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Crítica | Robin’s Wish (2020)

por Kevin Rick
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Durante sua ilustre e longeva carreira, Robin Williams conquistou audiências mundialmente. Desde sua persona cômica tão ampla e diversificada, às vezes infantil e travessa, e em outros momentos séria e inspiradora, tocando em assuntos delicados de sua vida como alcoolismo e depressão, até sua célebre filmografia, que inclui clássicos como Jumanji, Aladdin, Gênio Indomável, entre tantos outros, Williams foi capaz de se conectar com quase todos os amantes de entretenimento nesta Terra. Logo, a notícia de sua prematura morte, aos 63 anos, em agosto de 2014, por suicídio, veio como um choque global. Não apenas porque era a perda trágica de um grande talento, mas também porque parecia incompreensível que um artista tão brilhante, que trouxera tanta alegria a milhões, pudesse ter sentido tanto desespero a ponto de tirar sua própria vida. Entretanto, foi apenas meses depois que foi noticiado que Robin estava inconscientemente sofrendo de uma doença neurológica chamada de Demência por corpos de Lewy, que ataca o corpo e o cérebro, impedindo o pensamento, as habilidades motoras, o sono e outros comportamentos. O tema desta crítica, o documentário Robin’s Wish, lançado apenas nos EUA, idealizado pela viúva de Williams, Susan Schneider Williams, e dirigido por Tylor Norwood, é focado nestes trágicos meses finais do comediante, primariamente pela perspectiva de Susan, mas também de amigos, vizinhos e profissionais médicos.

Antes de assistir a este filme, eu estava esperando um compilado dos maiores sucessos do comediante. Algumas cenas de seus melhores filmes, aparições em talk-shows e rotinas de stand-up. Algo que na verdade já foi feito anteriormente pela HBO, em 2018, no documentário Robin Williams: Come Inside My Mind, em uma exploração detalhada da genialidade de Williams. E, apesar de existir tais momentos em Robin’s Wish, desde vídeos tanto no palco quanto em uma sessão de gravação de Aladdin, até suas interações com soldados em turnês, a abordagem do diretor Tylor Norwood é completamente diferente.

O cineasta usa da história de Robin para propelir luz e conhecimento sobre uma doença devastadora, enquanto ajuda a audiência a compreender como Williams se sentiu quando seus talentos e faculdades rapidamente se dissiparam. Esta escolha do diretor por um enfoque diferenciado do genérico documentário biográfico de celebridades, que muitas das vezes, principalmente quando são póstumos, têm um aspecto de nostalgia e homenagem, transforma Robin’s Wish em uma película não apenas para os fãs de Robin Williams, mas coloca um rosto e história por trás da Demência por corpos de Lewy.

Susan Williams serve como âncora e tem uma presença central simpática na fita, e junto de amigos e colegas próximos do ator, pintam uma bela imagem de Williams como algo mais do que o artista. Porém, a ausência dos três filhos adultos de Robin neste filme tão pessoal é chocante. As observações do resto da família teriam dado ao documentário uma textura ainda mais profunda. Ainda assim, o documentário bem fotografado – repleto de belas imagens da Bay Area – como muitos dos filmes de Williams, é divertido, emocional, honesto, doloroso e comovente.   

Desde sua morte a mídia tem usado a história do “palhaço triste” para caracterizá-lo, e agora ter o conhecimento, de forma tão íntima, que Robin estava sofrendo com uma doença que ele sequer foi diagnosticado é difícil de processar, mas Tylor, juntamente de Susan, conseguem tirar uma nuvem que injustamente pairou sobre seu legado por muito tempo. No geral, Robin’s Wish é um encômio carinhosamente terno e melancólico que também visa educar seu público. “Quero ajudar as pessoas a ter menos medo”, escreveu Robin Williams em um livro de meditações – inscrição esta que é o motivo do título do documentário – e não há dúvidas que ele cumpriu essa ambição.

Robin’s Wish (Estados Unidos, 2020)
Direção: Tylor Norwood
Roteiro: Tylor Norwood, Scott Fitzloff
Elenco: Susan Schneider-Williams, Shawn Levy, David E. Kelley, Dr. Bruce Miller, Mort Sahl, Dr. Walter Koroshetz, Elain Rodgers, Johnny Steele, John Montgomery, Glenn Davis, Jon Hepper, Jennifer Holstrom
Duração: 77 min.

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