Home QuadrinhosMinissérie Crítica | Star Wars: Alvorecer dos Jedi – Tempestade da Força

Crítica | Star Wars: Alvorecer dos Jedi – Tempestade da Força

por Luiz Santiago
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estrelas 2,5

Não há ignorância; há o conhecimento.

Não há medo, há o poder.

Eu sou o coração da Força.

Eu sou o fogo revelador da luz.

Eu sou o mistério das trevas,

Em equilíbrio com o caos e harmonia,

Imortal na Força.

Juramento Je’daii.
.

Espaço: Planetas Ando Prime (nas Montanhas Nevadas Andobi), Kashyyyk, Dathomir, Ryloth, Manaan, Thyton, Tatooine, Byss (Núcleo da Galáxia, centro do Império Infinito dos Rakata), Furies Gate (Sistema Thyton), Shikaakwa (Sistema Thyton) / A Fenda (lugar “místico” de Thyton).

Tempo: 36.453 a.BY (chamado das Tho Yor aos sensíveis à Força) / 25.805 a.BY (Guerra Déspota) / 25.793 a.BY (ano principal da história).

Ao se aventurar pelos primórdios do universo de Star Wars, o leitor pode se dividir em dois caminhos bem diferentes, quase como se seguisse um dos lados da Força. O primeiro desses caminhos é simplesmente idolatrar a história criada por John Ostrander, uma jornada mística sobre a Força, a origem da dominação sobre ela e os primórdios do que seria muito melhor conhecido nos tempos da Velha República. Já o segundo caminho é de rejeição parcial à história pela confusão e extrema pressa do roteirista ao contar esses eventos primordiais. Eu, por exemplo, faço parte desse segundo grupo de leitores. E em seguida explico por quê.

Lançada em 2012, a minissérie Alvorecer dos Jedi: Tempestade da Força, com 5 edições + uma edição #0 que descreve detalhes sobre personagens e lugares que encontraremos nas revistas, mostra o “início de tudo”. No começo da primeira edição aprendemos sobre as oito naves piramidais chamadas Tho Yor que foram enviadas pelo Universo pela Força da Tho Yor nº 9, a maior e mais poderosa de todas, para convocarem os indivíduos sensíveis à Força. Agora vejam vocês: estamos no ano 36.453 a.BY, ou seja, tudo é a mais absurda novidade. Precisamos de detalhes, justificativas e explicações, já que temos aqui uma mídia do Universo Expandido de SW narrando um assunto raro. Mas o roteirista John Ostrander parece que não se importou muito com isso não.

Vemos as Tho Yor recolhendo rapidamente sencientes pela Galáxia; dos Monges Talid da ordem Dai Bendu (cuja língua criará o termo Je’daii, que significa “centro místico”, a primeira Ordem a trabalhar com a Força antes dos Jedi), até Guerreiros Wookiee, pajés e videntes, filósofos Twi’lek e cientistas e estudiosos Selkath, todos encontrando algum “benefício” vindo com a Tho Yor: revelação, paz, harmonia, esclarecimento ou sabedoria. Mas tudo isso acontece em poucos quadros. As explicações são insanamente objetivas e, ao invés de terem uma espécie de compensação no decorrer da minissérie, acabam gerando um espaço para batalhas pouco atrativas e constatações óbvias, um drama que destoa do caráter principal da minissérie.

Tatooine

Nos áureos tempos de Tatooine, a invasão dos Rakata.

Ou seja, mesmo com ideias muito curiosas sobre os acontecimentos antes da Velha República, temos a incômoda constatação de que apenas tocamos a superfície desse universo. Para um olhar mais otimista isto pode parecer positivo. Mas imaginem que preencher esses buracos narrativos não seja algo tão fácil ou interessante, e será bem difícil imaginar uma história que complemente essa revelação encontrada pelos povos sencientes à Força. A oportunidade de fazer uma minissérie excelente (e um pouco mais longa) para contar uma história sem pressa, caiu por terra e o “tempo de sobra” que o avanço inicial gerou foi usado para dar destaque a algo óbvio e pouco interessante.

Junto a essa rápida passagem primordial e a história da “tempestade” do título, temos um flashback sobre a Guerra Déspota empreendida pela Rainha Hadiya, unida aos Barões do Crime de seu planeta, Shikaakwa; e também o fim do domínio dos Rakata (ou Construtores) e seu Império Infinito, de onde os Je’daii tiraram muitas ideias de como usar a Força. Tudo isso se canaliza para o que é o assunto principal da minissérie, a tal “Tempestade”, que ocorre no planeta Tython após a chegada de um “Cão de Guarda da Força” chamado Xesh, uma espécie de “Surfista Prateado” que “farejava” sapiens sencientes à foça e os entregava para os Rakata. O final da pequena saga mostra Xesh sendo enviado para a Escura Bogan, a fim de meditar sobre a Luminosa Ashla, as duas Luas de Tython que simbolizavam o equilíbrio da Força tão prezado pelos Je’daii.

DOTJCom uma arte que funciona muito melhor em quadros de primeiro plano ou cenários de batalha (pelo nível de detalhes e qualidade dos desenhos) e um roteiro que traz informação demais em pouco tempo – deixando de explorar muita coisa boa para priorizar uma tempestade que não é nada demais – Alvorecer dos Jedi: Tempestade da Força é uma minissérie mediana. Claro que se forcarmos apenas na questão deu valor diante de Star Wars, a percepção é outra, mais emotiva e mais… cega. Mas se olharmos para o sentido de construção do roteiro, as oportunidades perdidas, a falta de detalhes para eventos que deveriam ter [muitos] detalhes, o repentino aprofundamento na psicologia de personagens completamente rasos no início e a forma confusa como a passagem do tempo é retratada, nossa opinião vai por um caminho diferente. Pelo seu valor histórico, a trama aqui é realmente sensacional. Por sua qualidade de construção e conteúdo, ela é apenas uma história mediana, mas muitíssimo válida, pois dá informações valiosas, embora reticentes, sobre o início desse sensacional mundo criado por George Lucas.

Alvorecer dos Jedi: Tempestade da Força (Star Wars: Dawn of the Jedi: Force Storm) — EUA, 2012
Editora: Dark Horse
Roteiro: John Ostrander
Arte: John Ostrander
Arte-final: Dan Parsons
Cores: Wes Dzioba
Capas: Gonzalo Flores
128 páginas

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