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Crítica | Star Trek: Lower Decks – 2X04: Mugato, Gumato

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas dos demais episódios e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

É natural e até esperado que, depois de uma estirada inicial de três episódios extraordinários, Star Trek: Lower Decks desse uma esfriada. Sob certos aspectos, é bom que Mike McMahan economize, por assim dizer, nos frenesis semanais que ele coloca na telinha, para dar tempo ao espectador de absorver e mastigar sua magnífica contribuição holística para a imortal franquia que, aliás, com o episódio passado, comemorou a incrível marca de 800 episódios de Star Trek que foram ao ar desde o memorável dia 08 de setembro de 1966, há quase exatos 55 anos.

Mugato, Gumato, porém, continua sendo divertido e cheio de referências espertas, a começar, claro, pelo retorno do símio chifrudo branco da raça conhecida por mugato – mas que tem outras pronúncias! – que o Capitão Kirk enfrentou em A Private Little War, episódio 2X19 da Série Original. Aqui, eles são impiedosamente caçados pelos Ferengi em um planeta-selva para a extração de seus chifres, aparentemente muito valiosos nesse universo como infelizmente acontece muito aqui no nosso com as mais diferentes espécies. É com essa situação que uma expedição composta por Shaxs, Mariner, Boimler, Rutherford e uns “camisas vermelhas” deparam-se quando vão ao tal planeta investigar aparições dos animais raros, com toda a truculência dos dois primeiros demonstrando-se vazia perante a inteligência com que os dois últimos resolvem o problema: eles provam aos Ferengi, com gráficos e números, o que fazem com uma apresentação de PowerPoint – ou o equivalente do futuro – que há mais a se lucrar preservando do que matando os mugatos.

A aparentemente simplicidade do roteiro de Ben Rodgers cumpre uma boa função de moral ecológica que é sempre bom ver em tela, mas que é apenas a “desculpa” usada para criar uma história que tem como pano de fundo a desconfiança crescente de Rutherford e Boimler sobre Mariner ser uma agente da mítica – mas verdadeira – Seção 31 da Federação de Planetas que é plantada pelo barman da Cerritos em hilárias sequências em que, quando ele vai fofocar, seu rosto ganha sombras e a fotografia escurece de maneira a passar um ar conspiratório típico dos filmes noir. E é claro que o histórico de Mariner ajuda nesse encaixe, assim como alguma cenas em que suas habilidades e sua ferocidade são colocadas em evidência conveniente para deixar os dois em um crescendo de desespero, seja quando eles apanham impiedosamente da filha da capitã em uma partida de anbo-jyutsu, ou quando ela parece estar atacando Shaxs de maneira mais sanguinária que os mugatos atacam seus captores.

A brincadeira com a existência da Seção 31, sobre como ela é inserida nas mais diversas narrativas de Star Trek e, por outro lado, como esse grande suposto segredo é de conhecimento geral de absolutamente todo mundo é o que cria as interessantes piscadelas da série a essa pegada mais sombria que por vezes as séries caminham. É, mais uma vez, o showrunner usando Lower Decks para desancar conceitos e preconceitos de uma franquia inteira que foi adotada pelos mais diversos tipos de fãs, desde os do lado do “vale tudo” (do que eu confesso ser partidário) até os que torcem o nariz para qualquer coisa que saia do manual imaginário do que faz Star Trek ser Star Trek.

Na Cerritos, por seu turno, vemos Tendi ser desafiada por T’Ana a escanear membros da população que se recusaram a fazer o simplíssimo e instantâneo check-up médico, que funciona como uma gag intermitente que se resolve com Tendi descobrindo que a própria T’Ana evadiu o exame. Além disso, há a simpática linha narrativa em que vemos a experiente capitã Freeman cair em um “golpe espacial” do comprador de chifres que foge da superfície do planeta, em que ele finge que o raio trator causou a destruição de sua nave somente para fazer com que ele seja “indenizado”. Novamente, aqui vemos uma estrutura quase de esquete sendo usada para ser intercalada com a movimentada história principal que conta até mesmo com os hábitos sexuais – e voyeurísticos – dos mugatos.

No final das contas, porém, Mugato, Gumato é apenas um bom episódio da série que não oferece a celeridade casada com esperteza dos três episódios anteriores da temporada. É, espero, apenas um intervalo, a proverbial calma entre tempestades para dar um tempo ao espectador, já que esse tipo de episódio não sustenta a proposta da série e, portanto, não pode de forma alguma se tornar algo próximo do padrão.

Star Trek: Lower Decks – 2X04: Mugato, Gumato (EUA, 02 de setembro de 2021)
Showrunner: Mike McMahan
Direção: Jason Zurek
Roteiro: Ben Rodgers
Elenco (vozes originais): Tawny Newsome, Jack Quaid, Noël Wells, Eugene Cordero, Dawnn Lewis, Jerry O’Connell, Fred Tatasciore, Gillian Vigman, Anthony Atamanuik, Robert Gilbert, Tom Kenny, Phil LaMarr,
Tom Kenny
Duração: 25 min.

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