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Crítica | See – 2X02: Forever

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios. 

A adição de Dave Bautista ao elenco de See como Edo Voss, irmão mais novo do protagonista, foi uma decisão mais do que acertada. Não só o ex-lutador empresta outro nível de ameaça no horizonte, servindo de veículo para a apresentação da aparentemente invencível cidade de Trivantis, como ele permite a abordagem mais direta do passado de Baba Voss que ainda permanece envolto em mistérios, mas que já deixa vários indicativos – também presentes na temporada inaugural, mas que, aqui, ganham mais relevo – de que o pai protetor e marido sofredor vivido por Jason Momoa foi, em outra vida, um homem bem diferente do que o apresentado até agora.

Na verdade, espero muito que esse passado entre os irmãos não seja suavizado, não fuja de revelações pesadas que arqueiem os ombros de Baba Voss, evitando ir ao encontro de revelações fáceis que exonerem eventual culpa dele pelo sofrimento que Edo diz ter passado e pelo assassinato do pai. Também torço para que não aconteça com os irmãos o que aconteceu, neste episódio, entre Baba e Tamacti Jun, ou seja, uma aliança hesitante com um objetivo em comum. Em outras palavras, quero que o lado bárbaro dos Voss fale mais alto e que não haja trégua entre eles, de forma que esse futuro involuído sem visão que teme o passado autodestrutivo com visão mantenha o ciclo devastador dos humanos na Terra.

Aliás, se depender da cada vez mais enlouquecida Rainha Kane, que faz de tudo para empurrar seu reino para um conflito aberto contra Trivantis, isso é exatamente o que teremos possivelmente ainda nesta temporada, com resultados potencialmente desastrosos. Desastrosos para os exércitos de cada lado, diria, pois Sibeth, em todo o seu devaneio, continua maquinando a mil, algo que vemos também em Edo Voss, com os dois inclusive percebendo muito claramente o poder que aqueles com visão podem oferecer para seus respectivos lados. Sylvia Hoeks continua devorando os cenários com sua atuação hipnotizante que ganha um excelente equilíbrio entre insanidade e planejamento estratégico, com direito a muito sexo e violência no processo, o que pode aproximá-la e não afastá-la justamente de Edo alguma hora.

No lado romântico do episódio, com Haniwa envolvendo-se amorosamente com Wren (Eden Epstein), braço direito de Edo que secretamente enxerga, achei que todo esse processo foi corrido demais. Entendo que dificilmente o estupro de Haniwa aconteceria como parte da vingança de seu tio e de seu projeto de criar um exército de pessoas com visão, mas toda a trajetória para impedir que o momento de violência acontecesse foi extremamente conveniente e muito facilmente resolvido. Afinal, no espaço de algumas horas, Wren leva Haniwa para seu esconderijo secreto, um apartamento de luxo bem conservado em um dos últimos andares de um prédio abandonado, as duas transam, trocam juras de amor com direito a joias, Haniwa lê Alice no País das Maravilhas para Wren, as duas retornam para o cativeiro de Haniwa exatamente no minuto em que Edo as procura e assim por diante. Considerando a duração nada curta do episódio, teria sido muito melhor que essa história tivesse sido contada em elipses que permitissem alguma passagem de tempo maior ou que a ação fosse distribuída em dois capítulos.

Não que toda a sequência não tenha funcionado, pois ela cumpriu bem a função de acelerar a pancadaria entre irmãos e a liberdade de Haniwa e de seu pai ao final, mas tenho para mim que a série teria se beneficiado mais de uma dilatação temporal que não tornasse instantâneo o amor entre as jovens, com Wren basicamente derrubando os alicerces de tudo que conhecia na vida para salvar a amante. Pelo menos o roteiro de Stephen Tolkin não fez com que a tenente também fugisse de Trivantis, o que certamente será conveniente no futuro próximo.

Por último, mas não menos importante, temos que lembrar do prelúdio que retorna a Jerlamarel, agora cego e sem esperanças de um tratamento milagroso, revoltado com sua nova condição. Sua história ainda está muito distante de se conectar com o coração da série, mas considerando que ele – tido como uma lenda em Trivantis, só com Edo sabendo da realidade – é o “reprodutor” de crianças com visão, sua função e a de seus filhos tanto para os planos de Edo como para os da Rainha Kane são evidentes e, muito provavelmente, outro fator de convergência entre os dois líderes.

Forever tropeça no uso excessivo de conveniências narrativas no núcleo das jovens que enxergam, mas o episódio inegavelmente continua impulsionando a trama a passos largos, mantendo o escopo mais ambicioso que este segundo ano sem dúvida alguma abraçou. Será muito interessante acompanhar a vindoura guerra e as tramas palacianas e familiares dos dois lados beligerantes neste futuro fascinante imaginado por Steven Knight.

See – 2X02: Forever (EUA – 03 de setembro de 2021)
Criação: Steven Knight
Direção: Anders Engström, Frederick E.O. Toye
Roteiro: Stephen Tolkin
Elenco: Jason Momoa, Sylvia Hoeks, Hera Hilmar, Christian Camargo, Archie Madekwe, Nesta Cooper, Eden Epstein, Hoon Lee, Tom Mison, Dave Bautista, Alfre Woodard, Joshua Henry
Duração: 63 min.

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