Home TVEpisódio Crítica | Sense8 – 2X05: Isolated Above, Connected Below

Crítica | Sense8 – 2X05: Isolated Above, Connected Below

por Guilherme Coral
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estrelas 4,5

– Contém spoilers. Leiam, aqui, as outras críticas de Sense8.

O episódio anterior de Sense8Fear Never Fixed Anythingnos trouxe um importante momento para os sensates que acompanhamos. Foi o abandono do medo, a tomada de decisão que os colocou na ativa, não mais simplesmente se escondendo da BPO. Isso, claro, ocasionou na revelação de mais alguns homo sensorium, algo que, claro, seria mais abordado, aqui, em Isolated Above, Connected Below. Se o capítulo anterior tivera a enfrentação do medo como temática, esse quinto, que marca a metade da temporada, pode ser definido pelo amor e, claro, a coragem de correr atrás dele.

Dito isso, é chegado o esperado momento que todos os fãs aguardavam desde as filmagens dessa segunda temporada: Lito aceita o convite para ir até a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo e, junto de Daniela e Hernando, eles partem para o Brasil. A chegada desse grupo no aeroporto de São Paulo cria uma perfeita antítese da vida atual de Lito no México. Nesse país estrangeiro ele é recebido por fãs, com amor, ao contrário do preconceito vigente em sua terra natal. Ele está em um lugar mais receptivo agora e é gratificante essa pausa para respirar que o personagem ganha.

Em seguida, ganhamos uma das cenas mais tocantes de toda a série, com o ator, enfim, falando em alto e bom som “Eu sou um homem gay”, um momento verdadeiramente catártico que mais do que prova o quanto o personagem evoluíra desde o início da série. Não podemos descartar, também, a belíssima mensagem passada por esse trecho, que lida com as dificuldades inerentes à homossexualidade. Nesse sentido, como sempre, o roteiro de Lana Wachowski e J. Michael Straczynski prega a aceitação, a beleza de ser você mesmo e como essa liberdade define a vida de uma pessoa, que não precisa mais viver escondido. Lito, enfim, ganha um momento de verdadeira felicidade, algo que já merecia há muito tempo.

Wachowski e Straczynski continuam com essa mensagem no arco de Capheus, que continua praticamente em seguida de onde o deixamos no capítulo anterior. Eu me apaixono pela pessoa, não pelo seu órgão genital, diz Zakia quando o sensate pergunta sobre o seu passado, dialogando perfeitamente com a posição de Nomi em relação aos rótulos, estabelecendo, portanto, mais uma forte mensagem contra o preconceito. Mesmo a AIDS da mãe de Capheus é trabalhada sobre outra ótica aqui, com o texto abordando a mentalidade fechada das pessoas, mesmo hoje em dia, em relação à doença e como ela pode funcionar como um elemento de segregação.

Do lado de Wolfgang e Kala, enfim, temos a esperada entrega de um nos braços do outro, com uma montagem paralela que nos mostra, também, Capheus e Zakia. Lana Wachowski mostra mais uma vez como consegue elaborar uma cena de sexo que não tem medo de mostrar o que deve, ao mesmo tempo que a torna uma perfeita manifestação do amor sentido pelos personagens em tela. Já testemunhamos esse talento da diretora desde Matrix: Reloaded e isso continua aqui. A ardente paixão existente entre Kala e Wolfgang ainda nos rende um icônico momento, que reflete a felicidade do personagem alemão e toda sua ironia, claro, algo que combina perfeitamente com esse episódio mais descontraído. Infelizmente, Kala acaba regredindo em sua decisão, tornando as coisas repetitivas novamente.

Mas nem todas as manifestações de amor presentes em Isolated Above, Connected Below nos trazem casais. O foco em Sun nos traz outro belo momento entre ela e seu Mestre, que funciona como o pai que a coreana jamais teve, mostrando como a família é composta por aqueles que estão do nosso lado sempre e não necessariamente ligados por sangue. O roteiro, aqui, sabiamente já tira a personagem dessa sua zona de conforto, evitando que seu arco entre em uma repetição do que vimos nos trechos da prisão, com ela confinada a um cenário apenas.

A trama geral em si é movimentada durante o foco em Riley e Will, dessa vez com Gorski permanecendo em segundo plano, ainda que nos traga alguns detalhes sobre Whispers, que conversa, pelo telefone, com alguém chamado de Secretário. Sylvester McCoy, o eterno Sétimo Doutor, dá as caras novamente, se chamando de Old Man of Hoy. Não é preciso nem dizer que o ator rouba a cena completamente, com uma interpretação que mistura mistério e humor na medida certa, ao mesmo tempo que garante a ele um ar de autoridade, por estar tanto tempo “na ativa”. Aqui Wachowski e Straczynski se aprofundam no lado scifi, nos apresentando ao “Google” dos sensates, expandindo consideravelmente a mitologia da série, o que abre infinitas possibilidades, caso o grupo que acompanhamos passe a ter acesso mais constante a esse “Arquipélago”, como chamam e que dá o título ao episódio.

Dito isso, Isolated Above, Connected Below consegue, mesmo sendo mais descontraído, avançar a trama geral de Sense8, enquanto que oferece alguns momentos merecidos de felicidade para seus personagens. Com novos sensates aparecendo a cada capítulo nos pegamos ansiosos para ver como eles irão interagir daqui para a frente, mostrando como os showrunners efetivamente sabem o que fazem, tornando, desde já, essa, uma temporada superior à primeira.

Sense8 – 2X05: Isolated Above, Connected Below — EUA, 2017
Showrunner:
 Lana Wachowski, J. Michael Straczynski
Direção: Lana Wachowski
Roteiro: Lana Wachowski, J. Michael Straczynski
Elenco: Doona Bae, Jamie Clayton, Tina Desai , Tuppence Middleton, Toby Onwumere, Max Riemelt, Miguel Ángel Silvestre, Brian J. Smith, Freema Agyeman, Terrence Mann, Anupam Kher, Michael X. Sommers, Sylvester McCoy, Sukku Son, Purab Kohli, Eréndira Ibarra
Duração: 52 min.

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