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Crítica | Servant – 1X04: Bear

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Posso estar errado, mas tenho a distinta impressão que Servant, série de horror psicológico do Apple TV+, se beneficiaria mais do lançamento da temporada completa de uma vez só. Não advogo por isso, pois cada vez mais sedimento minha posição que binge watching cria uma afobação que pode atrapalhar a experiência, mas, em alguns casos, essa forma de apreciação pode ser mais interessante. E, como consequência de minha conclusão – que pode ser prematura, reitero – creio que a análise crítica da temporada completa tem o potencial de resultar em algo mais positivo do que a análise por episódio.

As duas principais razões para isso é que a série de Tony Basgallop tem episódios de curta duração, por volta de 30 minutos, o que impede grandes progressões narrativas a cada semana e, como a pegada é de suspense, inventar moda a cada capítulo não é fácil, o que pode levar a alguns momentos de marasmo. Essa é, aliás, a maior característica de Bear, o quarto episódio da série.

Notem, por exemplo, o caso de Sean, o pai da criança que misteriosamente apareceu viva. Sua surpresa pelo que aconteceu já esvaiu-se, ficando, no lugar, uma curiosidade estranha que o impede de se conectar com Jericho e o coloca em uma espiral de paranoia em relação à babá Leanne. Isso o leva a clandestinamente instalar uma câmera de vigilância, retirada do urso de pelúcia do título, no quarto da moça para entender o que ela faz com o bebê toda noite. Além disso, pessoalmente, os problemas talvez psicossomáticos, mas provavelmente também relacionados com a “magia” que ressuscitou o bebê, se agravam. As farpas continuam a aparecer em seu corpo e ele perdeu paladar. No entanto, nada disso que vemos aqui é novidade de verdade, mas sim, apenas uma reiteração do que já sabíamos.

Por seu turno, Dorothy continua elétrica como sempre, saindo cedo e voltando tarde de seu trabalho e encarando o que aconteceu como se nada tivesse acontecido. Mais uma vez, nada de novo no fronte. Ah sim, claro, há algo novo, logicamente: Leanne leva o bebê para o tribunal onde Dorothy está sem avisar a ninguém, aparecendo na televisão e espantando Sean. A explicação que ela dá é aceita com uma tranquilidade grande demais, somente para descobrirmos que a babá conhecera Dorothy em 2011, em um concurso de beleza. É isso que aprofunda o mistério da série, mas, convenhamos, não é lá muita coisa, especialmente porque a expedição investigativa de Julian ao Wisconsin que vimos em Eel e que encontra uma lápide com o nome de Leanne, é praticamente esquecida aqui.

O pouco que a temporada avança faz com que mesmo os 30 minutos do episódio parecerem mais longos do que deveriam, em uma sucessão interminável de diálogos estranhos e da câmera de Nimród Antal (o nome desse diretor poderia muito bem ser de um X-Men…) focalizando uma Leanne bizarra tomando sorvete de lagosta com calda de chocolate (aliás, pelo visto, a crueldade com animais continua…). Pelo menos a atmosfera claustrofóbica continua eficiente e perturbadora, mas, mesmo esse elemento narrativo começa a ficar repetitivo, ameaçando perder sua simbologia e seu impacto rapidamente.

Claro que Servant ainda está em sua primeira metade e muito pode acontecer nos próximos seis episódios. No entanto, Basgallop precisa mostra a que sua série veio muito antes disso, sob pena de afastar seus espectadores que foram fisgados pela premissa indubitavelmente macabra. Tomara que ele tenha um plano muito bom, pois o que ele mostrou até agora não é suficiente para retirar Servant daquela incômoda linha da mediocridade.

Servant – 1X04: Bear (EUA – 06 de dezembro de 2019)
Criação e showrunner: Tony Basgallop
Direção: Nimród Antal
Roteiro: Tony Basgallop
Elenco: Toby Kebbell, Lauren Ambrose, Nell Tiger Free, Rupert Grint, M. Night Shyamalan, Phillip James Brannon, Tony Revolori
Duração: 30 min.

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