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Crítica | Segredos (Identity Disc)

por Luiz Santiago
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Uma história de vilões fortemente inspirada em Os Suspeitos (1995). Nesta minissérie em cinco edições, Robert Rodi (roteiro), John HigginsSandu Florea (arte e arte-final) criam uma missão focada em seis vilões e cujo objetivo é retirar das mãos da IMA um famoso “Disco de Identidade”, onde estão guardadas todas as informações sobre os heróis dos Estados Unidos. Convenhamos que não é uma premissa absurdamente interessante ou, a rigor, nova, mas é uma mola forte o bastante para colocar esses personagens juntos, lutando, apanhando e sofrendo por um mesmo objetivo.

Quem entra em contato com Dentes-de-Sabre, Abutre, Fanático, Deadpool, Mercenário e Homem-Areia para este trabalho é a misteriosa Valerie Merrick, que está a serviço de alguém ainda mais misterioso e perigoso, o lendário chefe de máfias ao redor do mundo, Tristram Silver. Como se trata de uma história de vilões, demora algum tempo até que o leitor consiga pegar de fato o espírito da coisa, embora eu tenha impressão de que isso se deva pelo princípio narrativo utilizado, que é uma narração out, algo que só descobriremos do que se trata no final da história. Isso não chega a confundir, mas não é exatamente a melhor coisa que temos como costura do texto.

O que realmente chama a atenção aqui é “a ideia que tem tudo para dar errado“, ou seja, a chantagem para os seis personagens trabalharem juntos. Mesmo que nem todos aqui sejam de fato vilões, o crime é a linha principal do roteiro e não há nenhum herói no meio do caminho para impedir o que está acontecendo. Isso nos tira a preocupação de um plano interrompido e um história cortada por intervenção boba vinda de fora. O que de fato acontece é que o plano vai até o fim, embora não exatamente como os contratados imaginavam. No meio do processo, a aventura traz diálogos cômicos (especialmente vindos de Deadpool, claro), uma série de alfinetadas e uma tentativa de contra-ataque da equipe para passar a perna em Tristram Silver ou pelo menos conseguir se livrar do objeto de chantagem, tudo isso sem sucesso.

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Ao fim da saga, o autor quis deixar a narrativa bem mais intricada e cheia de traições em cima de traições; mistérios encobrindo mistérios, e acabou esvaziando um pouco aquilo que poderia ser algo simples, mas objetivamente interessante, especialmente porque estamos lidando com um crime que deixa promessas para o futuro — no caso do Disco de Identidade e da persona de Tristram Silver. Mesmo com ressalvas, eu gostei do desfecho com o Abutre, mas o epílogo simplesmente derrubou o restante da paciência que eu estava tendo com os últimos pontos. Claro que a leitura é válida, tem momentos divertidos e cheios de boa ação, além de uma ótima arte, mas a tentativa do roteirista em fazer um “mega-plano-de-gênio-do-crime” acabou enfraquecendo a saga como um todo, caindo em exposição ou “entrega demais” num momento onde apenas sugestões seriam o suficiente.

Segredos (Identity Disc) — EUA, 2004
No Brasil: Panini, 2017
Roteiro: Robert Rodi
Arte: John Higgins
Arte-final: Sandu Florea
Cores: Estudio Fenix, Andrew Crossley
Letras: Dave Sharpe
Capas: Tony Harris, Mike Deodato Jr., Andy Brase
Editoria: Warren Simons
124 páginas

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