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Crítica | Slasher: Flesh and Blood – 4ª Temporada

Temporada recorre aos excessos e entrega uma trama equivocada aos espectadores.

por Leonardo Campos
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Na análise da terceira temporada de Slasher, deixei um questionamento do desfecho da crítica: ainda há espaço para uma nova empreitada de episódios para esta série que começou bem com suas narrativas antológicas e, aos poucos, foi perdendo um pouco de seu impacto? A resposta chegou em 2021, dois anos depois do terceiro agrupamento de situações envolvendo um assassino mascarados e vítimas que pagam por seus pecados do passado, mortas violentamente por alguém que revela as suas intenções bem próximas ao encerramento da história. Desta vez, focada numa abordagem já utilizada bastante no segmento deste profícuo subgênero do terror, novos personagens precisam driblar a morte e a ira de um misterioso assassino para sobreviver numa região distanciada dos grandes centros urbanos. Alguém, interessado não apenas numa herança, mas também em se vingar de acontecimentos marcados por uma memória perturbada, investe numa sequência de perseguições utilizando uma máscara bastante peculiar, além de elaborar mortes próximas ao que contemplamos ao longo da extensa franquia Jogos Mortais. Aqui, não há apenas machados, facas e outros objetos pontiagudos. Engenhocas excessivas também dão conta da eliminação de muitas das vítimas desta temporada cheia de exageros e muito óbvia.

Em Slasher: Flesh and Blood, acompanhamos a trajetória de degradação da disfuncional família Galloway, núcleo centralizado na figura do intragável e maquiavélico Sr. Spencer, personagem interpretado por David Cronenberg, figura sempre misteriosa, dentro e fora de cena. Há uma fortuna que precisa ser conquistada por um deles, prêmio estabelecido num jogo cruel e macabro que fará o vencedor se sair muito bem financeiramente, a conquistar dinheiro e patrimônio, em detrimento dos demais, geralmente humilhados ao passo que cada etapa da jornada avança. Cabe ressaltar que ninguém neste jogo é inocente. Todos possuem comportamentos questionáveis e uma história de dor, trauma e sofrimento com o lugar e o proprietário deste espaço cênico tenebroso. Para piorar, como descobriremos, há um misterioso assassino mascarado e trajado por um figurino que nos impede a sua identificação, uma das características basilares do subgênero slasher. A cada episódio, somos surpreendidos por quem morre e ficamos à espera das próximas vítimas.

Enquanto isso, segredos são revelados, flashbacks explicam determinados comportamentos do presente e cada um deles expõe as suas verdadeiras intenções ali, numa história de assédios, abusos e traições, onde todos são suspeitos e a confiança é artigo de luxo. Quem conseguirá vencer o jogo? Depois da primeira morte, há mesmo a chance de alguma fortuna ser entregue ao ganhador desta narrativa macabra? Contemplamos a misteriosa travessia dos personagens por meio das escolhas estéticas dos realizadores, geralmente assertivas, prejudicadas apenas pelos excessos do roteiro claramente interessado em chocar, sem se preocupar com o desenvolvimento mais envolvente do conteúdo. Aqui, a direção de fotografia assinada por Scott McLellan entrega aos espectadores enquadramentos ousados, movimentação angustiante e ângulos que intensificam a sensação de perigo. Na ambientação, Brian Garvey gerencia os cenários, adereços e demais elementos do design de produção responsável por construir uma mansão que se aproxima, salvaguardadas as devidas proporções, da atmosfera gótica. Neblinas, sombras, objetos macabros e outros elementos compõem os espaços.

Na condução musical de Slasher: Flesh and Blood, Shawn Pierce amplifica os momentos de tensão com sua textura percussiva funcional, da mesma forma que a supervisão de efeitos visuais de Cheton Gaur faz, sem alcançar, por sua vez, envolvimento maior para quem assiste, haja vista a concepção de imagens e sons que são dignos de elogios, mas estão inseridos numa história repleta de equívocos, em especial, o desfecho que pede uma absurda suspensão da descrença por parte do público, já aborrecido com a enrolação e o excesso de algumas passagens que se preocupam apenas com o choque, sem adição conteudista para os desdobramentos da trama. Recentemente, os meios de comunicação especializados em cultura e entretenimento divulgaram o sinal verde concedido ao programa. Sim, teremos uma nova temporada, desta vez nós esperamos, no entanto, algo mais empolgante, sem as falsas promessas de um bom início que não se sustenta até o seu burlesco desfecho.

Criada por Aaron Martin, a quarta jornada de Slasher contou com textos de Ian Carpenter e Adam MacDonald, idealizadores do panorama de vítimas do enigmático assassino mascarado. Além do patriarca inescrupuloso interpretado por Cronenberg, temos o seguinte painel de figuras ficcionais: Seanus (Chris Jacot), o filho que constitui família, mas é reprimido em relação aos seus desejos homoeróticos; Theo (Alex Ozerev), outro elemento angustiado do grupo; Vincent (A. J. Simmons), o adulto que pode ser o filho sequestrado no passado; Cristhy (Paula Bracanti), a nora relativamente debochada; Grace (Rachael Craiford), a que assume o lugar de “vadia” na opinião dos demais; Liv (Sydney Meyer), jovem que voltou recentemente de uma missão no exército; Florence (Sabrina Grdevich), a mais insana do núcleo familiar; Jayden (Corteon Moore), o filho negro de Sr. Spencer, dentre outros personagens que ainda expõem uma garota sexualmente avançada para a sua idade, uma empregada misteriosa, a interesseira nova esposa do patriarca e um funcionário que presta serviços não apenas ao seu chefe, mas também para a sua esposa sexualmente insatisfeita. Todos, sem exceção, encontrarão sofrimento e dor nesta saga, mesmo que fiquem vivos para contar a história.

Slasher – Flesh and Blood (Idem, Estados Unidos/Canadá – 12 de agosto a 16 de setembro de 2021)
Criação: Aaron Martin
Direção: Adam MacDonald
Roteiro: Aaron Martin
Elenco:Paula Brancati, Patrice Goodman, Sabrina Grdevich, Jefferson Brown, Christopher Jacot, Rachel Crawford, Jeananne Goosen, Sydney Meyer, Alex Ozerov
Duração: 45 min. por episódio (08 episódios no total)

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