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Crítica | Star Trek: Strange New Worlds – 3X05: Through the Lense of Time

O resultado da negligência.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

Apesar do subtítulo Strange New Worlds, a série nem sempre foca tanto numa abordagem narrativa de exploração. Boa parte dos episódios são dentro da nave ou então capítulos de ação/guerra espacial. É por isso que, quando algo como Through the Lense of Time aparece, eu fico muito animado. Adoro quando o seriado de fato investe em uma trama de contato com civilizações novas, perigos ancestrais e todos os elementos que fascinam quem curte uma boa história de aventura e de descobrimento no vasto universo de Star Trek. Aqui, esse impulso se traduz em uma escavação literal de um templo alienígena antigo, incluindo artefatos misteriosos e até um documentarista a bordo.

A missão começa com um tom leve: uma escavação liderada por Chapel, acompanhada por um relutante Spock, La’an, Uhura, Beto Ortegas, Korby e o jovem Dana Gamble, que parte em sua primeira missão terrestre. O objetivo é estudar ruínas de uma civilização aparentemente extinta e que pode ter contato com a história dos locais. A curiosidade científica vibra entre os personagens e o episódio parece apontar para mais uma aventura arqueológica típica da franquia, incluindo ótimos efeitos especiais e design de produção para um templo secreto futurístico. Mas à medida que uma esfera alienígena é descoberta, eventos estranhos começam a se multiplicar, com um ataque que leva à cegueira repentina de Gamble, a desintegração do guardião N’Jal e a incapacidade da tripulação de deixar o local. Subitamente, a narrativa desliza do otimismo da exploração para o desconforto do desconhecido, novamente flertando com elementos de terror.

Fiquei positivamente surpreso com a linha narrativa de Gamble. Não só pela violência gráfica, mas pela densidade do arco do personagem, que revela o perigo desse trabalho por trás do entusiasmo, algo marcado aqui pelo remorso e culpa de M’Benga. Não diria que é uma abordagem necessariamente cínica, mas certamente é sombria e com toques de crueldade à medida que Gamble descobre não só ter perdido os olhos, como também estar sendo possesso por uma criatura Vezda, raça que é introduzida aqui como algo antigo e maquiavélico. Durante o bloco na nave, a ação é mais subsidiária para o peso dramático e para a dissimulação da criatura, com o texto aproveitando a transformação de Batel para discutir o complexo tópico de mudança genética, algo caro à franquia há muito tempo – todo o curto, mas melancólico núcleo dela com Pike é uma bela forma de amarrar as consequências dos episódios anteriores.

Já em relação ao bloco da equipe que fica no templo, tenho algumas ressalvas. Os pequenos enigmas, as tecnobaboseiras e a gradual revelação de que o local é, na verdade, uma prisão, são características que apreciei, passando pelos jogos de perspectiva e as referências sci-fis. Os desdobramentos e reviravoltas são simples, porém eficientes, mas a premissa de todo o episódio se baseia em algo estranho: a imprudência do grupo, em especial Chapel e Korby. A irresponsabilidade dos personagens nas tomadas de decisões chega a ser irritante e, honestamente, meio idiótica por parte de figuras, em tese, experientes, com as pequenas reclamações de Spock servindo de pouca resistência. Tudo que acontece com Gamble é culpa de Chapel e companhia e o roteiro não faz muita questão de deixar isso claro, o que não gostei muito. Se Ortegas foi repreendida por manobras evasivas, então Chapel merecia um esporro de todo mundo, algo que, espero, não seja esquecido nos próximos episódios.

Mesmo com essas conveniências de descuidado do grupo, Through the Lense of Time aborda um bom debate científico sobre as consequências da curiosidade desacompanhada de cautela, e de como a euforia de ser parte da Federação pode esconder o quão perigoso é a profissão. O arco de Gamble, apesar de rápido, é denso o suficiente para deixar uma boa marca na série, além de apresentar uma nova raça antagonista que promete muito, ainda mais se, além de tomarem indivíduos, possam assimilar tecnologia, como o gancho final indica. As frases de Pelia ao longo do episódio são de arrepiar e prometem um grande conflito. Para além de promessas para o futuro, o capítulo é um ótimo episódio de exploração e de descobrimento, não só de novas civilizações, mas dos personagens também. Que venham novos capítulos sobre estranhos mundos e estranhas criaturas, mas que tenha uma lição aprendida aqui.

Star Trek: Strange New Worlds – 3X05: Through the Lense of Time (EUA, 07 de agosto de 2025)
Desenvolvimento: Akiva Goldsman, Jenny Lumet, Alex Kurtzman (baseado em personagens criados por Gene Roddenberry)
Direção: Andi Armaganian
Roteiro: Onitra Johnson, Davy Perez
Elenco: Anson Mount, Ethan Peck, Jess Bush, Christina Chong, Celia Rose Gooding, Melissa Navia, Babs Olusanmokun, Rebecca Romijn, Martin Quinn, Carol Kane, Dan Jeannotte, Melanie Scrofano, Cillian O’Sullivan
Duração: 55 min.

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