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Crítica | Star Wars: Battlefront II – Inferno Squad, de Christie Golden

por Pedro Cunha
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Espaço: Coruscant, Yavin IV
Tempo: Império Galático, entre os acontecimentos dos Episódios IV e V

Criar um produto transmídia é um grande desafio. Não é toda marca que consegue se adaptar em livros, quadrinhos, filmes, videogames e todas as outras infinitas mídias existentes. Star Wars sempre foi transmídia, com George Lucas lançando uma linha de brinquedos logo depois que a saga estreou, além de quadrinhos de enorme sucesso, seguidos de livros, séries e jogos ao longo das várias décadas desde o já longínquo ano de 1977. Toda essa visão de Lucas ganhou ainda mais força quando a Lucasfilm foi adquirida pela Disney, com a empresa usando a nova marca em tudo que se possa imaginar com ainda mais intensidade que seu criador original.

Foi com essa visão que Star Wars: Battlefront I foi lançado em 2015 e, apesar de ser muito esperado pelo público, o jogo decepcionou os fãs da saga que esperavam uma campanha single player. Ouvindo todas as criticas, a Electronic Arts resolveu lançar Battlefront II com uma história principal que acompanha as missões de um grupo imperial batizado de Inferno Squad. E, como Star Wars é um produto transmídia, era óbvio que a Disney não iria perder a oportunidade de lançar um livro que contasse a história de como o grupo surgiu.

A obra se passa logo depois da destruição da primeira Estrela da Morte. Iden Versio é uma das únicas sobreviventes do ataque, e deseja vingar-se daqueles que causaram tanta destruição ao seu amado regime. Seu pai é Garrick Versio, um almirante respeitado do Império que reúne os melhores oficiais afim de criar um esquadrão de elite, que agirá sempre nas sombras, descobrindo falhas no sistema ou infiltrando-se em território inimigo.

Tudo se passa durante uma grande missão do Inferno Squad: infiltrar-se em um grupo que pertencia a Saw Guerrera, chamado The Dreamers ou Os Sonhadores. Para fazer isso, Garrick divide seu esquadrão, cada um assumindo uma nova identidade e ingressando de forma diferente, para evitar suspeitas. Todo o arco que envolve a missão, que é a maior parte do livro, é muito interessante, sendo interessante ver os oficiais fazendo de tudo para concluir a sua tarefa.

Christie Golden, a autora do enfadonho Star Wars: Dark Disciple, foi a escolhida para criar essa história de origem, e pode-se dizer que ela não perde tempo apresentando os integrantes do grupo. Logo conhecemos a já citada Iden Versio, a líder, e os outros quatro membros do esquadrão, cujo nomes não mencionarei, pois a escritora não faz questão de desenvolvê-los. Da mesma forma que a autora aproxima os quatro rapidamente, ela também os separa prematuramente, não dando tempo para o leitor enfronhar-se no grupo recém-formado.

Toda a pressa de Golden em estabelecer o cenário principal do livro enfraquece a trama e o leitor não sente o peso das dúvidas dos personagens principais, pois não há tempo nem de criar um elo emocional com eles. Tudo fica ainda mais fraco quando Christie força um relacionamento afetuoso no grupo que não deveria existir.

A autora deixa de desenvolver pontos que são de extrema importância na sua trama para contar histórias e estabelecer fatores que não levam a lugar nenhum. Por exemplo, há toda uma trama sobre algumas estátuas que um grupo encontra em um planeta que, quando Golden fecha esse arco, é impossível não se perguntar se era só isso mesmo. O livro ainda tem um grande problema de foco, com a autora enrolando-se tanto em sua trama que, no meio do livro, parece que a missão principal foi esquecida pelos personagens.

Um fã de Star Wars não precisa de uma boa crítica para ler um livro da saga. O que nós queremos é viajar mais uma vez para dentro desse universo. Fica difícil criticar negativamente uma obra da franquia, pois o valor emocional agregado quebra todos os defeitos das narrativas. Quando consumimos algo, não estamos lendo apenas aquele livro, mas sim relembrando todos os 40 anos de existência dessa infindável história.

Existem poucos livros que conseguem deixar o leitor bravo por sua falta de qualidade. Dark Disciple, da mesma autora, é um desses, mas Inferno Squad não é. Christie Golden comete erros, alguns herdados do sua outra obra, mas as falhas de sua narrativa são amparadas pelo amor que o leitor tem por Star Wars.

Battlefront II: Inferno Squad — EUA, 2017
Autor:  Christie Golden
Publicação original: julho de 2017
Editora original: Del Rey Books
Editora no Brasil: Não lançado no Brasil até a data da publicação da crítica
Páginas: 336

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