- Há spoilers. Leia, aqui, as críticas dos demais episódios e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.
Ah, adoro como Prodigy continua me surpreendendo! Depois do divertido Mindwalk, temos a season finale, dividida em duas partes sob o título Supernova, que nos dá um belíssimo clímax para a trama principal contra o Diviner e também um fechamento digno para os arcos individuais e coletivos da tripulação do Protostar.
Sem muitas reviravoltas ou mudanças de curso, a reta final da narrativa é extremamente previsível: os jovens salvam o universo; se “redimem” com a Federação; e acabam sendo aceitos para se juntar à Frota Estelar. A previsibilidade, porém, não tira o charme da dupla de episódios, lidando com um certo nível de tensão elegante para a audiência de pequenos, incluindo uma sucessão de problemas narrativamente bem composta com o desenvolvimento da vilanesca parceira de Diviner (muito bem dublada, diga-se de passagem) como a antagonista principal, junto do ataque da Protostar e a subsequente explosão da nave.
Tecnicamente falando, a animação continua com suas limitações, mas temos bons momentos de batalha, com destaque para as sequências espaciais quando Dal inicias as manobras evasivas. A saída do roteiro com a explosão da nave em movimento parece tirada da cartola, mas é uma desculpa narrativa bem utilizada para o espaço emotivo com a despedida da Janeway mentora do grupinho. Chega a ser surpreendente o quanto sua “morte” e a gravação são tocantes em suas camadas de liderança, mentoria e até mesmo maternidade.
Isso acontece porque em seu cerne, Prodigy abraça com orgulho e devoção os fundamentos da franquia sobre companheirismo, dever e nobreza. Por muitas vezes, citei que a animação era uma grande apresentação desse universo para a audiência infantil e para os próprios personagens, mas, como a Janeway mesmo disse, os jovens se tornaram os exemplos do que a Frota Estelar defende. É por isso que o arco é tão orgânico, tão charmoso, ainda que telegrafado com os protagonistas se tornando os heróis e os cadetes que sonhavam em ser.
A morte de Diviner traz um toque de melancolia, com destaque para a animação do personagem se “dissolvendo”, e o romance de Dal e Gwyn trazem um contraste de ternura que adicionam mais algumas camadas de bons elementos dramáticos para uma série que pode parecer superficial, mas que é incrivelmente carismática. A vitória, o discurso de Janeway perante a Federação e os personagens se juntando à Frota são os elementos finais de uma narrativa extremamente amarrada e orgânica. Gwyn separando-se do grupo para ir ao seu planeta natal é apenas a cereja do bolo que pavimenta a animação para a trama da segunda temporada.
Star Trek: Prodigy – 1X19 e 20: Supernova | EUA, 2022
Showrunners: Kevin Hageman, Dan Hageman
Direção: Sung Shin
Roteiro: Kevin Hageman, Dan Hageman (baseado na obra de Gene Roddenberry)
Elenco (vozes originais): Brett Gray, Ella Purnell, Jason Mantzoukas, Angus Imrie, Rylee Alazraqui, Dee Bradley Baker, Jimmi Simpson, John Noble, Kate Mulgrew
Duração: 24 min.
