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Crítica | Resident Evil: Degeneração

por Iann Jeliel
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Resident Evil: Degeneração

  • Confira aqui, críticas sobre tudo do universo Resident Evil.

Sou fã avido da franquia de games de Resident Evil. Foi a minha porta de entrada junto a Silent Hill, para o terror ser meu gênero favorito em qualquer campo artístico. Infelizmente, nos cinemas, não consigo carregar o mesmo carinho pela saga, graças a deturpação da mitologia proposta por um cidadão aí, chamado Paul W.S Anderson, responsável por outras inúmeras adaptações execráveis de grandes jogos nas telonas. Por sorte, se tratando de Resident Evil, ou melhor Bioharzard, temos uma outra franquia de filmes, que apesar de não ser grande coisa como animação e desconhecida por serem de tal formato produzidas no exterior – mais especificamente no Japão, de onde veio a criação original – respeitam o básico princípio adaptativo de trazer algo coerente com universo original, ainda que se carregue com as próprias pernas. O primeiro filme do que viria a ser uma trilogia animada, é Resident Evil: Degeneração.

A história se passa um ano após o quarto jogo e sete anos após segundo. Essa informação é importante, pois são os dois protagonistas daquele jogo que encabeçam a narrativa, Claire Redfield (Alyson Court) e Leon S. Kennedy (Paul Mercier) – também principal do quarto jogo –, além do que, o preenchimento canônico é respaldado no que virou aquele universo, mais voltado para uma história de bioterrorismo do que uma narrativa de terror convencional com zumbis, onde os sobreviventes, incluindo ambos citados, já teriam se tornado quase super-heróis do governo, automaticamente levando o tom da franquia, genuinamente, mais para a ação. Está aí a única “boa” influência dos filmes do Anderson, embora haja quem olhem torto, a entrada para o novo gênero, que não anula os elementos de terror, foi favorável a expansão dramatúrgica e consequencial do universo da franquia.

Degeneração preenche um espaço interessante nesse sentido, investigando conspirações sobre corporações que lidam ainda com as consequências de Raccon City, descentralizando aquele incidente de um isolamento histórico e enxertando-o dentro de uma escala global, que atraem a atenção de movimentos políticos e econômicos. Claro, o recorte da história não busca em dar aprofundamentos filosóficos ou sociológicos desses pormenores guerra biológica, mas permite entrar nesse meio, como outros jogos fariam, para expandir possibilidades cenográficas da atmosfera apocalíptica, sendo um meio bacana para trabalhar a iconoclastia dos seus personagens. Porque não adianta dizer que a série também super se preocupou historicamente com eles a ponto de propor um estudo de cada um. São avatares de um jogo, com motivações plausíveis, carisma e personalidades especificas, que se tornam interessantes quanto mais “feitos” incríveis conseguem.

Leon é tão legal por isso e depois do quarto jogo, ficamos bem mais curiosos sobre qual será seu próximo “fodelão” do que necessariamente com seu sentimento em relação a todo esse cenário. Por isso que não vejo tanto problema, embora seja uma fragilidade inegável, da falta de expressividade sua e da maioria dos personagens na animação, reflexo dado a técnica completamente computadorizada. Há um capricho inegável nos gráficos de CGI, mas eles pagam o preço de proporcionarem movimentos não só robotizados dos corpos, como uma falta ou excesso de expressão facial nos personagens. A resposta labial a dublagem, definitivamente não é bem-feita, por buscar uma sutileza de fácil encaixe a outros idiomas, já que o filme teria duas dublagens principais, a americana e japonesa e assistindo em ambas, a estranheza inicial é inevitável.

Depois de um tempo se acostuma, mas ela prejudica rigorosamente a primeira metade, levemente mais voltada para o terror, que decepciona um pouco por investir em poucas cenas com a Claire que mais para a frente é naturalmente escanteada na história por ficar debilitada fisicamente. Mesmo querendo ver mais dela, não reclamo do grande tempo de tela colocado para a Angela Miller (Laura Bailey), uma interessante personagem nova – bem melhor que Alice (Milla Jovovich) – responsável pela parte dramática da obra. Enviada junto com o Leon para o aeroporto, Angela possui um arco com seu irmão Curtis (Roger Craig Smith), também combatente do bioterrorismo, usado como massa de manobra e se transformando em um monstro parecido ao William Birkin, gerando obviamente, uma dificuldade emocional ao confronto climático no final. Na medida do possível, foi um investimento valido, embora colocá-la como par romântico do Leon não tenha sido das melhores escolhas – a cena do mergulho beira um pouco o constrangimento –, é outra personagem feminina forte interessante ao currículo da saga.

Resident Evil: Degeneração é um bom complemento ao universo dos games, mas também, é uma animação eficiente como porta de entrada a um novo público, pelo seu bom caráter didático resumido cuidadoso nos detalhes entre as conexões canônicas. Apesar de ser mecânico pelas limitações de um lançamento home-vídeo, sobrevive com qualidades isoladas e ganha mais destaque quando pensado numa grande e divertida cutscene, tirada diretamente de um jogo não existente da série principal.

Resident Evil: Degeneração (Resident Evil: Degeneration | EUA – Japão, 2008)
Direção: Makoto Kamiya
Roteiro: Shotaro Suga, Mary Claypool, Hiroyuki Kobayashi, Yoshiaki Hirabayashi (Baseado na criação de Shinji Mikami, Tokuro Fujiwara, Kenichi Iwao e Takahiro Arimitsu)
Elenco: Paul Mercier, Alyson Court, Laura Bailey, Roger Craig Smith, Crispin Freeman, Michelle Ruff, Michael Sorich, Salli Saffioti, Mary Elizabeth McGlynn, Steve Blum, Michael McConnohie
Duração: 97 minutos

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