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Crítica | RM: Right People, Wrong Place

A vida como ela parcialmente é.

por Iago Iastrov
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Se você já se perguntou como é ser o cérebro por trás do fenômeno global BTS, RM: Right People, Wrong Place chega como um convite para espiar a vida de Kim Namjoon, mais conhecido como RM (antes, Rap Monster), enquanto ele prepara seu segundo álbum solo, Right Place, Wrong Person. Dirigido por Lee Seokjun, o documentário é tipo aquele reality show que você jura que não vai assistir, mas acaba maratonando até as 3 da manhã. Com uma pegada íntima, o filme captura os altos e baixos de uma super estrela tentando equilibrar fama, arte e aquele eterno questionamento: “Quem sou eu, afinal?”.

Acompanhamos os oito meses que antecedem o alistamento militar de RM (o serviço militar obrigatório na Coreia do Sul é de, no mínimo, 18 meses), enquanto ele viaja por Seul, Tóquio e Londres, moldando sua visão criativa. Pense em um Chef’s Table da música, onde o prato principal é a alma de um artista e os ingredientes são reflexões existenciais, colaborações com outros músicos e uma pitada de pressão global. O filme não tenta vender RM como um herói intocável; ele é mostrado como alguém que, apesar de liderar um império do K-pop, ainda se sente meio perdido, como se tivesse pego o caminho errado na vida. E quem nunca?

O diretor faz um trabalho esperto ao usar uma estética que mistura takes em 16mm e Super 8, dando um ar de filme indie que poderia estar no Sundance. As cenas no estúdio, onde a voz crua de RM ecoa sem trilha de fundo, são quase poéticas, como se estivéssemos ouvindo um confessionário musical. A “Team RM”, grupo de colaboradores que inclui o produtor San Yawn, é outro destaque, trazendo uma atmosfera de amigos numa jam session que, de repente, vira algo épico. É como assistir a um Vingadores da música. A co-diretora Im Subin costura essas centenas de horas de filmagem com habilidade, mas às vezes o ritmo tropeça, insistindo em colocar momentos medianos no meio de tantas coisas interessantes.

São marcantes as reflexões de RM sobre fama e personalidade. Em uma cena, ele fala sobre ser “o ícone dos altos e baixos”, e você sente o peso de alguém que carrega o mundo nas costas enquanto tenta não derrubar tudo. Algumas cenas, porém, se arrastam, como se o filme quisesse te convencer a sentir algo profundo, mas acabasse se empolgando em takes do cotidiano e se esquecesse de cortar a cena. Sem performances ao vivo das músicas do álbum (ou mais momentos do processo de criação), o documentário às vezes parece um ensaio sem clímax, tipo um trailer incrível que não entrega o filme completo.

Admito que RM: Right People, Wrong Place é um mergulho gostoso na mente de um artista que é parte filósofo, parte popstar, parte cara comum. Não é perfeito, mas é envolvente como uma boa série que você assiste sem grandes pretensões. Se você é fã de BTS, vai amar ver o líder despido de armaduras; se não é, ainda pode curtir a vibe de um artista talentoso tentando se encontrar em meio à vontade de fazer coisas novas; para alegria de uns e tristeza de outros.

RM: Right People, Wrong Place (Coreia do Sul, 2024)
Direção: Lee Seokjun, Im Subin
Roteiro: Lee Seokjun, Im Subin
Elenco: RM
Duração: 80 min.

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