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Crítica | Star Wars: The Bad Batch – 1X14: Manto de Guerra

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

The Bad Batch precisa de mais episódios como Manto de Guerra, que avançam a trama mais ampla sobre o Império convertendo o exército de clones em exército de voluntários, já que, ao que tudo indica, Dave Filoni se recusa a desenvolver os Mal Feitos, mantendo-os basicamente como veículos – ou desculpas – para que ele possa mostrar essa galáxia em transição. Em outras palavras, aplica-se o velho bordão que diz que quem não tem cão, caça com gato, ou seja, se não podemos ver Hunter e companhia somarem 2+2 para entender o novo status quo em que vivem, então que pelo menos a mudança de status quo passe a ser o foco da abordagem.

Com isso, temos um capítulo que desloca a ação para o planeta Daro depois que o Capitão Rex suplica aos Mal Feitos que resgate um clone que tentara fugir das garras do Império por lá, algo que vemos em um rápido preâmbulo. Sem informações mais detalhadas, sequer o nome do tal clone, a equipe descobre, no planeta que em tese não deveria ter estruturas artificiais ou população, uma enorme base em que o Programa Manto de Guerra está em andamento. A ação de resgate que segue é das melhores da temporada até agora, mas ela fica melhor ainda quando diversas “referências” são compreendidas pelo espectador, com a primeira dela sendo justamente o nome do programa, agora revelado como o treinamento de voluntários pelo clones, e que foi originalmente mencionado rápida e misteriosamente em Rogue One, mais conhecido como o melhor filme da franquia dessa nova geração. Além disso, é bacana ver que o clone a ser resgatado é CC-5576, ou Gregor, com o episódio aparentemente fazendo a ponte entre sua “morte” em The Clone Wars e seu reaparecimento surpresa, já mais velho, obviamente, em Rebels.

Mais legal ainda que isso, é constatar, como enorme admirador das artes originais de Ralph McQuarrie de quando Star Wars era apenas um sonho enlouquecido na cabeça de George Lucas, que o episódio canoniza as armaduras originais dos Stormtroopers que ele criou, tornando-as versões prototípicas do que seria visto em Uma Nova Esperança, fazendo com que a arte imite a vida. Teria sido ainda melhor se Filoni tivesse apostado todas as fichas nisso e apresentado, também, o escudo que eles usam, ainda que eu jamais esperasse que os sabres de luz que McQuarrie colocou nas mãos dos soldados compusessem o conjunto. Quem sabe não veremos os Troopers novamente, desta vez com acessórios?

No entanto, como sempre digo, referências são meros apêndices e nunca transformam algo ruim em bom. A sorte, portanto, é que o roteiro de Damani Johnson vai além do mero fan service e entrega uma aventura de peso, com belas sequências de ação e que também avançam a trama maior, não só apresentando de vez o Projeto Manto de Guerra, como também revelando o destino dos kaminoanos. Com isso, Hunter e companhia – mas sem Wrecker, que essencialmente fica de babá para Ômega, uma escolha inteligente já que nunca fez sentido levar uma criança para o campo de batalha – precisam escapar com Gregor de uma base infestada de Troopers variados que já demonstram a mais completa incapacidade de acertar alvos, não importando o quão próximo eles estejam.

O ritmo é muito bom, mais uma vez a direção de arte deslumbra com a natureza do planeta e com o exterior e interior da base, além de, claro, o uso das armaduras “mcquarrieanas”. O CGI, novamente, é de boa qualidade, mantendo o nível alto que a temporada vem demonstrando pelo menos desde Cicatrizes de Batalha. Além disso, a escolha de transformar Hunter em Rambo de vez, certamente a inspiração para o personagem, inclusive com uma sequência em que ele cai de um desfiladeiro usando árvores para amortecer a queda como em Programado para Matar (só faltou a trilha sonora de Jerry Goldsmith tocando!). Tudo bem que o fato de Crosshair ter pedido permissão para caçar seus ex-colegas e aparecer em Kamino não fazendo nada foi meio frustrante e estranho, mas vê-lo ao final visitando Hunter na prisão, deixando aquele cliffhanger que pode transformar o final da temporada em algo finalmente memorável, foi bastante divertido.

Manto de Guerra, portanto, me dá um pouco de esperança nessa reta final da temporada inaugural geralmente sem graça que Filoni resolveu bancar. Se o resgate de Hunter e o conflito com Crosshair levar ao reconhecimento, pelos Mal Feitos, de que o Império é definitivamente malvado e que eles não podem mais ficar flanando sem tomar uma posição política, já será um avança. Resta esperar para ver o que acontecerá nos dois episódios finais.

Star Wars: The Bad Batch – 1X14: Manto de Guerra (Star Wars: The Bad Batch – 1X14: War-Mantle – EUA, 30 de julho de 2021)
Criação: Dave Filoni
Direção: Steward Lee
Roteiro: Damani Johnson
Elenco: Dee Bradley Baker, Michelle Ang, Bob Bergen, Gwendoline Yeo, Noshir Dalal
Duração: 29 min.

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