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Crítica | Star Trek: Strange New Worlds – 3X04: A Space Adventure Hour

Olhando para o próprio universo.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

Star Trek: Strange New Worlds sempre encontrou prazer em alternar entre tons, estilos e atmosferas, mas em A Space Adventure Hour, o quarto episódio da terceira temporada, essa versatilidade ganha contornos de autoanálise e comentários metalinguísticos da franquia. Trata-se de um episódio que se permite brincar com a própria tradição desse universo, apesar de não entregar muita coisa além dessa brincadeira meta. A premissa é simples: ao colocar La’an no centro de uma simulação holográfica inspirada em uma série pulp da infância da personagem, o episódio cria um palco onde memória afetiva, tecnologia experimental e humor encontram a ficção científica.

A proposta da tal simulação é, à primeira vista, uma brincadeira, com um protótipo de sala de recreação, anterior ao que seria o holodeck, usado como experimento científico a bordo da Enterprise. A missão principal da nave parece tranquila, mas, como sempre, o perigo se instala quando o imprevisível se infiltra no cotidiano. Quando o sistema se desestabiliza e aprisiona La’an em um enredo pastiche de aventura espacial whodunnit, a narrativa se bifurca: de um lado, La’an bancando a detetive durona navegando um mundo retrô cheio de estereótipos caricatos em um programa que não controla mais; de outro, Scotty tentando tudo que pode para não deixar a IA sugar toda a energia da nave.

Ao reconstruir os membros da tripulação em versões caricaturais dentro da simulação, o episódio brinca com a familiaridade do espectador com esses rostos. O humor está bastante presente nesses momentos, com interpretações cheias de caras e bocas (Paul Wesley é particularmente divertido com suas feições forçadas na atuação do seu personagem, enquanto Anson Mount acerta o tom de um escritor excêntrico com o pior penteado da galáxia). A estética pulp, os figurinos exagerados, a fotografia saturada, o design de produção clichê de qualquer obra de investigação e os diálogos intencionalmente bregas divertem até certo ponto, com o quarto episódio entregando uma comédia razoável.

Passado disso, porém, o texto é bem mequetrefe. Existe algum argumento ali para explorar o trauma e a carência de conexão de La’an, mas nada de muito substancial para chamar a atenção. A narrativa também carece de qualquer nível de tensão ou de criatividade na resolução do enigma. E, por fim, não compro esse romance entre a personagem e Spock, meio marretado na audiência depois do ainda muito recente término do vulcano com a médica. Os personagens seguem carismáticos, e aprecio o protagonismo dado à La’an, mas o episódio como um todo não corre riscos, não provoca, não indaga e não cativa, apostando bastante numa nostalgia e num tributo metalinguístico que fica entre homenagem e exagero. O humor diverte, sim, mas em certos momentos, a paródia da ficção científica clássica se estende mais do que deveria, tornando o ritmo do episódio um pouco arrastado.

No final, quando o programa é encerrado e a Enterprise retoma sua rota, a pegada caricatural e paródica se mostra uma decoração para a ideia de que a ficção científica, mesmo quando tosca ou artificial, pode nos transformar de formas que nem sempre conseguimos prever, o que acontece com La’an e Spock, mesmo que não da forma orgânica e intensa que poderia ser. Mas tudo isso é raso demais, com A Space Adventure Hour não passando de um pastiche divertido.

Star Trek: Strange New Worlds – 3X04: A Space Adventure Hour (EUA, 31 de julho de 2025)
Desenvolvimento: Akiva Goldsman, Jenny Lumet, Alex Kurtzman (baseado em personagens criados por Gene Roddenberry)
Direção: Jonathan Frakes
Roteiro: Dana Horgan, Kathryn Lyn
Elenco: Anson Mount, Ethan Peck, Jess Bush, Christina Chong, Celia Rose Gooding, Melissa Navia, Babs Olusanmokun, Rebecca Romijn, Martin Quinn, Carol Kane, Dan Jeannotte, Melanie Scrofano, Cillian O’Sullivan
Duração: 48 min.

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