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Crítica | Star Wars: Andor – 1X06: The Eye

E, finalmente, a missão!

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Estar investido em uma obra audiovisual não é, necessariamente, ficar na ponta do sofá vibrando com sequências de ação engatadas uma atrás da outra, mas sim, principalmente, perceber o quanto cada personagem e cada situação tem sua razão de ser quando a construção da história finalmente paga seus dividendos. Star Wars: Andor já havia feito isso em seu primeiro arco narrativo de três episódios, que poderia ser batizado de “O Recrutamento”, levando o espectador a uma estupenda sequência de conflito em Ferrix. Agora, com The Eye, o segundo arco, que lida com “A Primeira Missão” de Cassian Andor para os Rebeldes, chega a seu fim empregando quase que toda a sua minutagem para o roubo do dinheiro do Império pelo grupo em Aldhani liderado por Vel.

Cada informação que foi lentamente ofertada sobre cada rebelde é importante para que a missão tenha peso e relevância para o espectador para além do roubo em si. Cinta, apesar de calada e de nunca mostrar nada de particularmente especial, é qualificada como a mais letal do grupo, exatamente o que vemos acontecer dentro das instalações do Império no planeta. Vel ganha uma abordagem que a coloca na tensão de ser uma líder de uma missão considerada suicida e o episódio é cuidadoso em mostrar sua hesitação, seu medo mesmo em seguir em frente. O tenente Gorn é o traidor do Império, desgostoso com o que testemunhou e que usa sua frieza para vingar-se de seu superior. Karis é o idealista que acredita profundamente na causa e, aqui, luta não só para conciliar o que Andor é em relação à Rebelião, mas também para, apesar de mortalmente ferido, cumprir sua função até o fim. Somente Taramyn ganha uma informação a mais neste mesmo episódio, criando o contexto para seu sacrifício: ele fora um Stormtrooper (talvez tudo o que Finn deveria ter sido na Trilogia Sequência).

São esses detalhes que contextualizam e enriquecem a ação em The Eye, ação essa que não deixa nada a desejar a filmes clássicos como Os Doze Condenados, O Desafio das Águias, Os Canhões de Navarone ou até mesmo Onze Homens e um Segredo. E, quando eu faço essa comparação, eu faço também para mostrar que o roteiro de Dan Gilroy não reinventa a roda e não tem vergonha alguma – e nem deveria – de usar todos os clichês de sequências assim, seja o uso de gadget para impedir as comunicações da base, ou aqueles segundos em que o oficial superior não parece reconhecer os infiltrados, ou mesmo como alguns deles morrem durante a ação.

Por outro lado, é impossível não ficar admirado com a violência demonstrada. Que violência? – alguns perguntarão. Bem, em Star Wars, violência é razoavelmente tabu e não é comum que a família de um oficial do Império seja usada como moeda de troca pelos rebeldes, especialmente com o filho pequeno dele tendo uma arma encostada em sua cabeça, com Vel ameaçando-os aberta e claramente. Não é comum também que um ataque cardíaco do mesmo oficial pai de família seja o estopim para o tiroteio que, mesmo não espalhando sangue para todos os lados – e nem poderia, pois os tiros laser cauterizam as feridas na medida que as inflige -, é bastante contundente, real, presente, algo que fica ainda mais interessante quando o momento é contrastado com o festival dos nativos do planeta e com a beleza do fenômeno atmosférico do lado de fora.

Os leitores mais atenciosos notarão que não falei de Arvel Skeen – o rebelde tatuado – quando comentei cada um dos membros do grupo de Vel. E a razão é óbvia, já que ele nos leva ao momento “da verdade” sobre Cassian Andor. Depois que os dois se conectam de diversas maneiras nos episódios anteriores, Arvel sente que pode fazer uma proposta indecente a Cassian, sugerindo que os dois fujam com o dinheiro, deixando a Rebelião na mão. A aposta de Arvel de que Cassian, mercenário que tecnicamente é, ficaria tentado com os milhões fáceis oferecidos, mostra-se um erro, com o protagonista reagindo imediatamente da maneira que sabemos que ele é capaz sempre que chega a uma situação extrema. Mas, claro, na cabeça de Vel, ainda que Karis demonstre confiar em Cassian ao pedir que seu manifesto seja entregue a ele, dúvidas pairarão e será interessante ver como o assunto será levado adiante.

Star Wars: Andor chega à metade de sua primeira temporada com outro momento climático invejável que é o deságue lógico de tudo o que veio antes e que usa toda a lenta construção dos episódios anteriores plenamente a seu favor. É Star Wars como nunca visto antes, arriscaria dizer, e uma série corajosa por não se curvar àquilo que normalmente se se deseja de séries da franquia, ou seja, pancadarias incessantes e muitos efeitos especiais. Cassian Andor ainda é o homem arredio que conhecemos no começo da série, mas suas experiências com a Rebelião começam a formar uma consciência mais ampla no personagem que, não tenho dúvida, em breve começará a aparecer com mais força. Que comece o terceiro arco narrativo da temporada!

Star Wars: Andor – 1X06: The Eye (EUA, 12 de outubro de 2022)
Desenvolvimento: Tony Gilroy
Direção: Susanna White
Roteiro: Dan Gilroy
Elenco: Diego Luna, Stellan Skarsgård, Genevieve O’Reilly, Denise Gough, Anton Lesser, Kyle Soller, Faye Marsay, Varada Sethu, Alex Lawther, Sule Rimi, Ebon Moss-Bachrach, Gershwyn Eustache Jnr, Sule Rimi, Elizabeth Dulau, Kathryn Hunter, Alastair Mackenzie, Ben Bailey Smith, Varada Sethu, Aidan Cook, Alice Haig, Richard Katz, David Hayman, Stanley Townsend
Duração: 53 min.

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