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Crítica | Se Meu Fusca Falasse (1968)

por Ritter Fan
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Se Meu Fusca Falasse é, sem sombra de dúvidas, um mega-clássico família que deu origem a uma série de filmes (mais cinco longas e uma série de TV de cinco episódios) e popularizou ainda mais o simpático Fusca – ou Fusquinha -, automóvel icônico da Volkswagen que foi onipresente no Brasil e em diversos países do mundo por décadas, batendo o recorde de vendas do Ford Modelo T. Criado por Gordon Buford e com roteiro de Bill Walsh e Don DaGradi, dois prolíficos roteiristas e produtores da Walt Disney, responsáveis, dentre outros, por Mary Poppins e Se Minha Cama Voasse, o longa tem uma estrutura episódica bem pastelão, mas que se mantém extremamente agradável e simpático por toda sua duração.

A história é básica e, ainda bem, não se preocupa em “explicar” o porquê do Fusquinha que acaba batizado como Herbie ter vontade própria. Jim Douglas (Dean Jones) é um piloto de corridas já mais velho e fracassado que acaba esbarrando no carrinho branco em uma loja de automóveis sofisticados importados de propriedade do vilanesco Peter Thorndyke (David Tomlinson) depois que é atraído para lá literalmente pelas pernas da vendedora Carole Bennett (Michele Lee), com quem, claro, acaba relacionando-se. O Fusquinha, que é defendido por Jim da maldade verbal do Sr. Thorndyke, acaba seguindo Jim, o que o leva a adquiri-lo e que, ato contínuo, passa a ser usado em corridas com resultados vitoriosos.

O único personagem que realmente sabe do segredo de Herbie desde o início é Tennessee Steinmetz (Buddy Hackett), um mais do que simpático mecânico e artista que vive com Jim em um antigo prédio do corpo de bombeiros que, externamente, em plano geral, é uma belíssima pintura de fundo apenas, como uma antecessora das mais realistas pinturas matte que viriam na década seguinte. Ele trata Herbie como um ser humano, conversando com o carrinho e cuidando dele com ternura, consciente de que ele o entende e responde de acordo. Para evitar que Jim tenha seus sentimentos feridos, ele não revela a verdade sobre o carrinho, algo que só acontece lá pela metade da projeção.

O maior problema do longa é ele ser episódico, quase que como uma série de TV de curtos episódios costurados como uma história só. E, pior, cada episódio é particularmente longo, existindo quase que exclusivamente para mostrar a capacidade técnica da equipe de efeitos práticos e óticos que trazem Herbie à vida sem precisar recorrer a “olhos” desenhados no para-brisa ou a vozes que didaticamente explicam os sentimentos. Mas as sequências são anti-naturais dentro da estrutura da narrativa, como por exemplo o longo “primeiro encontro” de Jim e Carole, basicamente forçados pelo carrinho a ficarem juntos, além da gigantesca sequência final da corrida El Dorado em que praticamente tudo mais a pia da cozinha, como os americanos dizem, acontece, muitas vezes repetindo artifícios que já haviam sido mostrados antes.

Entre a vilania simpática do tipo “enrolar bigode com a ponta dos dedos” do Sr. Thorndyke, a simpatia absurda de Tennessee e a entrada tardia e um tanto desajeitada do Sr. Wu (Benson Fong) lá pelo terço final da fita, há uma pletora de situações que não exatamente se complementam, realmente apenas funcionando para demonstrações da equipe técnica do filme. Não ajuda que Dean Jones e Michele Lee sejam “duros” como tábuas em suas atuações, o que dificulta a conexão sentimental do espectador com a dupla. É quase como se eles vivessem, sem muita vontade, os “personagens obrigatórios” do longa, literalmente enfeites “bonitões” que não servem lá para muita coisa…

Com música-tema primorosa composta por George Bruns, mago musical da Disney (A Espada Era a Lei, Mogli, o Menino Lobo, Aristogatas), direção de arte cuidadosa e efeitos especiais e práticos que, se talvez não tenham envelhecido bem aos olhos modernos, realmente marcaram época e ainda são visualmente belíssimos, Se Meu Fusca Falasse é diversão descompromissada garantida para toda a família. Uma joia do catálogo de filmes clássicos da Disney.

Se Meu Fusca Falasse (The Love Bug – EUA, 1968)
Direção: Robert Stevenson
Roteiro: Bill Walsh, Don DaGradi (baseado em história de Gordon Buford)
Elenco: Dean Jones, Michele Lee, David Tomlinson, Buddy Hackett, Joe Flynn, Benson Fong, Joe E. Ross, Iris Adrian, Gary Owens, Chick Hearn, Andy Granatelli, Ned Glass, Robert Foulk, Gil Lamb
Duração: 108 min.

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