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Crítica | Star Trek: Lower Decks – 2X01: Strange Energies

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas dos demais episódios e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

Agora que Mike McMahan está mais confiante com sua criação, ou seja, Star Trek visto a partir dos subordinados, dos personagens que aparecem apenas de relance ou que compõem o pano de fundo das séries principais e dos filmes, o showrunner parece não querer mais se segurar e faz de Strange Energies um baita de um começo de segunda temporada. Não só o roteiro parece ser recheado de mais referências do que todo o ano inaugural, como elas são tão bem utilizadas que não importa muito se o espectador as pega ou não, ainda que pegá-las empresta outras camadas à história, claro.

Aliás, vou além, pois quase que tirando onda, McMahan referencia a própria primeira temporada já que, aqui, ele utiliza a mesma premissa que vemos em Second Contact, dentre outros pequenos detalhes, como a questão do namoro de Rutherford com Barnes levando Mariner a ter déjà vu que efetivamente aconteceu. E o melhor é que Strange Energies é a direta continuação dos eventos que encerraram a série ano passado, sem que o showrunner tente introduzir elementos novos debaixo daquela falsa ideia de que o espectador precisa sempre de surpresas e reviravoltas para manter-se interessado em alguma coisa.

Com isso, quando o episódio começa, com Mariner em uma hilária simulação tirada diretamente do episódio duplo Chain of Command, de A Nova Geração, relembramos tudo que precisamos relembrar: ela agora trabalha diretamente com a mãe, não podendo mais ter o tipo de liberdade que tinha antes e que ela considera que Boimler a “traiu” ao ter aceito uma posição na USS Titan, trabalhando diretamente com William Ryker. A engenhosidade do roteiro do próprio McMahan é integrar as informações que ele precisa passar à narrativa, pois não só temos a simulação para isso, como também a preocupação de Tendi com Rutherford, já que ela acha que, depois do reset dos implantes dele, ele passou a agir de forma diferente (afinal, comer pera é algo MUITO diferente, assim como é “estranho” seu romance com Barnes).

O grande gatilho narrativo do episódio que, como disse, ecoa o capítulo inaugural da série, é algo hilariamente prosaico, com Mariner resolvendo literalmente lavar os prédios da civilização que eles estão visitando em segundo contato para mostrar a eles que vale a pena fazer isso (WTF???) e, inadvertidamente, ativando “um negócio sci-fi”, como ela mesmo diz, que atinge Ransom com “energias estranhas” e o transforma em uma figura com poderes divinos que ameaça tanto o planeta como a USS Cerritos. E não poderia ser mais divertido um episódio de começo de segunda temporada que não só referencia o primeiro da mesma série, como, também, o chamado “segundo piloto” (terceiro episódio da primeira temporada na contagem que podemos considerar como canônica) da Série Clássica, Onde Nenhum Homem Jamais Esteve, em que o mesmo acontece com Gary Mitchell, bem presente, aliás, levando Mariner à exata mesma solução.

Tudo funciona muito redondinho no episódio, com uma progressão vertiginosa de ação e de mergulho referencial que quase exige duas conferidas para se absorver tudo o que ele tem a oferecer. Claro que, ao final, acontece algo que não gosto muito, com Mariner pedindo à mãe para não mais trabalhar diretamente com ela, o que fará com que o novo status quo reverta ao antigo muito rapidamente demais. Claro que Boimler permanece ausente quase que totalmente do episódio, mas vê-lo bem no finalzinho lá na Titan (na simulação de Mariner não conta!) tendo que lidar com uma missão muito mais barra pesada do que está acostumado, já indica que ele, muito brevemente, quiçá já no próximo capítulo, estará de volta à Cerritos, o que, mesmo sendo de se esperar, deveria demorar um pouco mais de forma a nos brindar com uma abordagem brevemente diferente, “de cima para baixo”, da que estamos acostumados.

Strange Energies é um retorno do mais alto gabarito para uma série que simplesmente precisa de mais atenção do público em geral e, claro, dos fãs de Star Trek. O conceito de McMahan é genial e ele o vem executando primorosamente, já em seu segundo ano solidificando com muita segurança os caminhos que parece querer seguir com seus adoráveis e hilários personagens deste vasto e rico universo.

Star Trek: Lower Decks – 2X01: Strange Energies (EUA, 12 de agosto de 2021)
Showrunner: Mike McMahan
Direção: Jason Zurek
Roteiro: Mike McMahan
Elenco (vozes originais): Tawny Newsome, Jack Quaid, Noël Wells, Eugene Cordero, Dawnn Lewis, Jerry O’Connell, Fred Tatasciore, Gillian Vigman, Jonathan Frakes, Phil LaMarr
Duração: 25 min.

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