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Crítica | Rick and Morty – 6X01: Solaricks

Diversão em família!

por Kevin Rick
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todas as temporadas de Rick and Morty.

Quem acompanhou minhas críticas da animação Rick and Morty sabe dos meus problemas com a narrativa indecisa do seriado entre ter continuidade narrativa e canônica ou ter uma estrutura solta onde vale tudo. Os roteiristas retornam ao enredo principal quando lhes convêm, fazendo com que muitos capítulos da série sejam estranhos em termos de arcos e caracterização dos personagens, linhas dramáticas e mitologia geral do universo. Eu sei que o nonsense faz parte da obra, mas a segunda temporada é um belíssimo exemplo de como o caos pode ser organizado.

Dito isso, Solaricks, primeiro episódio do sexto ano da animação, faz exatamente o que eu não queria: retornar ao status quo. Depois do final bombástico de Rickmurai Jack na Cidadela de Ricks contra o Evil Morty, era de se esperar algum tipo de sequência para aqueles eventos… certo? O roteiro de Albro Lundy IV é um enfático “não” para essa pergunta, resumindo as consequências da season finale a uma cena que referencia Vingadores: Ultimato, em mais um episódio banhado de fanservice bobo e piadas de autorreferência cansativas – ainda que, confesso, o trecho de Rick sobre “season 2 vibes” me fez rir. Como aconteceu na temporada anterior, vemos um roteiro que gosta de tirar sarro da estrutura do show, mas são piadas que mais parecem um disfarce de escolhas narrativas ruins do que uma metalinguagem esperta e divertida.

Vejo esse problema justamente na aventura interdimensional do episódio, que conceitualmente serve mais para organizar a narrativa após o xeque-mate de Evil Morty do que dar algum seguimento para a ação. É bem provável que em algum ponto desta temporada veremos o “enredo principal” voltar, mas até lá, Solaricks deixou tudo arrumadinho e normal para termos vários episódios soltos. Existe, no entanto, um grande porém na abordagem do episódio: os personagens.

Se a aventura em si não é muito interessante ou criativa, os momentos de desenvolvimento da família são ótimos. Já disse muitas vezes durante minhas críticas e repito: esse seriado funciona melhor quando Jerry, Beth e Summer têm papeis ativos na história. Eu estou de saco cheio de ver o Jerry burro; a Summer mimada e aborrecente; e a Beth frustrada. Aqui, nós vemos o Jerry xingando sua família original e tendo orgulho de ser um viajante interdimensional, vemos Summer se divertindo nas aventuras e também vemos a Beth fodona – até a Beth clone é extremamente divertida, seja em sua dinâmica com sua filha, seja com a “original”, fazendo piadas com suas tarefas domésticas.

A cena de todos eles enterrando versões de si mesmos é simplesmente fantástica, fazendo alusão a uma sequência similar que vimos apenas Rick e Morty fazendo isso. Aliás, durante todas as temporadas, nunca me importei com qual versão veríamos do trio coadjuvante, mas agora eu não gostaria que os atuais personagens fossem substituídos por suas variantes genéricas e estereotipadas. Eu quero ver a progressão dessas versões de agora, inclusive a Beth clone. Veremos como os roteiristas vão lidar com isso.

Ademais, a dinâmica entre a dupla principal continua sendo o cerne do seriado. Adorei como Albro Lundy IV usou a viagem dos personagens a suas dimensões originais para explorar elementos dramáticos. O bloco de Rick mergulha no passado trágico do personagem, e continua analisando a sua personalidade narcisista em contraste com seu lado que ama sua família, além de conter momentos perturbadores da auto-agressão psicológica e culpa do cientista. Já o núcleo de Morty traz traços comuns que normalmente vemos em seu arco, lidando com consequências impossíveis que resultam de suas aventuras com Rick, como o abandono de sua família e a destruição de seu planeta.

Solaricks demonstra alguns cacoetes de Rick and Morty, principalmente no que tange essa falta de continuidade que não gosto, mas traz ideias promissoras. Por um lado, a narrativa aqui não lida muito bem com a progressão da história e dos eventos que vimos no final da temporada anterior, e nos apresenta uma aventura criativamente, visualmente e comicamente limitada, mas por outro lado, a narrativa traz um baita desenvolvimento de personagens e estabelece, pelo menos por agora, que veremos esta versão da família se manter, e também que temos um novo vilão recorrente com a versão de Rick que matou a família do protagonista, competindo com o Evil Morty como melhor antagonista do seriado.

Rick and Morty – 6X01: Solaricks (EUA, 05 de setembro de 2022)
Criação: Justin Roiland, Dan Harmon
Direção: Jacob Hair
Roteiro: Albro Lundy IV
Elenco: Justin Roiland, Chris Parnell, Spencer Grammer, Sarah Chalke
Duração: 22 min.

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