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Crítica | RED 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos

por Guilherme Coral
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Levando em conta o sucesso comercial de RED, era apenas questão de tempo até vermos sua sequência chegando nos cinemas. Com fórmula obviamente atrativa ao público, com elenco de peso, não criar uma continuação seria basicamente jogar dinheiro no lixo. Evidente que, se tratando de Hollywood, não veríamos algo que efetivamente desenvolvesse esse universo – similarmente ao que vimos, recentemente, em Kingsman 2 ganharíamos nada mais que uma grande repetição do que veio antes e, como o título traduzido já diz, acompanhado do típico “ainda mais”, explorando ao ponto do exagero o que fizera do primeiro filme tão atraente, por mais que sua qualidade já não tenha sido algo surpreendente.

Dessa forma, RED 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos pode ser considerado como uma mera releitura do filme anterior, contando com um roteiro similar, no estilo fill in the blanks, no qual apenas algumas situações são alteradas, seguindo exatamente a mesma premissa. Podemos enxergar isso logo no ato inicial, que nos mostra Frank (Bruce Willis), novamente aposentado, fazendo compras com a esposa. Não demora muito para seu amigo, Marvin (John Malkovich), aparecer, dizendo que, mais uma vez, eles estão correndo perigo. Pouco após, Marvin é supostamente morto e é capturado, iniciando mais uma aventura com muitos tiroteios e assassinos/ ex-agentes na terceira idade.

Evidente que se o espectador meramente procura algo para passar o tempo, se divertir, RED 2 é uma ótima pedida, no melhor estilo “sessão da tarde”. Qualquer um que analise a obra com um certo olhar crítico, no entanto, irá enxergar que não se passa de um longa produzido à partir de uma receita de bolo, porém com menos cuidado que o seu antecessor. Tal aspecto é perceptível na atuação de Willis, que parece trabalhar em piloto automático, quase cansado daquela premissa (o que não deixa de fazer sentido, já que o agente aposentado reflete sua própria carreira como astro de cinema de ação). Esse cansaço, naturalmente, transparece em muitas das interações entre Frank e amigos, quebrando muito do encanto da obra original.

Não há como negar, porém, que muitas das situações apresentadas conseguem tirar boas risadas do espectador – nada tão memorável quanto a bala atingindo o míssil do primeiro filme, mas, ainda assim, são momentos que divertem e fazem dessa uma experiência bastante descompromissada. Por outro lado, repetir a fórmula de Sarah acompanhando os aposentados soa repetitivo demais – poderia ter sido ofertado um papel maior para a personagem, ou ter a descartado plenamente, afinal, muitas das piadas envolvendo a personagem funcionavam pela contraposição entre a vida comum e a desse grupo de pessoas, algo que desaparece nessa sequência, visto que a mulher já passou por momentos muito parecidos anteriormente.

Ao menos, a direção de Dean Parisot não traz muitos dos maneirismos de seu antecessor, Robert Schwentke, mais notavelmente os planos muito próximos e câmeras tremidas, que tanto prejudicaram nosso entendimento do primeiro longa-metragem. Mais conhecido por Heróis Fora de Órbita, Parisot sabe muito bem trabalhar com o elemento comédia da obra, criando um bom diálogo entre essas e as sequências de ação, por mais que essas, principalmente por conta do roteiro, não sejam assim tão engajantes.

Dito isso, RED 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos não passa de uma grande repetição do que veio antes, mais uma prova do interesse único dos estúdios na bilheteria e não na qualidade de seus filmes. Divertido, porém esquecível, essa continuação claramente não deveria ter saído do papel – teríamos ficado satisfeitos com o falho, mas engajante longa-metragem original.

RED 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos — EUA/ França/ Canadá, 2013
Direção:
 Dean Parisot
Roteiro: Jon Hoeber, Erich Hoeber
Elenco: Bruce Willis, John Malkovich, Mary-Louise Parker, Helen Mirren, Anthony Hopkins, Byung-hun Lee, Jong Kun Lee,  Catherine Zeta-Jones, Neal McDonough, David Thewlis
Duração: 116 min.

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