Home QuadrinhosEm Andamento Crítica | Star Wars: Princesa Leia #1 (Marvel – 2015)

Crítica | Star Wars: Princesa Leia #1 (Marvel – 2015)

por Ritter Fan
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estrelas 4

Espaço: Yavin-4 (base rebelde e órbita da lua)
Tempo: A Rebelião – Imediatamente após a Batalha de Yavin (0 d.BY)

O terceiro título da Marvel Comics agora que a editora retomou os direitos sobre o Universo Star Wars é dedicado à Princesa Leia. O primeiro é o título guarda-chuva, batizado simplesmente de Star Wars, focado no grupo rebelde como um todo. O segundo é dedicado ao grande vilão do cinema Darth Vader. Assim, faz todo sentido esse olhar exclusivo para literalmente a única heroína da franquia criada por George Lucas.

E a equipe criativa escolhida para embarcar nesse projeto não poderia ser melhor. Temos Mark Waid no roteiro, o responsável pela atual fase do Demolidor e Terry Dodson na arte, conhecido por seu trabalho em Arlequina em 2000 e, atualmente, em Uncanny X-Men. A arte-final ficou por conta de Rachel Dodson, esposa de Terry e que já trabalhou em quadrinhos do Homem-Aranha no selo Marvel Knights e Mulher-Maravilha.

princessleiacoverprincess leia 1 coverO trabalho de Waid reúne leveza com gravidade de maneira muito parecida com o que ele tem feito, de maneira exemplar, com o Demolidor. Sua abordagem da Princesa Leia Organa começa exatamente – e enfatizo o “exatamente” – após o final de Guerra nas Estrelas, quando as medalhas são entregues a Luke Skywalker e Han Solo (mas não para Chewbacca…). A interação com os outros três famosos personagens é quase inexistente. Apenas Luke trava um diálogo estranho com ela fazendo referência à eventual interesse romântico entre os dois (argh!). O foco é mesmo em Leia e como ela encara a destruição de Alderaan. Seu discurso sobre o evento é curto, seco e nada sentimental, gerando insatisfação de todos com a percepção de que ela tem um coração gelado. Mas Leia está sim profundamente abalada com o ocorrido, apenas não sabe como lidar com a situação.

Além disso, sua cabeça foi posta a prêmio pelo Império e o General Dodonna, líder da Rebelião não a quer flanando por aí, mesmo considerando que eles terão que abandonar Yavin-4 em breve já que, agora, a base secreta é tudo menos secreta. Com isso, Waid estabelece o simples fato que Leia é, nesse ponto, muito mais um símbolo de esperança do que alguém realmente útil para os rebeldes. Ela é o último membro da realeza de um planeta que não mais existe e cujos últimos sobreviventes estão sendo caçados pelo Império em represália ao acontecido. Leia perdeu sua identidade, sua função e precisa desesperadamente reencontrar-se.

É interessante notar que Waid não trilha o caminho mais fácil, que seria a interação dela com Luke e Han. Ele sabe que essa questão já está sendo abordada em Star Wars e fazer isso seria mero bis in idem. Sua escolha é a criação de uma personagem nova, a piloto de X-Wing Evaan, também de Alderaan e, coincidentemente, pupila da mãe de Leia. Evaan é monarquista e nutre profundo respeito pelos Organa e exige de Leia um comportamento digno. Para Evaan, Leia não é só Leia, mas sim a Princesa Leia Organa, o tal símbolo que mencionei mais acima. Mas Evaan, com toda sua deferência à extinta família real, concorda em ajudar Leia em uma missão montada com pressa para que o segredo seja mantido: voar pela galáxia atrás dos últimos alderaanianos para salvá-los antes que caiam nas garras do Império.

Mas é só. Waid não tem pressa, aparentemente. Ele estabelece esse debate sobre o que é ser uma princesa sem súditos e não se preocupa com a ação ou com maiores desenvolvimentos. A relação de Leia com Evaan é rápida, com pouquíssimo tempo para estabelecer a personalidade da piloto. Claro que veremos mais nos próximos números, mas a sensação de que Princesa Leia #1 é apenas um aperitivo é forte. Só que a diferença é que é um aperitivo promissor e isso faz toda a diferença.

E a dupla Terry e Rachel Dodson são responsáveis por uma lindíssima arte que vai levemente para o lado cartunesco. A recriação do Universo Star Wars sob o lápis de Terry é extremamente eficiente tanto ao contrastar o antigo com o novo (o templo onde a base rebelde se encontra é milenar) como em criar novos designs, como a nave que Evaan pilota ao final. Há muita fluidez na transição de quadros e na distribuição dos diálogos que jamais atrapalham. As cores mais escurecidas – mas longe de serem sombrias – de Jordie Bellaire enriquecem e muito a experiência, estabelecendo uma paleta de cores significativa e inteligente. Fiquei muito curioso para ver como os artistas recriarão outros planetas (o próximo é Naboo).

Star Wars: Princesa Leia é um ótimo primeiro número que certamente agradará aos fãs de Star Wars e também aos fãs de quadrinhos que porventura não sejam tão fãs assim da franquia.

Star Wars: Princesa Leia #1 (Star Wars: Princess Leia #1, EUA – 2015)
Roteiro: Mark Waid
Arte: Terry Dodson
Arte-final: Rachel Dodson
Cores: Jordie Bellaire
Letras: VC’s Joe Caramagna
Data original de publicação: 04 de março de 2015
Editora (nos EUA): Marvel Comics
Páginas: 23

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