Home QuadrinhosMinissérieCrítica | Star Wars: A Ascensão Skywalker (Marvel Comics)

Crítica | Star Wars: A Ascensão Skywalker (Marvel Comics)

Uma minissérie seis anos atrasada.

por Ritter Fan
106 views

Apesar de não existir crítica atrasada, meus comentários publicados hoje, em 18 de junho de 2025, sobre a minissérie que adapta Star Wars: A Ascensão Skywalker, filme lançado em 2019, estão longe de serem atrasados já que a quinta e última edição da HQ da Marvel Comics foi lançada há uma semana, com a primeira delas tendo sido publicada em fevereiro deste mesmo ano. Ou seja, não há crítica atrasada, mas certamente há adaptação atrasada e minha única razão para me dedicar a ler e fazer a crítica dessa obra é meu T.O.C. ter apitado alto quando cheguei a pensar em deixar para lá e ignorar essa palhaçada do Conglomerado do Camundongo.

Pois palhaçada é o que isso é, palhaçada essa que começou quando a Disney resolveu acovardar-se diante do histerismo do fandom que gritou quando viu Os Últimos Jedi, um filme muito imperfeito, mas para lá de corajoso, e mudou completamente de rumo, entregando um terceiro capítulo da Trilogia Sequência que não tem absolutamente nenhuma relação com o que veio antes e que inventa uma completamente nova linha narrativa que traz de volta o Imperador Palpatine e um novo Império secreto, além da Nova Ordem. A história é tão inane e tão sem pé nem cabeça que não tem minissérie em quadrinhos que consiga chegar próxima de curar seus problemas, como foi o caso das adaptações da Trilogia Prelúdio pela Dark Horse Comics. Portanto, a única pergunta que posso tentar responder é: como minissérie em quadrinhos, a obra de Jody Houser, que deveria ter sido publicada em 2020, mas não foi porque “oficialmente” a Marvel Comics decidiu rearrumar seus lançamentos em razão da pandemia (explicação que não compro nem por um segundo), tem algum valor que vá além do que o roteiro imbecilizante de Chris Terrio e J.J. Abrams foi?

E a resposta é um surpreendente sim. Claro que Houser, tendo escrito a HQ em 2020 – provavelmente alterando-a posteriormente, mas nunca saberemos, eu acho – ficou presa ao que adaptações em quadrinhos recentes costumam ser, ou seja, transliterações do que foi colocado nas telonas. Todo o final da “saga” está lá, intacto, com Kylo Ren zangado com o Imperador e, depois, enamorado de Rey, toda aquela gincana atrás de MacGuffins bobalhões e, lógico, o grande e espetacular final de Rey… Skywalker, mas Houser parece perceber os problemas estruturais dentro do próprio filme e oferece alguns alentos ao, por exemplo, trabalhar melhor a conexão de Rey com Leia, dar a Rose Tico uma participação mais orgânica na narrativa ou fazer de Chewbacca o guerreiro que ele é e não o mané que é capturado em um estalo pelos Cavaleiros de Ren. São elementos e “melhorias” que teriam beneficiado um filme fraquíssimo (em retrospecto, reconheço que a nota que dei para ele foi alta demais, mas agora é tarde), ainda que nem de longe significassem uma transformação completa. Na HQ, se fizermos o esforço mental (e é um BAITA esforço, pelo menos para mim) em esquecer que ele é um quadrado sendo enfiado a marretadas em um triângulo, essas alterações levam a uma fluidez maior para a história como um todo e a impressão (só impressão mesmo) de que houve um planejamento minimamente decente para essa aberração.

E Will Sliney, na arte, dá-se o luxo de trabalhar suas páginas com belos splashes que fazem uso por vezes excelente dos quadros e das sarjetas, criando narrativas paralelas que poderiam muito facilmente figurar em obras de gabarito mais alto. Não sou particularmente fã da maneira como ele desenha rostos humanos ou lida com a movimentação de corpos, mas, assim como Houser no texto, ele sabe escolher os momentos para fazer suas páginas brilharem, mesmo que esse brilho venha já manchado e semiapagado pelo que A Ascensão Skywalker é, algo que, obviamente, não é culpa dele.

Quase seis anos depois, posso fechar em definitivo esse “livro” sobre A Ascensão Skywalker e esperar que tempo suficiente passe para eu lembrar apenas muito por alto que, um dia, a Disney teve a pachorra de encerrar sua trilogia dessa maneira. Pelo menos a mesma empresa foi responsável por maravilhas nesse universo – sim, maravilhas! – que ajudam a enterrar essa pataquada de uma vez por todas ou, claro, contribuir para deixar o tempo passar para acontecer como aconteceu com a Trilogia Prelúdio que, hoje, vem recebendo muitos elogios tardios (não de mim, que fique bem claro).

Star Wars: A Ascensão Skywalker (EUA, 2025)
Contendo:
 Star Wars: The Rise of Skywalker #1 a #5
Roteiro: Jody Houser (com base em roteiro de Chris Terrio, J.J. Abrams)
Arte: Will Sliney
Cores: Guru-eFx
Letras: Travis Lanham
Editoria: Tom Groneman, Drew Baumgartner, Mikey J. Basso, Mark Paniccia, C.B. Cebulski
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: 26 de fevereiro, 26 de março, 30 de abril, 28 de maio e 11 de junho de 2025
Páginas: 128

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais