um tecnológico fuzil para ser contrabandeado. O que John não contava era que, para derrubar este segredo, proteger-se e à sua testemunha, teria que lutar contra poderosos agentes do governo inclinados em lançar o projeto.

Para uma ideia nada original, Queima de Arquivo tem seu charme. Vez e outra a história do mocinho que descobre uma tramoia justo das pessoas em quem confiava retorna com um grande nome liderando o elenco, e este alguém aqui é o Golias Austríaco estrelando uma produção batida em sua premissa, mas que fez muito malabarismo para fazer funcionar, e conseguiu. A força de Eraser vai muito além dos músculos de seu protagonista, e foi abraçando o exagero e realizando tensão e cenas explosivas que ele alcança seu potencial. Mesmo que deslize com incrementos aleatórios de inserção humorística de piadas homofóbicas, coisa que na época não gerava controvérsia, ou um flerte entre a dupla principal que nada rende dentro da trama, o filme conseguia manter o fôlego, tudo para ver Kruger e Lee sobrevivendo ao fim do dia.

O curioso é que, enquanto o enredo se desenrola sobre as testemunhas que precisam ser protegidas e a influência que Kruger tem nelas em seu papel, tanto Schwarzenegger quanto Williams conseguiram destacar seus personagens de forma individual, embora o apelo seja deles juntos, mas careciam de química, principalmente no falho esboço de se criar um casal em meio aos caos em que precisam lutar por suas vidas. Ele, o brucutu implacável, e ela sobressaindo-se na narrativa de precisar ser salva pelo Golias.

E, quando parece que o desenvolvimento não traria mais nada surpreendente, quando Tom Cruise nem sonhava com os perigos na ambiciosa saga Missão: Impossível, lá estava John Kruger pulando de um avião e agarrando um paraquedas no ar e aterrissando num ferro velho em seguida. Se o salto mortal apontava muita loucura, a ação de Russell não via limites em parecer ainda mais absurda ao conduzir uma cena de tiroteio num zoológico alagado e cheio de jacarés em CGI. No fim do dia, Schwarzenegger mostrava o porquê voltou ao gênero para mais um round: com ação desmedida, fez puro entretenimento.

Queima de Arquivo (Eraser – EUA, 1996)
Direção: Chuck Russell
Roteiro: Tony Puryear, Walon Green
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Vanessa Williams, James Caan, Robert Pastorelli, James Cromwell, James Coburn, Danny Nucci, Mark Rolston, John Slattery
Duração: 114 min.

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