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Crítica | Sétimo

por Guilherme Coral
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estrelas 3

Ricardo Darín já tem em seu currículo verdadeiras preciosidades, como Um Conto Chinês e O Segredo de seus Olhos, trazendo, ainda mais o cinema argentino para uma posição de destaque, não só na América Latina, como no mundo. É claro, portanto, visando o imediato marketing envolto no ator, que dezenas de diretores correm atrás de sua versatilidade. O resultado são inúmeras produções por ano com o nome de Darín em seus pôsteres. Obviamente, nem todas são obras primas, como é o caso de Tese sobre um Homicídio e, infelizmente, o filme em questão, Sétimo.

O longa-metragem conta com uma simples premissa praticamente hitchcockiana. Sebastián, recém-divorciado de sua esposa, vai buscar os filhos na casa da mãe para levá-los à escola. Antes de saírem do prédio, decidem fazer a costumeira brincadeira de apostarem uma corrida até o saguão de entrada – o pai vai de elevador e as crianças correm escada abaixo. Ao chegar no térreo, contudo, Sebastián não vê suas crianças e o que, primeiro, parece uma brincadeira, se desenrola em uma trama de sequestro. Em sua segunda direção de longa, Patxi Amezcua consegue criar um efetivo clima de suspense, deixando o espectador constantemente sob uma tensão que chega a ser palpável. O apelo, obviamente, é maior para os espectadores pais, mas de jovens a adultos temos um verdadeiro thriller de nos deixar na ponta da cadeira do minuto que a problemática se estabelece.

Darín, como de costume, suga cada centelha de nossa atenção ao nos trazer uma figura que, gradativa e visivelmente, deixa seu nervosismo tomar posse de si. A figura controlada que vimos nos minutos iniciais logo se torna um homem capaz de qualquer coisa para reaver seus filhos. Não se enganem, porém, pois a obra não tende para o velho filme de ação ou algo como Busca Implacável. O que vemos é uma bem elaborada construção do suspense, que adota desde momentos mais agitados até longas calmarias, sempre pontuadas pela marcante trilha de Roque Baños, que acerta na maioria do filme, mas acaba pecando pelo exagero do drama em determinados momentos.

O longa conta, sim, com seus defeitos quando se trata da construção dos personagens secundários. Todos soam artificiais e exercem funções muito convenientes para a trama, surgindo conforme a necessidade da narrativa. O maior de todos os deslizes, que praticamente destrói o filme no trecho final, é seu encerramento. Ao invés de seguir pela saudável simplicidade que empregou até então, vemos a formação de um esquema mirabolante para explicar o desaparecimento dos filhos. Trata-se de uma resolução que não passa a menor credibilidade e, pior, acaba se desenrolando em um final clichê digno de um filme de ação, algo que a obra fugira até então, não se encaixando em sua temática.

Os diversos acertos e a ótima premissa do filme não conseguem, portanto, esconder seu evidente problema, que completamente anula nossa imersão, deixando-nos com uma sensação de insatisfação por toda a parcela final do longa. Ricardo Darín, por mais que desempenhe um bom papel, nos convencendo a cada instante, adota mais uma leve mancha em seu currículo, ainda que não grande. É uma obra que diverte, mas que não ocupa um lugar de destaque em nossa memória.

Sétimo (Séptimo – Espanha/ Argentina, 2013)
Direção:
 Patxi Amezcua
Roteiro: Patxi Amezcua, Alejo Flah
Elenco: Ricardo Darín, Belén Rueda, Abel Dolz Doval, Charo Dolz Doval, Luis Ziembrowski, Osvaldo Santoro, Guillermo Arengo
Duração: 88 min.

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