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Crítica | Star Trek: Strange New Worlds – 1X08: The Elysian Kingdom

Era uma vez...

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

The Elysian Kingdom me lembra um pouco Ghosts of Illyria, no sentido de que são episódios com desfechos emocionalmente poderosos, mas com roteiros em volta que não são tão interessantes quanto as mensagens finais. A premissa da aventura é simples, onde temos um episódio focado em M’Benga, no qual a Enterprise acaba sendo transformada no cenário do livro infantil que o doutor lê para sua filha Rukiya. Toda a tripulação, com exceção do próprio M’Benga e Hemmer, se tornam figuras de contos-de-fadas do reino que dá título ao episódio. Os dois personagens, então, precisam descobrir como trazer as coisas de volta ao normal.

Não sei se é meu amor pelo universo de Duna falando alto, mas eu adoro quando obras misturam ficção científica com fantasia. Parece que a combinação sempre leva a história para um rumo espiritual, algo que também vemos em obras sci-fis mais existencialistas e contemplativas. The Elysian Kingdom não assume exatamente a fantasia, considerando que é uma nébula senciente que cria as ilusões na nave, levando o cenário da história mais para o estilo de episódios holodeck da franquia, mas é perceptível a pegada metafísica do roteiro.

Toda a condução da narrativa é basicamente uma alegoria para o luto de M’Benga, desde esse ser meio divino, inclusive representado com a cor magenta, típica de histórias mais etéreas, até pequenas pistas como a palavra Elysian que indica o paraíso da mitologia grega. Aliás, a difícil escolha do doutor na cena final encapsula com muita comoção toda a ideia de que ele está perdendo sua filha. Mas, claro, como estamos na utopia otimista de ST, e também num cenário tirado de mitos fantasiosos, Rukiya não apenas morre, ela ganha uma segunda chance nas estrelas. Há sacrifício, mas também há um toque de ternura e de esperança no reencontro que muitos pais por aí adorariam. É um desfecho realmente bonito.

No entanto, como expus nas primeiras linhas da crítica, o episódio como um todo não tem a mesma excelência dos momentos finais entre pai e filha. A pegada da história é mais infantil, o que eu até gosto, mas tanto o roteiro quanto a direção não conseguem extrair muita substância da aventura, nem criar um tom realmente fantasioso no interior da nave – confesso que fiquei decepcionado com a falta de criatividade da produção, basicamente parando no figurino para representar o cenário do livro. Também acredito que a narrativa se beneficiaria de mais interações entre M’Benga e Rukiya durante a aventura, lutando juntos, se divertindo juntos, e dando uma camada extra de ternura familiar para além das últimas cenas do capítulo.

Além disso, a comédia infantil funciona, em certa medida. Hemmer foi um divertido e improvável parceiro, e o restante do elenco interpretando diferentes personas rende algumas risadas. Se todos os atores entendessem a caricatura da história e tivessem o timing cômico de Anson Mount, teria sido um episódio melhor ainda – sério, eu não consigo parar de elogiar esse cara, pois ele simplesmente entende a franquia, seja seus momentos dramáticos, seja suas situações mais bobas e sarcásticas. No fim, The Elysian Kingdom ainda é uma belíssima alegoria para a separação de M’Benga e Rukiya. Que ela seja livre e feliz no paraíso estelar, e que ele encontre novos objetivos na Enterprise!

Star Trek: Strange New Worlds – 1X08: The Elysian Kingdom (EUA, 23 de junho de 2022)
Desenvolvimento: Akiva Goldsman, Jenny Lumet, Alex Kurtzman (baseado em personagens criados por Gene Roddenberry)
Direção: Amanda Row
Roteiro: Akela Cooper, Onitra Johnson
Elenco: Anson Mount, Ethan Peck, Jess Bush, Christina Chong, Celia Rose Gooding, Melissa Navia, Babs Olusanmokun, Bruce Horak, Rebecca Romijn
Duração: 57 min.

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