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Crítica | Star Wars: Os Últimos Jedi (Com Spoilers)

por Gabriel Carvalho
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“Nós somos a fagulha a acender o fogo que queimará a Primeira Ordem.”

  • O texto a seguir contém spoilers! Leiam a crítica sem spoilers aqui. Sigam com a leitura sob sua conta e risco! E tenham paciência, pois o texto é longo e detalhado.

Star Wars: Os Últimos Jedi é o capítulo central da nova trilogia da ópera espacial que conquista inúmeros fãs, ano após ano, desde 1977. Com direção de Rian Johnson, no entanto, a obra transcende as expectativas preliminares, que batiam com o fato de O Despertar da Força ter sido fortemente inspirado nos acontecimentos do filme original da saga Guerra nas Estrelas. O diretor, dessa forma, inova, ao não trazer muitas semelhanças com o formato de filmes anteriores, possuindo sua própria essência, que vai de encontro às decisões corajosas que o roteiro, também de sua autoria, toma em relação a este universo, sua mitologia e seus personagens. Para muitos que a verão, a obra é, dentre todas as feitas até o momento, a promotora das discussões mais relevantes, possuindo um quê de humanidade que a faz ser uma verdadeira homenagem aos amantes não só dessa galáxia muito, muito distante, mas do que ela e seus personagens representam para um mundo todo.

Na nova aventura, a Resistência continua a lidar com as sucessivas perdas decorrentes do avanço da Primeira Ordem sobre a Nova República. Em paralelo, a General Leia Organa (Carrie Fisher) busca também expandir o alcance da Resistência por toda a galáxia, especialmente na Orla Exterior, mas, com a aproximação de frotas inimigas, o perigo do seu fim é cada vez mais iminente. A esperança reside em Ahch-To, onde Rey (Daisy Ridley) busca fazer o recluso Luke Skywalker (Mark Hamill) retornar à atividade, senão indo de encontro a sua irmã e aos remanescentes da Resistência, ao menos treinando-a para que, quando a horar chegar, a jovem esteja preparada para enfrentar de uma vez por todas Kylo Ren (Adam Driver), assassino de Han Solo, que, mais do que nunca, está sendo atormentado pelos seus próprios demônios.
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“Deixe o passado morrer.”

A começar essa detalhada análise, o discurso de Johnson com Os Últimos Jedi potencializa de forma extraordinária o alcance sentimental que Star Wars tem com os fãs mais hardcore do universo, tornando de forma ousada este o filme mais complexo emocionalmente da saga. A Força nunca veio acompanhada de tantas nuances como agora. Quando Ben Solo e Rey se unem, enfrentando a guarda pessoal do Supremo Líder Snoke (Andy Serkis), o que vemos não é o bem contra o mal em seu molde mais simples. A figura de Kylo Ren vem atrelada a um conflito interior muito mais forte, o qual se expressa em palavras no contraste entre gerações emitido por suas falas à Rey. A própria revitalização da franquia se deu através de escolhas que buscaram a introdução de novos personagens, em detrimento dos antigos, os quais, mesmo paulatinamente perdendo o significado para a franquia em seu aspecto narrativo, não perderam a substância emocional que sempre carregarão, a qual, nem J. J. Abrams, nem Rian Johnson, deixaram que sumisse deste mapa intergaláctico.

O confronto entre Rey e Snoke, e o próprio caráter da manipulação de Ben pelo Supremo Líder em tempos anteriores aos do filme, traz muito da carga que a presença do Imperador exteriorizava em obras passadas. O roteiro de Johnson não busca, por isso, refazer totalmente um arco que já foi contado outras vezes, e especialmente na trilogia clássica, de maneira muito parecida com a contada agora. Lembremos que não se é explorado no Retorno de Jedi as minúcias de quem o Imperador é e de como ele conseguiu levar Darth Vader para o lado negro da Força. Nos dois longas, a abordagem de passados para tais vilões não é feita, visto que não se é necessário compreender esse aspecto para que sejamos transportados para o conto. A primeira história era sobre redenção, a qual é encontrada narrativamente por meio do confronto entre Vader e seus sentimentos mais obscuros: personificados pelo enigmático Imperador. Dessa vez, Snoke é o Imperador, contudo, o objetivo é outro: desconstruir uma visão tradicional do Bem e do Mal, que fora conduzida aos trancos e barrancos por gerações fracassadas tanto de Jedi quanto de Sith. De Darth Sidious a Luke Skywalker, todos fracassaram.
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“O maior professor o fracasso é”

Mas o fracasso, no argumento de Johnson, também não é isento de significância. Muita pouca coisa no filme realmente é, neste trabalho que certamente buscou extrair do rico conteúdo original da saga as mensagens mais poderosas criadas até então. Neste ponto, a obra tem em um de seus ápices emocionais a belíssima aparição do Mestre Yoda (Frank Oz), a qual é acompanhada por um dos diálogos mais emocionalmente envolventes do filme. Ao utilizar efeitos práticos, Johnson não deixa que este personagem tão querido caia nas incongruências de suas participações na trilogia prelúdio, retomando todo o senso mais “abobalhado”, porém extremamente sábio, que aprendemos a amar no velhinho. Por um momento somos diretamente transportados para Império Contra-Ataca e nos maravilhamos pela capacidade extraordinária que Yoda tem, mesmo depois de muito tempo, de ensinar tanto Luke quanto nós sobre a vida, o universo e tudo mais.

Ademais, é certo que a esperança é uma das abstrações mundanas mais poderosas que se pode tirar dessas guerras nas estrelas. Desde os primórdios das aventuras de Luke e companhia, com a icônica cena “Ajude-me, Obi-Wan Kenobi – você é minha única esperança” (que retorna, aqui, em outro momento de fazer fãs se emocionarem), a fé é um dos cernes centrais de Star Wars, acompanhando-nos desde Uma Nova Esperança. A própria capacidade de trazer para o lado da luz até as pessoas mais destruídas pela maldade intrínseca ao ser, vide o destino de Darth Vader, simboliza essa vertente tão intensa, a qual, não por menos, também é assumida no texto de Rian Johnson. Um desacreditado Luke Skywalker, diante do fracasso no treinamento de Ben, acaba encontrando, na sua jornada pelo filme, caminhos que o leva tanto a aceitar primeiramente treinar Rey quanto, mais tarde, a enfrentar de uma vez por todas seu maior discípulo. No primeiro caso também é interessante notar que Johnson não busca trazer na relação entre Luke e Rey convenções parecidas com as já pré-existentes dinâmicas entre Mestres Jedi e pupilos, provenientes de obras anteriores.
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“Eu preciso de alguém que me mostre meu lugar nisso tudo.”

Ao retomar na análise eventos que precedem este momento entre Yoda e Luke, citado anteriormente, temos claro e evidente que, depois dos eventos finais de Despertar da Força, um dos maiores anseios do público seria a consequência do retorno do sabre de luz para Luke, o seu antigo dono. Nesse ponto, percebemos que Rian Johnson deixa seu filme saborear à vontade a comicidade que se apresenta naturalmente no cotidiano da vida. Na ilha, os próprios Porgs, novas criaturas da saga, transmitem uma leveza que dá vida àquele cenário, assim como o povo nativo da região. Aliás, todas as cenas deles com Chewbacca (Peter Mayhew e Joonas Suotamo) funcionam, sendo bem engraçadinhas. Passando pelo que se é apresentado por Rey e Luke, temos um novo duelo de gerações, a primeira buscando conhecimento de gerações milenares e o segundo recusando passá-lo, com temor de suas consequências, tendo em vista o grande poder dentro da garota.

Outrossim, a desesperança tomou conta desse Luke, transtornado depois que viu seus esforços em retomar a Ordem Jedi serem jogados por água abaixo, no dia que Ben Solo tornou-se Kylo Ren. Rian Johnson fomenta um crucial pequeno twist relacionado à natureza do que aconteceu nesse terrível dia, sendo que, dessa forma, acaba ajudando na construção do fardo que Luke carrega. Igualmente, o fracasso do Jedi em treinar Ben também afetou o filho de Han e Leia, produzindo cicatrizes profundas, que poderiam ser impedidas se o mestre tivesse tido fé no jovem, e ao menos, sem um lampejo de impulso sequer, permitisse o destino escrever sua própria história. De uma forma ou de outra, cabe agora a Luke enfrentar seu passado e passar por uma jornada profundamente visceral.

Ambos, Daisy Ridley e Mark Hamill, entregam performances sólidas que encorpam a narrativa dos dois, ao passo que permite que nós nos solidarizemos com as duas visões possíveis desse objeto de estudo. Um dos maiores acertos por parte das revelações da obra é não dar a Rey figuras paternas que as pessoas reconheçam, o que poderia ser feito caso a garota fosse filha de Obi-Wan ou Snoke, como fãs teorizavam. Isso dá um caráter mais universal à personagem, permitindo que a mesma seja extremamente relacionável com o público. Diferentemente de Luke, a garota não é predestinada a nada, pois não carrega nenhum vínculo com o passado que possa a categorizar como alguma coisa, senão inteiramente responsável pelo seu próprio destino. Em uma das cenas mais inventivas do filme, esteticamente impressionável, Rey, assim como um dia Luke enfrentara a si mesmo em uma caverna de Dagobah, depara-se com o reflexo de seu próprio rosto, sendo, portanto, detentora da capacidade de decidir quem ela será no futuro; qual é o seu propósito no meio de tudo isso. Um paralelo disso com o objetivo da Resistência, e a importância de rebeldes no mundo, fictício ou atual, será feito mais à frente.
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“Está na hora dos Jedi acabarem.”

No clímax do filme, o confronto entre Luke Skywalker e Kylo Ren traz muitas camadas, por ser, acima de tudo, uma restauração da fé do herói da franquia. Não no vilão da obra, mas no significado que uma vida pode ter, independente do dito por qualquer literatura velha de milhares de anos atrás. Ao mesmo tempo, Kylo Ren, após assassinar Snoke, busca assumir de vez o seu lado sombrio, que fora visivelmente abalado pela presença de Rey durante o filme, nas conexões, que encontraram uma boa verossimilhança, e nos diálogos, que traduziram o espírito desses novos personagens. Adam Driver prova ser uma excelente adição ao elenco da saga, ao passo que o duelo de sabres de luz, apesar de não possuir nenhuma coreografia magistral, invoca um senso de maravilhamento durante toda a sua duração, levando à constatação da habilidade inabalável de Luke como Jedi e a seu consequente e extremamente emocionante fim, dado o esgotamento de suas forças perante a incrível revelação de que sua presença em Crait não passava de uma projeção visual. Uma pontuação extremamente merecida deve ser feita ao belíssimo visual da obra, que atinge seu ápice enquanto o Jedi observa o horizonte de sua ilha; uma certeira fotografia que nos aprisiona afetivamente na cena, dada a sensibilidade tremenda de Steve Yedlin.

A morte de Luke Skywwalker, portanto, não é uma morte no sentido mais sóbrio da palavra. Se em tantas coisas a religião do nosso mundo pode ser comparada com a Força dessa galáxia muito, muito distante, o significado dado a uma vida – e a uma morte – é certamente um dos mais francos produzidos pelo roteiro de Rian Johnson. O morrer, no final das contas, não é uma despedida, mas uma passagem. Os Últimos Jedi balança tanto a nossa visão de mundo quanto a nossa visão da mitologia por dentro da franquia, dando novos significados a diversas questões que, em tempos mais civilizados, eram mais simplificadas por meio do clássico duelo entre bem e mal. Se em Uma Nova Esperança, o garoto Skywalker admirava os dois sóis de Tatooine no anseio de que um propósito maior lhe alcançasse, neste oitavo capítulo da saga, o Mestre Jedi se despede da vida como a conhecemos de forma semelhante, sob diferentes sóis, mas agraciado por uma paz que há muito não lhe era permitido sentir, além da forte absoluta concretização de um propósito.
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“Luz. Escuridão. Um Equilíbrio.”

Em um diferente plano, todo o restante da obra busca discutir o aspecto de guerra propriamente dita: a Resistência contrária à Primeira Ordem. As situações nas quais os personagens coadjuvantes do filme são colocados perante algumas adversidades não são tão instigantes quanto as exploradas pelo núcleo de Rey, Luke e Kylo. Contudo, esses arcos definitivamente têm algo a dizer, e, na maioria das vezes, dizem de forma excepcional, embora ligeiramente ofuscada por uma quebra de ritmo grande, no início e no meio do filme, dada a intercalação constante entre todos os demais pontos de vistas, alguns mais interessantes que outros. Esse problema certamente é algo que apaga momentaneamente o brilho do longa-metragem e que pode causar impactos negativos no espectador que não se sentir engajado. A questão é que, pela sua conclusão, o filme encontra caminhos muito inesperados, sensíveis e gratificantes, os quais permitem que tudo de demérito acerca de Os Últimos Jedi seja varrido para debaixo do tapete.

Em aliança a isso, a esperança que a chegada de Luke Skywalker traz – até mesmo com a sua consequente morte – é enorme para a Resistência e verdadeiramente impactante para o público, o que faz o filme ficar guardado na memória dele de forma muito especial, nos remetendo ora ou outra a alguns pontos do discurso que Rian Johnson quis criar, e por assim sendo, nos emocionando constantemente pela forma singela como tudo fora transmitido. A trilha sonora de John Williams nunca nos fez chorar – internamente ou externamente – tanto quanto no momento que o corpo de Luke desaparece e sua túnica fica a voar por Ahch-To. Um homem que morre com propósito, continuando a viver dentro de nossos corações – e que possivelmente reaparecerá como fantasma da Força no próximo capítulo. Através de uma “simples” ficção científica, nossa caminhada pelo mundo real pode ganhar novas perspectivas. É o poder da arte, que permite ser expressada até no cinema comercial, ajudando o homem a encarar a ascosidade de poderosos que ostentam seus bens e menosprezam os pobres de modo tão vil. Talvez houvesse mais esperança na vida real se tivéssemos nossa própria Aliança Rebelde para enfrentar esse Império Galáctico.

Afinal, ainda mais importante que toda a história sobre Força e Cavaleiros Jedi, muito do que os filmes se baseiam encontra-se na intensidade que uma rebelião ou uma resistência pode ter. Ao passo que Rogue One traz em seus últimos minutos (de forma muito parecida a Os Últimos Jedi, Gareth Edwards acabou fazendo seu longa ser muito melhor e muito mais tocante do que seria primordialmente ao introduzir um final perfeito, que alavancou todas as qualidades da obra e diminui seus problemas) o sonho de uma Nova República ser passado de mão e mão por homens que morrem acreditando em um futuro melhor, uma tensão constante à possibilidade da dissolução da Resistência traz ao público um sentimento semelhante, que é pincelado por comentários que tecem o impacto da organização sobre toda a galáxia. Embora não encontre respostas ainda nesse filme, e nosso senso de fé, esperança e salvação resida majoritariamente na aparição divina de Luke, a cena final com um garotinho brincando de ser Jedi e simulando um sabre de luz com uma vassoura, certamente nos dá um gostinho muito bom do impacto de uma rebelião sobre o mundo. Do impacto da esperança. Assim como a jornada de Rey, a questão principal é como nós podemos mudar nossos destinos, individuais ou coletivos.
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“Pela primeira vez eu tenho algo pelo que lutar.”

No miolo do núcleo da Resistência, em uma cena que revela nossa vulnerabilidade perante um assunto tão sensível, a General Organa é sugada para o espaço, após uma explosão atingir o local onde ela estava. Dado o falecimento da atriz Carrie Fisher, após a gravação de suas cenas para Os Últimos Jedi, muito dos momentos com a eterna Princesa Leia acabaram falando mais alto do que falariam por conta própria. Em outra situação que invoca a beleza visual do filme, a personagem, em resposta a esse acidente citado, acaba sobrevivendo, naquele que se categoriza como o primeiro uso da Força explícito feito pela irmã de Luke. Talvez a sequência caísse para o piegas senão tivesse esse contexto doloroso sobre o falecimento da atriz. Como isso existe, acaba funcionando majestosamente. Aliás, outra perda do filme é a morte do Almirante Ackbar (Tim Rose), mesmo que seu fim seja apenas comentado brevemente pelo restante dos rebeldes, não fazendo jus, portanto, ao carinho que o personagem ganhou através dos anos.

É corajoso por parte de Rian Johnson deixar Leia viva, o que talvez cause problemas na escrita do roteiro do episódio IX. Em outros tempos, definitivamente este seria o filme enfocado na personagem, assim como o anterior focou em Han Solo e este foca em Luke. Nas telas, o legado de Carrie Fisher permanecerá presente, e Sua Majestade ainda será sentida, tanto quanto a sua personalidade única fora delas (recomendo altamente verem tweets antigos da atriz) ainda é. Juntamente a isso, o momento entre Leia e Luke, que vai de encontro a irmã projetando-se pela Força (quanto menos se explicar como Luke fez isso, mais mágica fica a cena) é altamente emocionante, ainda mais pela forma como tudo se é estabelecido, a pontuar notavelmente a discrição e sutileza na qual Rian trata a morte de Han, no longa anterior.

De todos os personagens da história, Finn (John Boyega) é o que adentra em Os Últimos Jedi de forma menos interessante. Longe, no entanto, de apresentar um arco fraco, sua história, junto a de Rose Tico (Kelly Marie Tran), personagem nova da saga, é a mais escapista de todas, sem muito enfoque no drama e na guerra. O pano de fundo, todavia, é muito ágil, pois permite que se sobressaia, da figura do personagem de Benicio Del Toro, uma crítica ao uso do capital para financiamento de guerras, tanto por parte dos caras maus quanto por parte dos mocinhos. É algo novo dentre os filmes da saga, e que possibilita muito mais discussões para o futuro, se assim os responsáveis pelo nono capítulo da franquia aprofundarem esse aspecto. Para Finn, também temos uma boa jornada no que se refere aos seus pensamentos sobre a Resistência. Enquanto inicialmente ele tenta desertar do grupo, mais para frente o personagem até mesmo busca se sacrificar pelo bem dos demais, acabando, porém, salvo por Rose, garota que desenvolve sentimentos amorosos acerca de Finn e que, espera-se, receberá mais atenção no futuro. Além disso,  infelizmente, Capitã Phasma (Gwendoline Christie) não atinge seu potencial prometido, continuando genérica. Por outro lado, BB-8 está ainda mais divertido, sendo o deus ex-machina mais aceitável de todos, tamanha a fofura do droide.

Para finalizar, assim como Kylo Ren procura acabar com os resquícios do passado, Poe Dameron (Oscar Isaac) também oferece um duelo de enfrentamento entre gerações. Apesar de suas boas intenções, o “esquentadinho” se volta contra as decisões tomadas pela temporária substituta de Leia, a Vice-Almirante Holdo (Laura Dern). É com muita prudência que Johnson não se deixa levar pelos costumes de sub-tramas do tipo, oferecendo uma reviravolta nesse sub-arco, o qual trata de questões sobre ser um herói versus ser heroicizado. Nessa parte do filme o ritmo já está muito melhor arrojado, e a montagem de Bob Ducsay demonstra mais fluidez na intercalação entre os eventos que estão acontecendo com os demais personagens. O que o público ainda aguarda para o restante do filme é nada mais nada menos que uma conclusão épica, situada em um dos planetas mais vistosos já apresentados pelos nove filmes, e que fornece doses sólidas de drama e ação, esta última auxiliada por efeitos especiais de primeira.
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“Que a força esteja com você.”

Os Últimos Jedi talvez não seja o melhor Star Wars de todos; as engasgadas nos primeiros dois terços desse excessivamente longo filme atuam contra um possível mérito do tipo. Mas o diretor Rian Johnson sabe abordar incrivelmente os aspectos únicos de cada um desses personagens memoráveis, impulsionando na velocidade da luz um amor do público para com os inéditos de Despertar da Força, que certamente serão lembrados de forma carinhosa tanto quanto aqueles clássicos que nascemos amando.

Ria Johnson cria uma poderosa e envolvente análise da mitológica Força e dá a Luke Skywalker uma conclusão épica e tocante, que abraça toda a sua trajetória e a encerra em alto nível, estabelecendo como objetivo dessa trilogia, que nunca deixa o antigo soar inócuo às mudanças, uma passagem de bastão para gerações futuras. No mais, uma poderosa recordação do significado de uma rebelião, de uma resistência que, mesmo fadada a perecer diante de reveses, não pode se permitir ser esquecida, ser apagada. Como a cena final da criança brincando com um sabre de luz de imaginação evidencia, a esperança reside por toda a galáxia, na mão daqueles que sempre se lembrarão de lendas ímpares que lutaram pelo bem, e que hão de continuar vivas para todo o sempre.

Em homenagem a eterna princesa Carrie Fisher. 

Star Wars: Os Últimos Jedi (Star Wars: The Last Jedi) — EUA, 2017
Direção: Rian Johnson
Roteiro: Rian Johnson
Elenco: Daisy Ridley, Mark Hamill, Adam Driver, Gwendoline Christie, Domhnall Gleeson, Carrie Fisher, Billie Lourd, Andy Serkis, Joseph Gordon-Levitt, Laura Dern, Oscar Isaac, Benicio Del Toro, Kelly Marie Tran, John Boyega, Lupita Nyong’o, Warwick Davis, Hermione Corfield, Peter Mayhew, Joonas Suotamo, Veronica Ngo, Gareth Edwards, Anthony Daniels, Jimmy Vee, Tim Rose
Duração: 152 min.

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