Home QuadrinhosArco Crítica | Star Wars #31 a 38 (Marvel – 1980)

Crítica | Star Wars #31 a 38 (Marvel – 1980)

por Ritter Fan
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Espaço: Tatooine, Junction
Tempo: A Rebelião – Eventos a Batalha de Yavin e O Império Contra-Ataca

Depois de três anos bem sucedidos na expansão do Universo Star Wars em quadrinhos, a Marvel Comics aproximava-se de um momento importante, o lançamento de O Império Contra-Ataca nos cinemas em meados de 1980. No lugar de parar suas mensais da franquia e criar edições dedicadas ao vindouro grande evento, a editora simplesmente continuou normalmente a publicar suas histórias ao longo do ano, brilhantemente costurando os eventos de Império dentro das edições #39 a 44, algo que seria impensável nos dias de hoje. Com isso, os leitores da época não sofreram qualquer solução de continuidade e puderam muito facilmente continuar acompanhando as publicações mês a mês normalmente. A crítica abaixo, portanto, aborda as edições #31 a 38 de Star Wars, que são todos os números do ano de 1980 que antecederam a adaptação de Império.

Diferente das edições anteriores, normalmente compostas de arcos curtos e diversos one-shots, os números 31 a 37 contam uma história única dividida envolvendo a família Tagge que é dividida em duas partes bem definidas, mas completamente conectadas. Apenas a edição #38 é solta, mas chegarei nela no devido tempo.

Com a introdução do Barão Tagge no arco anterior sobre o cerco a Yavin IV, o vilão de visão cibernética cortesia do sabre de luz de Darth Vader volta para uma vingança dupla contra o Lorde Sith e Luke Skywalker que frustrara seus planos.  Com ajuda de Silas, seu irmão cientista, e de Ulric, seu irmão comandante de um cruzador imperial, o barão (cujo primeiro nome é Orman) faz um experimento em Tatooine com o objetivo de criar uma arma capaz de colocá-lo em boa luz perante o Imperador ao mesmo tempo que espera que Luke apareça por ali por ser sua terra natal.

O leitor precisa aceitar o estilo de vilão de James Bond que Orman inegavelmente é, com tudo o que decorre daí: armas mirabolantes (no caso uma que congela tudo) e planos mais ainda que dependem de uma boa quantidade de coincidências e conveniências. Se aceitar, a história funcionará. Caso contrário, tudo não passará de um exercício em exageros e bravatas. Feita a ressalva, claro que Luke acaba em Tatooine e, coincidentemente, ainda esbarra em Han Solo e Chewbacca na boa e velha cantina de Mos Eisley, com o grupo não demorando e acabando no meio do deserto, sendo ajudados por Jawas. E, também sem demora, eles testemunham a arma de Tagge em pleno funcionamento e enfrentam o vilão no planeta.

Há espaço, também, para Luke reconectar-se com Fixer e Camie, seus amigos de juventude junto com Biggs, que foram cortados de Uma Nova Esperança, mas cujos trechos filmados podem ser encontrados por aí. É, nessa primeira parte, uma aventura simples, mas fluída e simpática, além de sempre dinâmica ao revisitar o primeiro planeta da saga. Na segunda parte do arco, Luke é atraído para uma complexa armadilha armada pela bela Domina Tagge e por ninguém menos do que Darth Vader no planeta Monastery. Novamente, o jogo de vingança é o que movimenta a trama, além de finalmente Vader descobrir a identidade do rebelde responsável pela destruição de Estrela da Morte. 

Há muitas idas e vindas e traições duplas, além de surpresas, mas Archie Goodwin consegue costurar uma narrativa que nunca perde o fôlego e prende a atenção do leitor constantemente. Além disso, ele conseguem colocar Luke e Vader em confronto, mas sem ferir a lógica do filme que estrearia naquele ano, ainda que não haja exatamente um gancho narrativo completo que leve até Império. Toda essa história lidando com a família Tagge foi desenhado por Carmine Infantino, com seu estilo muito característico e quase “deformado” para os Stormtroopers, Vader e com rostos humanos “de boneca”. É uma arte que exige costume e gosto adquirido, mas que funciona muito bem a partir do momento em que o leitor se acostuma. 

A edição #38, como já disse, conta uma história fechada e sem conexão com o que veio antes e o que viria depois. Trata-se de um filler que foi fruto de um problema de planejamento editorial, já que a edição anterior já mencionava que a seguinte seria o começo de Império. Aqui, Luke e Leia enfrentam uma nave voo-mecânica depois que sua fuga de um cruzador imperial. A história de Goodwin é quase lisérgica, bebendo de sci-fi “viajante” que, confesso, não funciona muito bem no contexto de Star Wars. Mesmo assim, a leitura é boa e fácil, por vezes até emocionante. 

Preparando o leitor para o melhor filme da saga sem realmente adiantar nada ou dar sequer pistas do que aconteceria – até porque duvido que a Lucasfilm tenha informado algo para a Marvel Comics — as edições de 1980 da clássica publicação de Star Wars que ainda teria vida longa e próspera são um deleite. A Força realmente estava com Archie Goodwin!

Star Wars #31 a 38 (Idem, EUA)
Roteiro: Archie Goodwin
Arte: Carmine Infantino, Michael Golden
Arte final: Bob Wiacek, Gene Day, Terry Austin
Letras: Jim Novak, John Costanza, Joe Rosen
Cores: Carl Gafford, Petra Goldberg, Nelson Yomtov, Michael Golden
Consultoria editorial: Jim Shooter
Editoria: Archie Goodwin, Danny Fingeroth
Editora (nos EUA): Marvel Comics
Data de publicação original: janeiro a agosto de 1980
Páginas: 18 (por edição)

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