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Crítica | Star Trek: Prodigy – 1X06 e 1X07: Kobayashi/First Con-tact

Simulação de capitão e primeiro contato.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas dos demais episódios e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

Inicialmente, peço desculpas pelo atraso da crítica do sexto episódio na semana passada. Confesso que me esqueci completamente do retorno da animação, o que não diz muito sobre a obra, não é mesmo? Apesar da minha memória falha, cá estamos (em plural na minha cabeça, pois me pergunto se alguém está acompanhando a série comigo), com as críticas dos dois últimos episódios de Prodigy após retornar do hiato em dezembro (escritas num contexto em que eu vi um, escrevi e depois vi o outro para escrever).

1X06: Kobayashi

Como pode ser visto na imagem acima (apesar da qualidade ruim, da qual peço desculpas), Kobayashi traz vários personagens clássicos da franquia Star Trek. Como parte de uma simulação, Dal passa grande porção do episódio em um exercício holográfico da Protostar para testar suas qualidades como capitão. É um bloco um tantinho repetitivo e visualmente pouco inventivo com a situação inerte de naves Klingon destruindo o protagonista e sua tripulação, mas é outra dinâmica interessante dentro da proposta de Prodigy de ir, agora, não só apresentando esse universo para nossos refugiados, como também de torná-los uma tripulação digna da Frota Estelar.

Durante a simulação, Dal é acompanhado por Spock, Uhura, Odo, Scotty e Beverly Crusher. As referências com figuras clássicas de diferentes séries da franquia proporcionam uma homenagem bem bonita durante o capítulo. Claro que é um tributo mais próximo de uma piscadela para trekkers do que realmente nostalgia envolvida na narrativa, conforme os tripulantes famosos quase não têm diálogos ou papel de grande importância na trama. Mas continua sendo uma homenagem carinhosa, ainda que simples, e que especialmente não detrai do foco no arco de Dal. O personagem continua sendo divertido, e sua dinâmica com Spock e companhia é o mais próximo de risadas que tiramos do humor infantil de Prodigy, mas seu aprendizado é a lição mais importante aqui.

O desenvolvimento dramático até o momento de assimilação de Dal do que verdadeiramente é ser um capitão é criativamente genérico, mas o carisma do roxinho com sua personalidade arrogante e assumindo a missão de forma caótica ao som de rock’n’roll continua deixando Dal um personagem muito simpático de acompanhar. O pequeno momento com Spock comparando Dal à Kirk é também muito terno. Como sempre digo, Prodigy é um show extremamente infantil, então extrair muita substância dramática da obra é difícil, mas os showrunners sabem como fazer bons arcos dentro de suas limitações de lições morais para crianças.

Ademais, Kobayashi desenvolve em segundo plano a trama sobre os mistérios por trás da nave Protostar. Após a fuga no capítulo anterior, a trupe percorreu uma distância intergaláctica teoricamente impossível mesmo para naves da Federação, e, ao investigar o caso com Janeway, Gwyn descobre que há registros confidenciais dentro das memórias da personagem. O mistério está em estágios iniciais no episódio, mas já traz um impulso narrativo mais intrigante de seguir na série para além das aventuras de descoberta e deslumbramento do grupo principal. Há uma camada de ligação da história da nave com a raça de Gwyn e seu pai, como também uma possibilidade da Protostar ser um protótipo secreto da Federação com a participação surpresa de Chakotay (outro personagem famoso do cânone). Confesso que Kobayashi é melhor do que tem o direito de ser, já que é novamente um episódio genérico de Prodigy, mas o aprendizado de Dal é bacana em suas limitações visuais e dramáticas, enquanto estou genuinamente intrigado pelas respostas da criação da Protostar e mal posso esperar para nosso grupo entrar em contato com a Federação.

1X07: First Con-tact

No sétimo episódio de Prodigy, a parte do lore de ST apresentada para nosso grupo principal é, como o título indica, o primeiro contato com uma civilização que desconhece vida alienígena. É, talvez, o episódio “mais Star Trek” da animação até aqui, trazendo um molde de história extremamente comum nas várias séries/filmes da franquia. No entanto, diferente de um contato normal de uma nave da Frota Estelar, a trupe parte em direção ao planeta não necessariamente com boas intenções e desconhecendo a importância e as consequências do primeiro contato de uma civilização com formas de vida alienígenas, apesar dos avisos de Janeway.

A expedição acontece após a Protostar receber uma mensagem de socorro. Porém, Dal rapidamente nota que o sinal é um golpe, vindo de Nandi, a líder da nave Damsel e responsável pela criação de Dal antes dele ter sido capturado para trabalhar nas minas de Tars Lamora. Após o reencontro, Nandi pede a ajuda do seu “filho” para pegar um cristal da tal civilização descrita, usando o velho golpe de trocar ouro por espelho entre colonizadores e nativos. Mesmo receoso, Dal decide confiar em Nandi e parte com sua tripulação para o planeta desértico com a desculpa de encontro diplomático. Como esperado, a situação não dá certo e Nandi se mostra uma vigarista de marca maior, inclusive confessando que vendeu Dal para a colônia de mineração.

Inicialmente, First Con-tact funciona como um pequeno interlúdio filler da trama principal apresentada no episódio anterior em torno dos segredos da existência da Protostar. É estruturalmente esperado considerando o encadeamento episódico das várias séries de ST e seus capítulos mais contidos e ordinários. Mas confesso que fiquei com uma pontinha de decepção pela mudança de curso, pois comecei o episódio genuinamente interessado nos desdobramentos do que aconteceu com o capitão Chakotay e sua tripulação. Mas meu principal incômodo é em como o roteiro substituiu uma investigação narrativamente estimulante por esse drama apático e previsível entre Dal e Nandi, a velha história do vigarista passando a perna na sua cria ingênua.

Por um lado positivo, a premissa sem graça do episódio nos proporciona uma expedição conceitualmente cativante para Prodigy. Apresentar ST para o grupo principal é a principal proposta da animação, e o primeiro contato já é fascinante por si só, então esse núcleo deixa o saldo do capítulo razoavelmente positivo. Visualmente, os animadores continuam sofrendo para criar boas sequências de ação ou um nível de criatividade cinematográfica que fuja do básico. Mas a civilização e seu planeta em si são esteticamente fascinantes, seja seu ambiente desértico com planos abertos, sua forma de comunicação por frequências através da areia e o próprio visual fantástico das criaturas. Mesmo faltando um dinamismo visual para deixar as aventuras mais divertidas, e eu desgostando do caminhos dramáticos e o desvio da narrativa principal, First Con-tact mantém um certo nível de qualidade com o primeiro contato (cheio de péssimas consequências) com um raça esteticamente e linguisticamente cativante.

Star Trek: Prodigy – 1X06 e 07: Kobayashi/First Con-tact (EUA, 06 de janeiro de 2022 e 13 de janeiro de 2022)
Showrunners: Kevin Hageman, Dan Hageman
Direção: Alan Wan (1×06); Steve Ahn, Sung Shin (1×07)
Roteiro: Kevin Hageman, Dan Hageman (baseado na obra de Gene Roddenberry)
Elenco (vozes originais): Brett Gray, Ella Purnell, Jason Mantzoukas, Angus Imrie, Rylee Alazraqui, Dee Bradley Baker, Jimmi Simpson, John Noble, Kate Mulgrew
Duração: 45 min.

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