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Crítica | Servant – 3X07: Camp

Sem Leanne, sem Jericho.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

O sétimo episódio da penúltima temporada de Servant serve como um forte lembrete de que Jericho não existe sem Leanne. Seja qual for a explicação que acabe sendo dada, se for, e que dificilmente escapará de algo sobrenatural (assim espero), a conexão entre os dois personagens sempre foi muito forte e a babá sempre manteve-se como ponto focal de toda a estranheza que é a transformação daquele boneco assustador em uma segunda chance de felicidade para a família Turner.

E a velocidade como Camp se desenvolve funciona muito bem dentro de todo o contexto apresentado. Do lado de Leanne, seu encontro inicialmente assustador com os sem-teto do parque na lateral da mansão revelou-se como sua salvação, como o começo de um culto novo focado nela como alguém que conseguiu livrar-se de seus grilhões religiosos originais. Claro que ainda não sabemos de detalhes de tudo e nem se os poderes dela são divinos ou diabólicos, algo que o roteiro de Fish abordou de maneira propositalmente ambivalente, mas o que interessa, pelo momento, é que Leanne se sente segura, com uma camada protetora entre ela e seus “tios” que lhe permite ser mais ousada no cotidiano, incluindo, aí, sua forma de encarar Dorothy.

A “patroa”, por seu turno, quase que instantaneamente passa de adoradora para “odiadora” da babá depois que Leanne, contra suas expressas instruções, leva Jericho para o parque e, pior, deixa-o aos cuidados de seus residentes. Essa mudança repentina, não é na verdade nem repentina, nem gratuita. Muito ao contrário, ela faz perfeito sentido para Dorothy, primeiro como mãe protetora de seu bebê, característica maternal em tese comuns a todas às mães, mas que, no caso dela, é composta e até suplantada por sua desconexão com a realidade, sua perda de memória e sua recusa original em aceitar que seu bebê morrera. Dorothy sofre profundamente, ainda que nem ela, nem ninguém a seu redor realmente reconheça seu sofrimento como algo que precisa urgentemente se tratado. Com isso, sua mudança de humor em relação a Leanne, que a leva a arrumar uma “saída elegante” para demitir a babá mandando-a para uma escola de dança em Nova Jérsei.

A consequência dessa decisão tomada unilateralmente, sem sequer a participação de Sean, é imediata e devastadora: sem Leanne, ou na iminência de sua saída do seio da família Turner, Jericho reverte ao boneco que era. E, novamente, como aconteceu em Ring, o caos imediatamente toma conta de tudo, como um furacão destruidor que coloca todos os personagens em uma espiral fantástica de busca frenética pelo bebê. Não só o roteiro de Kara Lee Corthron lida muito bem com a profusão de diálogos entrecortados e entrelaçados, como a direção da dupla Celine Held e Logan George materializa as páginas de texto em uma enervante, mas estupenda coreografia de sobe-escada-desce-escada (inteligentemente interrompida várias vezes pela portinhola para proteção do bebê) que, em uma tacada só, nos relembra da conexão de Leanne com o bebê que mencionei no parágrafo de abertura, da fragilidade mental de Dorothy, da completa incapacidade de Julian de lidar com isso, o que faz com que acabe sobrando veneno para Veera e, finalmente, do pavor de Sean em passar pelo mesmo processo de perda mais uma vez.

E o resultado disso tudo é quase que a coroação de Leanne como rainha da família Turner. Mesmo que inconscientemente e mesmo que não exatamente encampando o lado sobrenatural da coisa, todos ali perceberam que a presença de Leanne é a garantia de que Jericho continuará vivo e bem. Sem um, não há o outro e, com isso, a babá tem todo o poder que poderia esperar ter e isso sem contar com seus culto protetor a alguns passos da casa que a escuda de seu culto original. O que não sabemos é quem – ou o que – Leanne realmente é e essa dúvida torna tudo ainda mais interessante e assustador. Camp, portanto, é mais um ótimo episódio da temporada que começa a caminhar para seu fim.

Servant – 3X07: Camp (EUA – 04 de março de 2022)
Criação e showrunner: Tony Basgallop
Direção: Celine Held, Logan George
Roteiro: Kara Lee Corthron
Elenco: Toby Kebbell, Lauren Ambrose, Nell Tiger Free, Rupert Grint, Sunita Mani
Duração: 30 min.

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