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Crítica | Shadow Woods: O Pesadelo

Mortes violentas e humor involuntário engendram este slasher irregular, mas divertido.

por Leonardo Campos
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Mais um Slasher Tardio que flerta com elementos freudianos. Shadow Woods: O Pesadelo, narrativa com mortes horrendas e muito engraçadas, traz para a tela conflitos psicanalíticos entre mãe e filhos, numa história sobre sexo, violência e traumas, contada de maneira arrastada, irritantemente confusa, empreitada que exige uma dose generosa de paciência de seus espectadores que sem dúvida não deixarão de se divertir com passagens toscas que, ao mesmo tempo, se espalham entre os longos momentos de marasmo entre um ponto e outro desta produção de breves 82 minutos, mas que às vezes parece um épico. Tendo também a temática dos gêmeos e seus conflitos de identidade e representação, o filme apresentou diversos elementos que o transformariam numa obra-prima, não fosse a direção de John Grismmer, irregular diante de um texto igualmente problemático, assinado por Richard Lamde. Propositalmente ou não, as passagens humoradas parecem ser o melhor do filme: ver a mãe dos garotos sentada na cozinha, a comer favas compulsivamente, numa atuação canhestra da atriz Louise Lasser, é um dos motivos que me fariam rever, talvez, esta pérola bizarra.

Na trama, acompanhamos o seguinte: quando criança, o pequeno Todd (Mark Soper) foi acusado de cometer um terrível assassinato, crime que na verdade, teria sido realizado por seu irmão gêmeo, Terry. É que no momento das mortes, ele transferiu a arma responsável pela aniquilação de vidas para Todd, um garoto que era mais circunspecto. Por isso, a jovem criança foi encarcerada num manicômio, sendo que de acordo com o cenário, ele seria inocente. Vinte anos depois, por sua vez, o rapaz consegue fugir do local e volta para casa, tendo em vista arrumar algum jeito de comprovar a sua inocência. Neste processo, enquanto atravessa o seu caminho em busca da verdade, muitas mortes macabras voltam a acontecer, aparentemente assinadas por Terry, irmão gêmeo psicopata que pretende continuar culpando Todd pelos crimes. O sexo, como quase sempre, é o mote para o panorama de imagens que transformam a memória dos personagens num manancial de gatilhos para traumas, como é o caso da abertura deste filme.

Ao contemplar com perplexidade, uma tórrida cena de sexo, a dupla de gêmeos desenvolve uma reação adversa, cada um a sua maneira, antes do crime ser estabelecido, mediante os possíveis resultados da exposição pornográfica. Conectado com muitos elementos da psicanálise freudiana, em especial, o estudo sobre “o estranho”, material que daria um artigo acadêmico profícuo, mesmo diante de uma narrativa sem os traços estéticos e estruturais desejados pela academia geralmente soberba, Shadow Woods: O Pesadelo é puro conflito psicanalítico, mesclado com mortes bizarras, oriundas da maquiagem de Ed French, supervisor de efeitos especiais que expõe para o público uma garfada no pescoço, cabeças arrancadas, corpos partidos ao meio, dentre outras maneiras de ceifar vidas muito engraçados, algo ao menos humorado para um filme que seria absurdamente tedioso se não tivesse esta aliança com elementos gráficos tão insanos. Ainda sobre a estranheza e a atmosfera de conflitos familiares, a mãe dos garotos, Maddy (Louise Lasser) é um ponto crucial para entendermos o comportamento dos gêmeos.

Quando a personagem anuncia o seu casamento com Brad (William Fuller), novo homem inserido em sua vida, Terry surta (ou seria Todd, para uma reviravolta?). Uma morte violenta logo é planejada para tirar o padrasto do caminho desta família que não é, nem de longe, uma versão das idealizadas pinturas de Norman Rockwell. Como em tantos outros exemplares do subgênero slasher, aqui, a família se encontra esfacelada, em forte crise, tomada por distúrbios de tipos diversos. Acompanhamos esta jornada morosa de morte, sangue e reviravoltas com a trilha sonora razoável de Richard Einhorn, a concepção de espaços cenográficos do design de produção de Jim Rule, interessante na organização interna das casas dos personagens, bem como a direção de fotografia de Richard E. Brooks, inspirada em alguns momentos, mas em linhas gerais, sem muito material dramático de qualidade para criar. Shadow Woods: O Pesadelo é um daqueles slashers chatos, prejudicados pela falta de visão daqueles que deveria aproveitar o potencial da história. Talvez um elenco melhor, bem como um texto mais lapidado.

Shadow Woods: O Pesadelo (Blood Rage, EUA – 1987)
Direção: John Grissmer
Roteiro: James Vanderbilt, Guy Busick (baseado em personagens de Kevin Williamson)
Elenco: Brad Leland, Ed French, Jayne Bentzen, Louise Lasser, Ted Raimi, Chad Montgomery, Dana Drescher, Doug Weiser, Dylan Riggs, Gerry Lou
Duração: 114 min.

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