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Crítica | Servant – 4X01: Pigeon

Pombos empombados.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Retornando para sua quarta e última temporada, Servant entrega um episódio quase que exclusivamente focado em Leanne, passado pelo menos três meses do assustador cliffhanger de Mama, no exato dia em que Dorothy, sem mobilidade nas pernas em razão de um ferimento grave na espinha dorsal, está para retornar do hospital. Sozinha, a babá faz os últimos preparativos para desejar boas vindas à sua patroa e, ao dirigir-se ao carro de Julian estacionado do outro lado da rua, enfrenta horas de pesadelo com os fanáticos de sua ex-igreja atacando-a por todos os lados de forma a levá-la de volta ao rebanho.

A claustrofobia usual da série criada pelo excelente uso da casa da família Turner como espaço confinado ganha outro nível com grande parte da ação passando-se dentro ou ao redor do referido automóvel que Leanne usa como refúgio de seus algozes, já que seus protetores foram levados pela polícia para um lugar distante. A direção de Dylan Holmes Williams é, aqui, a chave para tudo, já que o agora extremamente confinado espaço torna-se todo o universo do episódio e sem que o roteiro de Henry Chaisson dê trégua para a jovem que fica cada vez mais desesperada para simplesmente atravessar a rua e voltar para casa, o que exige um trabalho de câmera cuidadoso, que trafega entre exterior e interior do carro de todas as maneiras possíveis.

A forma como a direção de arte transforma a rua basicamente em uma rua mal-assombrada é excelente, mesmo que, para que tudo funcione, o espectador tenha que aceitar que nenhum vizinho ou transeunte venha a interferir no que acontece com Leanne, algo que reputo seja fácil pela natureza eminentemente sobrenatural da série, algo que é especialmente salientado neste episódio com a névoa que vem do nada e, claro, com os pombos salvadores que nada mais são do que uma forma de os poderes da babá se manifestarem. Além disso, é interessante como o roteiro – provavelmente porque estamos na última temporada e a sutileza precisa ser jogada pela janela – recorre a mais sequências de ação propriamente ditas, com direito até mesmo a momentos de violência explícita, como o vendedor de cachorro quentes que, como se não bastasse a canetada no pescoço, ainda tem seu olho arrancado pelas aves ruidosas.

É, definitivamente, um dos raros episódios da série que depende de momentos de fisicalidade para funcionar e que, mais ainda, coloca Leanne como alguém que arregaça as mangas para resolver seus problemas, sem recorrer, por quase toda a duração do capítulo, a suas habilidades especiais que ela, aparentemente, não controla completamente ou, pelo menos, não entende o suficiente para controlar. Não posso deixar de dizer que toda a singularidade do episódio – ele se passar na rua e não na casa, ter Leanne participando ativamente da ação, abordar o sobrenatural de maneira explícita e assim por diante – me causou estranheza e, por vezes, me fez desejar aquela pegada mais quietamente sinistra que marcou a série, mas, por outro lado, é perfeitamente lógico que o passo se aperte neste começo do filme e Pigeon estabeleça o que podemos chamar de novo tom para a série.

A dúvida é se, com o retorno de uma fria e muito machucada – psicológica e fisicamente – Dorothy ao final, com a casa devidamente alterada para recebê-la, esse enfoque decididamente mais veloz e mais explícito no que toca o sobrenatural realmente continuará, pois é muito importante que a podridão que já existia na casa antes de Leanne lá chegar e que gravita ao redor da família Turner com ou sem igreja de fanáticos ao seu redor, permaneça sendo trabalhada, pois é isso que realmente forma o coração da criação de Tony Basgallop. No entanto, arriscaria dizer, baseado na franca evolução da série até aqui, que a tendência é que haja uma convergência narrativa cada vez maior dos conflitos entre os Turners, entre eles e Leanne e entre Leanne e sua ex-igreja, de maneira que uma coisa passe a afetar diretamente a outra até o potencialmente trágico fim desse embate. Só nos resta aguardar.

Servant – 4X01: Pigeon (EUA – 13 de janeiro de 2023)
Criação e showrunner: Tony Basgallop
Direção: Dylan Holmes Williams
Roteiro: Henry Chaisson (C. Henry Chaisson)
Elenco: Toby Kebbell, Lauren Ambrose, Nell Tiger Free, Rupert Grint, Phillip James Brannon
Duração: 24 min.

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