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Crítica | Shazam: Com Uma Palavra Mágica

por Luiz Santiago
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Entre o primeiro semestre de 2012 e o segundo de 2013, a DC Comics — então avançando na sua Era dos Novos 52 — resolveu trazer em módico formato de história secundária, nas páginas da Liga da Justiça, o antigo Capitão Marvel, agora oficialmente chamado de Shazam. À exceção de duas edições (#0 e 21), as histórias do personagem vinham com um número menor, com 12 páginas, adotando aquele estilo de arco desenvolvido com muito cuidado e objetividade, com os pontos cirurgicamente escolhidos para o cliffhanger e uma forma condensada de reintroduzir um grande personagem e diversos ingredientes de sua mitologia nesta nova fase da editora.

Escrito por Geoff Johns, Uma Palavra Mágica é um competente arco de recolocação de Shazam no Universo DC, tendo aqui uma versão familiar bastante relevante e a demarcação de uma grande esfera de referências ao torno do personagem, a começar pelos vilões da história. Nesta saga, conhecemos Billy Batson como um garoto problemático, que já passou por diversas casas de adoção e que fugiu de todas, deu problema nas escolas e se tornou a grande pedra no sapato de sua tutora. O roteiro não exagera no comportamento malandro de Billy, mas ele realmente é um adolescente problemático, carente de amor e que tem enorme dificuldade em confiar nas pessoas ou acreditar que alguém no mundo possa fazer algo de bom por ele… altruisticamente.

Os desenhos de Gary Frank dão a força necessária para esses personagens se destacarem na mentalidade do leitor, tanto pela forma como as expressões e presença deles são mostradas nas páginas, quanto pela excelente exposição do cenário, dos efeitos de mágica e das lutas, um dos pontos de destaque do arco. A gente pode lamentar que esta não tenha sido uma história em moldes completos, com as características de um arco normal, em termos de amplitude do enredo — ou seja, com mais cuidado no desenvolvimento de personagens e situações –, mas mesmo com pontos corridos ou colocados em um patamar que merecia mais destalhes (Dr. Silvana é o que realmente sofre com isso, já que Adão Negro tem uma boa base de contexto) há uma interação fantástica entre trama e desenhos, algo que é impossível ignorar e que faz toda a diferença quando chegamos na penúltima e última edições, cheias de boas surpresas e destacando o laço familiar da saga como parte da luta contra o mal.

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Família!

Geoff Johns conseguiu ser bastante coerente na representação de Billy e na maioria dos momentos em que Shazam aparece falando, questionando ou buscando a resolução para um problema. Particularmente achei o herói raivoso demais em alguns momentos, tendo aí um corte para uma ação mais diplomática dele como garoto, tentando conversar com Adão Negro e fazer as pazes ou encaminhar a batalha para um final não-destrutivo, algo que acaba colocando algumas rusgas na já citada coerência de representação. Todavia, acabam vencendo os bons momentos e toda a leitura do volume é um misto de expectativa, tensão e apresentações das mais diversas, tendo, além dos vilões, uma ótima participações dos Sete Pecados, da Pedra da Eternidade, Ibac, Sr. Cérebro (rapidamente), e Hoppy e Seu Malhado, que tem uma considerável importância no final, embora eu não tenha gostado muito da forma como a transferência de poder foi realizada de Billy para o tigre.

Com Uma Palavra Mágica é uma história calorosa, mostrando muitas e possíveis versões e valores familiares, a importância de um lar e pessoas que nos deem apoio e amor, e um bom reinício — apesar de breve — para o Shazam na DC Comics. Aos quem não conhecem nada do personagem e pretendem pegar algo ágil e introdutório e para ler, eis aqui uma excelente pedida.

Justice League Vol.2 #7 – 11: B / #0 / 14 – 16: B / #18 – 20: B / #21 (EUA, maio de 2012 a agosto de 2013)
No Brasil:
Panini, 2015
Roteiro: Geoff Johns
Arte: Gary Frank
Arte-final: Gary Frank
Cores: Brad Anderson, Alex Sinclair
Letras: Nick J. Napolitano
Capas: Jim Lee, Scott Williams, Alex Sinclair, Gary Frank, Tony S. Daniel, Richard Friend, Tomeu Morey, Ivan Reis, Joe Prado, Rod Reis
Editoria: Brian Cunningham, Darren Shan, Katie Kubert
196 páginas

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