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Crítica | Resident Evil: Condenação

por Iann Jeliel
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Resident Evil: Condenação

  • Confira aqui, críticas sobre tudo do universo Resident Evil.

Diferente de Resident Evil: Degeneração, sua continuação animada dirigida pelo mesmo Makoto Kamiya, já possui uma maior dependência do universo dos games para funcionar. Mas não se enganem Resident Evil: Condenação não é feito só pra fã, ele só não se preocupa tanto com a venda do filme para outros públicos que não os fãs da franquia nos games, principalmente por se tratar de quase um prelúdio do sexto jogo, em que toa construção respalda na instauração das guerras biológicas a um patamar global. Para atingir esse aspecto internacional, a animação se inicia com uma breve contextualização histórica, misturando acontecimentos reais consumados, como a guerra fria e a separação de nações da união soviética, dentro do contínuo mundo de Resident Evil, em que existem armas biológicas zumbis espalhados por aí.

A narrativa recorta seu foco em uma guerrilha existente entre dois povos fictícios na região da república Eslava, onde uma mais vulnerável busca independência da outra mais poderosa. Visando vantagem na batalha, a mais fraca adquiri uma nova tecnologia, capaz de “poder” controlar BOWs (Armas Bio-Orgânicas) – mais especificamente, Lickers, um dos mais famosos inimigo dos games – através de uma relação mestre/subordinado, utilizando-as para conseguir vencer a guerra. Leon (Matthew Mercer) é enviado pelos EUA para investigar o caso, por ser muito parecido ao caso das plagas que encarou no quarto jogo, mas é instruído a abandoná-la assim que chega no campo de batalha. Curioso do jeito que é, obviamente, ele insiste em ficar e acaba sendo capturado e preso pelos rebeldes, descobrindo através deles conspirações que podem estar ou não relacionadas a ordem do governo, além de motivações especificas que os fizeram adquirirem tais armas e quais as consequências disso para eles.

A inversão do maniqueísmo que se dá a história é previsível e bem como a animação antecessora, apesar de ter complexos pano de fundo políticos, sociais e psicológicos, reivindica a densidade deles para ser mais um artificio de seriedade ao exercício de ação. Algo favorável para tornar a história facilmente digerível, mas em contrapartida, trás pormenores que não se desenvolvem especificamente com as informações levantadas só pelo filme. Por isso, Condenação acaba trazendo na ação seu sustentáculo do seu entretenimento geral, mesmo que trabalhe boa parte do tempo com a escura ambientação das ruas abandonadas do leste europeu e nunca assuma seus zumbis completamente como inteligentes – um problema cronológico esses “ganados” serem involuídos assim, inclusive –, o clima de guerra leva a tensão e a dramática dos personagens para esse lado de narrativa reativa aos eventos ocorridos no linear da história total (jogo + filme). Na melhora considerável da qualidade gráfica do CGI, bem mais expressivo e sútil, essa investida no drama soa convincente, embora não esteja tão bem intercalada com a centralização da ação entre os diferentes arcos.

No lado dos rebeldes, funciona bem. J.D (Val Tasso) a Buddy (Dave Wittenberg) são dois bons acréscimos. O primeiro possui um carisma ímpar, traçando comentários divertidos sobre a hipocrisia do antiamericanismo a qual funda o próprio movimento, e o segundo, vítima do efeito manada de sacrifícios que vivem os rebeldes naquelas condições – eles injetam o vírus em si para ganharem o controle das armas biológicas e acabam se tornando zumbis, sem saberem sobre a sua fisionomia, acreditando ainda têm cura, se deixando levar pelos companheiros mortos, não reagindo a seus ataques. Já para os protagonistas nem tanto. Leon ainda é bem inexpressivo para ser um contraponto eficiente e intelectual a dramática dos rebeldes e seus feitos ninja na ação são amenizados pela presença forte de Ada (Courtenay Taylor), responsável pelos pormenores da trama de espionagem que no fim, ele parece só ter caído de paraquedas mesmo, sem qualquer motivo para sua escolha nessa história (Chris faria mais sentido nesse cenário) se não oferecer uma referência não acabada, do eterno charminho entre o casal herói emo e anti-heroína sex symbol.

Ada, embora ainda mais secundária, pertence mais a narrativa específica e geral. Seu embate com a verdadeira vilã, a presidente Svetlana Belikova (Wendee Lee), é o núcleo mais interessante da coisa e é de fato é por lá, que as conexões fundamentais de desenvolvimento a trama do “próximo” jogo – que lançou um ano depois do filme – são colocadas na prática. Intrigante porque se Condenação aparentemente busca mais uma dependência contínua do universo, apostar mais na personagem seria o caminho para deixar claro o intuito conectivo das histórias, que não consegue se sustentar sozinha tão bem porque deixa vários elementos arbitrários e confusos – destaco o clímax de Leon e Buddy contra vários “Mrs X”, que tem seu nível de empolgação, mas parecem não pertencer a continuidade daquela história analisando isoladamente, quiça tem pano para se justificarem na continuidade do universo –, nem que fosse para animação cair em um terreno de maior didatismo.

De todo modo, apesar de mais longo e cansativo, Resident Evil: Condenação é uma animação graficamente bem competente e divertida, especialmente caso seja admirador de longa data a saga.

Resident Evil: Condenação (Biohazard: Damnation | EUA – Japão, 2012)
Direção: Shotaro Suga
Roteiro: Shotaro Suga (Baseado na criação de Shinji Mikami, Noboru Sugimura e Hideki Kamiya)
Elenco: Matthew Mercer, Dave Wittenberg, Wendee Lee, Val Tasso, Robin Sachs, Courtenay Taylor, Salli Saffioti, David Vincent, Patrick Seitz, Michael McConnohie
Duração: 100 minutos

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