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Crítica | Royal Pains: Dores da Realeza – A Série Completa

Um drama médico diferenciado, situado nos deslumbrantes espaços de riqueza dos Hamptons.

por Leonardo Campos
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Uma série que envolve situações dramáticas e cômicas com equilíbrio e leveza. Assim são as oito temporadas de Royal Pains: Dores da Realeza, criada por André Lenchewski e John P. Rogers, uma produção que ao longo de seus 104 episódios de 40 minutos em média, exibidos entre 2009 e 2016. O foco central da produção é nos apresentar a trajetória de Hank Lawson, um cirurgião diagnóstico brilhante, que, após ser injustamente desacreditado, se muda para os Hamptons em busca de recomeçar sua carreira. Interpretado por Mark Feuerstein, Hank trabalha como médico concierge, atendendo a uma clientela de super-ricos e ultraelite, ao lado de seu irmão Evan (Paulo Costanzo), que proporciona um toque de humor com sua personalidade cômica. A equipe também é apoiada pela assistente persuasiva Divya Katdare, interpretada por Reshma Shetty. Com esse trio, a série revela uma dinâmica de luxuosos atendimentos médicos, ao mesmo tempo em que Hank se preocupa com as questões sociais, atendendo em uma clínica para pessoas menos favorecidas na região. Na pavimentação de seu caminho, a produção vai além da típica narrativa de dramas médicos, integrando momentos de romance e questões pessoais que refletem as experiências cotidianas dos personagens.

Ao abordar temas como aprendizados e decepções, a série constrói uma estrutura familiar aos dramas convencionais, mas com um diferenciador notável: em vez de corredores hospitalares sombrios, os cenários frequentemente vibrantes e ensolarados dos Hamptons trazem uma atmosfera renovadora. Essa combinação de elementos resulta em uma produção que mescla os desafios da medicina com as nuances da vida pessoal, proporcionando entretenimento enquanto trata de questões relevantes em um formato mais acessível e leve. O Dr. Henry “Hank” Lawson, um médico exímio e respeitado no pronto-socorro de Nova York, vê sua carreira desmoronar após a morte de um paciente abastado sob seus cuidados. Embora Hank tenha feito o possível para salvar o homem, sua demissão é imediata, culminando em um período de depressão após a tragédia. Assim, para recomeçar sua vida, seu irmão o leva para os Hamptons, um destino conhecido por sua opulência e pela presença de ricos, onde Hank encontra uma nova oportunidade. Ele aceita uma proposta do empresário Boris (Campbell Scott), que o convida a se tornar um “médico concierge” em sua luxuosa propriedade, atendendo não apenas clientes abastados, mas também aqueles que necessitam de cuidados, embora não possam pagar por eles. É neste novo cenário que Hank começa a redescobrir sua vocação médica, longe da pressão dos hospitais convencionais.

Nos Hamptons, a discrição se torna seu maior trunfo, permitindo-lhe ajudar aqueles que precisam e reconstruir a confiança em suas habilidades médicas. Ao mesmo tempo, Hank desenvolve um relacionamento romântico com Jill, interpretada por Jill Flint, o que adiciona uma nova dinâmica à sua vida. Este cenário proporciona ao protagonista uma segunda chance não apenas na medicina, mas também em sua vida pessoal, à medida que ele aprende a lidar com as complexidades do cuidado, do remorso e de novas oportunidades em um ambiente inesperado. Assim, Hank se transforma de um médico traumatizado em um profissional que, com empatia e dedicação, busca ajudar a todos os que cruzam seu caminho. Entre encontros e desencontros, idas e vindas de personagens, a série finaliza com saldo positivo, mesmo tendo se estendido, talvez, além do necessário. Visualmente deslumbrante, a produção investiu em ótimos cenários, trilhas sonoras envolventes e concepção de imagem por meio de uma eficiente direção de fotografia em sua longa caminhada de oito anos, um período consideravelmente grande para uma produção que tratava de temas bastante corriqueiros na ficção seriada televisiva: os médicos salvadores de vidas como personagens bonitões, protagonistas bem-sucedidos em suas vidas.

Ao longo de suas oito temporadas, muito antes da IA e de outros mecanismos que mudaram o âmbito da saúde, a série nos permitiu, dentro de suas proporções, refletir sobre como o avanço tecnológico trouxe inúmeras melhorias para a área da saúde, incluindo novos tratamentos e medidas preventivas para diversas doenças. Mais recentemente, a pandemia de covid-19 evidenciou o papel crucial da tecnologia na medicina, acelerando pesquisas em vacinas e novas terapias. Uma revisita ao ambiente da série neste contexto seria algo fascinante. Além disso, a tecnologia tem agilizado processos clínicos e laboratoriais, atendendo de forma mais eficiente à demanda de clínicas e hospitais. No entanto, essa velocidade no atendimento contribuiu para uma diminuição na intensidade da relação médico-paciente, resultando em uma interação menos duradoura ao longo das últimas décadas. Diante dessa situação, tanto médicos quanto pacientes reconhecem a importância da humanização nos atendimentos, buscando uma experiência mais rica e satisfatória no cuidado à saúde. É nesse contexto que se evidencia a Medicina Concierge abordada à sua maneira no drama médico, campo que se alinha à visão da medicina integral, focando no paciente como um ser completo e não apenas como um conjunto de sintomas ou doenças. Por meio dessa abordagem que busca tratar a integralidade do indivíduo, promovendo melhores resultados nos tratamentos e um maior bem-estar, percebemos como há uma consideração diante das necessidades e particularidades de cada paciente além das especificações das especialidades médicas tradicionais.

A Medicina Concierge representa uma abordagem inovadora e humanizada no atendimento médico, onde o foco do profissional de saúde vai além das queixas específicas dos pacientes. Nesta modalidade, o médico considera a trajetória de vida e a saúde integral de cada indivíduo, priorizando a atenção personalizada. Essa prática se destaca pela sua eficácia no acompanhamento rotineiro e preventivo, sendo benéfica tanto para pacientes com sintomas que exigem atenção imediata quanto para aqueles que fazem apenas acompanhamento médico regular. A Medicina Concierge se empenha em garantir um atendimento mais atencioso, resultando em múltiplos benefícios para a saúde e bem-estar dos pacientes. Dentre os principais benefícios do atendimento por um médico concierge, destaca-se a maior clareza na compreensão dos diagnósticos, proporcionando informações claras não apenas para os pacientes, mas também para suas famílias. Além disso, essa abordagem contribui para a eficácia dos tratamentos, uma vez que as situações clínicas são discutidas entre diversos especialistas para otimizar a compreensão e abordagem do quadro de saúde do paciente. Por fim, o modelo promove uma relação de maior confiança e conexão entre médico e paciente, já que o atendimento é orientado para cuidar do indivíduo de maneira integral, oferecendo um suporte que considera tanto aspectos físicos quanto emocionais da saúde.

É isso que, de certa maneira, se estabelece ao longo das temporadas deste divertido drama médico situado no âmbito das pessoas ricas, os detentores de poder na dinâmica do capital.

Royal Pains: Dores da Realeza (Royal Pains, Estados Unidos/2009-2016)
Criação: André Lenchewski, John P. Rogers
Direção: Vários
Roteiro: Vários
Elenco: Mark Feuerstein , Paulo Costanzo , Reshma Shetty , Brooke D’Orsay , Ben Shenkman , Jill Flint, Campbell Scott, Paola Turbay, Rupak Ginn, Dieter Riesle, John Hans Tester, Christine Ebersole, Anastasia Griffith
Duração: 45 min. (Cada episódio – 104 episódios no total)

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