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Crítica | Star Wars: The Bad Batch – 1X10: Ponto em Comum

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Pela primeira vez, em 10 episódios, The Bad Batch começa de maneira externa aos Mal Feitos, seja o grupo principal, seja o dissidente Crosshair e eu jurava que, por isso, Ponto em Comum no mínimo continuaria a boa estirada que vem constante desde Cicatrizes de Batalha, se não conseguisse finalmente quebrar a barreira do “legal, mas nada de mais” e finalmente alcançasse algum tipo de excelência que passaria a demonstrar que a nova série de Dave Filoni é indispensável para além dos fãs da franquia que, como eu, assistirão qualquer coisa for colocada na frente deles. Mas não. Infelizmente o episódio fracassa em dar um passo além e, muito ao contrário até, reverte para o nível de Tumulto, ou seja, apenas mais uma missão da equipe para Cid, e olha que a camada política da premissa simplesmente permitia muito mais já na largada.

Essa premissa – que é o começo exterior aos Mal Feitos – lida com o aprisionamento do Senador Avi Singh (Alexander Siddig), do planeta Raxus, pelo Império, depois que ele se recusa a cooperar em pacificar as massas. O que torna Raxus realmente interessante é que o planeta era o quartel-general da Confederação de Sistemas Independentes, mais comumente conhecida como os Separatistas durante as guerras clônicas, o que literalmente coloca os Mal Feitos em uma missão para resgatar um de seus maiores inimigos políticos depois que o mais do que prestativo e eficiente androide GS-8 (Sian Clifford) contrata Cid para a missão. Ponto em Comum, portanto, era a perfeita oportunidade para que Hunter e equipe lidassem mais profundamente com suas dúvidas sobre o que fazer doravante e de que lado ficar em todo esse conflito formado pela República sendo transformada em Império, com os clones passando a servir o que já é perfeitamente possível perceber como o lado opressor.

Mas não. O roteiro de Gursimran Sandhu simplesmente cria uma missão burocrática, ainda que com seus momentos divertidos, claro, em que os Mal Feitos se infiltram na capital, resgatam o senador e fogem do planeta, sem lá grandes dificuldades, para ser muito sincero. No lugar de usar o tempo para realmente tratar das dúvidas pelo menos de Hunter, as linhas de diálogo tratam é de colocar tudo em preto ou branco. Ora, se Singh era Separatista, então os Mal Feitos não podem gostar dele e ponto final. Tudo o que eles fazem, portanto, é no automático, realmente como uma missão por dinheiro e não como momentos que o roteiro usa para criar reflexões importantes e tirar os clones de cima do muro, muro esse em que eles estão desde o começo da série e não parecem dispostos a sair tão cedo. Frases como “não nos metemos em política” e outras nessa mesma linha enfraquecem e, sejamos sinceros, emburrecem o roteiro, mesmo considerando que o público alvo é o infanto-juvenil.

O que mais é necessário para que Hunter perceba que ele não tem alternativas que não pelo menos muito claramente colocar-se contra o Império para além da visão restrita e monocórdia de proteger Ômega? Alguma tragédia pessoal? Alguma demonstração inequívoca da maldade do Império, algo que já aconteceu algumas vezes na série e ele não registrou? Sim, tenho plena consciência que, para um soldado que sempre seguiu ordens, do dia para noite tomar decisões por si próprio não é fácil, mas os Mal Feitos nunca foram soldados que seguiam o manual de instruções estritamente. Essa era, aliás, toda a lógica deles. Portanto, já mais do que passou da hora de Hunter acordar para o que está ao seu redor, mesmo que isso não signifique ele automaticamente se juntar à ainda incipiente força rebelde.

Apesar da contínua qualidade da direção de arte e do CGI na criação de ambientes ricos e muito bonitos, como é o caso da cidade onde a missão ocorre, tudo o que vemos ali é tão rasteiro, tão básico, que decepciona profundamente e torna toda a linha narrativa com Ômega e Cid em Ord Mantell muito – mas muito – mais interessante, inclusive oferecendo um arco narrativo para a menina que finalmente a revela como algo mais do que um mero repositório de DNA puro de Jango Fett que os kaminoanos tanto querem. Só o fato de ela ser deixada para trás já é algo que merece comenda de tão óbvio e, ainda que isso não venha a acontecer novamente, a conexão dela com Cid é boa e bem trabalhada, assim como todo o lado estratégico da menina usando o famoso jogo holográfico dejaric como “facilitador” da coisa toda, com o bônus de convenientemente livrar os Mal Feitos do “aprisionamento” financeiro à trandoshana.

É um pena, portanto, que Ponto em Comum não tenha sido usado em todo seu potencial, mais uma vez descartando o lado político pelas meras sequências de ação. Pelo menos o CGI se manteve em alto nível e Ômega ganhou desenvolvimento próprio para chamar de seu.

Star Wars: The Bad Batch – 1X10: Ponto em Comum (Star Wars: The Bad Batch – 1X10: Common Ground – EUA, 02 de julho de 2021)
Criação: Dave Filoni
Direção: Saul Ruiz
Roteiro: Gursimran Sandhu
Elenco: Dee Bradley Baker, Michelle Ang, Rhea Perlman, Sian Clifford, Alexander Siddig, Shelby Young
Duração: 27 min.

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