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Crítica | Star Wars: The Bad Batch – 2X01 e 02: Sobras da Guerra e Marcas da Guerra

Sobras de roteiro que não marcam nada...

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Não sei se, depois da qualidade inesperadamente estupenda da primeira temporada de Star Wars: Andor, as séries passadas na mais famosa galáxia, muito, muito distante perderão a graça para mim, mas temo que percam. Prometo não fazer comparações para além deste parágrafo introdutório, mas a dobradinha Sobras da Guerra e Marcas da Guerra, que inicia a segunda temporada de The Bad Batch, pede essa comparação ao lidar com um roubo exatamente como no primeiro arco da série sobre Cassian Andor e, não sei muito bem o que dizer, mas é como comparar a água do Rio Citarum, na Indonésia (vão lá, pesquisem), com o vinho Château Latour 1961. Dave Filoni pode até ser endeusado por muitos (não é e nunca foi meu caso), mas ele não tem cacife para sequer ter o direito de lamber as botas de Tony Gilroy

Mas esqueçamos o que escrevi logo acima e vamos então lidar com os dois episódios que o Disney+ acertadamente soltou no mesmo dia, pois eles contam a mesma história e, do jeito abrupto que Sobras da Guerra acaba, seria um desserviço à série se não fosse possível engatar direto em Marcas da Guerra. A narrativa central lida com a mais nova missão que os Malfeitos (Dee Bradley Baker fazendo todas as vozes) recebem de Cid (Rhea Perlman), depois de uma dica da pirata Phee Genoa (Wanda Sykes): roubar ao menos uma fração do mais do que gigantesco baú de guerra do falecido Conde Dooku, em Serenno, seu planeta-natal, que vem sendo garimpado pelo Império. Diria que episódios assim, lidando com fundamentalmente uma só cena de ação é uma ótima maneira de se começar uma temporada e a escolha de um heist, ou seja, um típico roubo cinematográfico, é outro acerto.

O problema é que os roteiros parecem terem sido escritos pelo sujeito que serve o cafezinho na LucasFilm e passado pelos devidos canais de aprovação enquanto Filoni estava comemorando o aniversário de casamento com sua esposa, pois não há nada na história que seja minimamente atraente, interessante ou meramente diferente. E olha que “histórias de roubo” não exigem muito para ficarem bacanas, pois é uma premissa tão trabalhada no audiovisual, que bastaria escolher alguns clichês do subgênero e amarrá-los em uma narrativa qualquer, salpicando-os com belas sequências de ação, mas nem isso acontece. Na verdade, minto, pois há clichês até não poder mais, só que todos eles enfileirados da maneira mais burocrática possível.

E não ajuda em nada que os Malfeitos, elogiados o tempo todo como “os melhores no que fazem” ou algo semelhante, simplesmente não tenham um plano minimamente razoável para o roubo que vá além do “roubem ali pela direita enquanto eu distraio os clones imperiais pela esquerda”, pois é exatamente isso que acontece e, claro, tudo dá errado, com basicamente um episódio e meio sendo a equipe tentando escapar com vida dali com a ajuda de Romar Adell (Hector Elizondo), um habitante local desgostoso com tudo o que aconteceu com seu planeta a partir da ascensão de Dooku. É quase como ver uma animação dos Três Patetas – no caso, cinco -, só que em ambiente de ficção científica e cada um usando uma armadura mais bacana que a outra (menos Ômega, vivida por Michelle Ang, pois, apesar de o figurino dela ter melhorado, ainda continua qualquer coisa…). E, claro, há aquela solitária linha de diálogo de Tech para Hunter dando a entender que esse negócio de fazer trabalho de mercenário sem pensar no que está acontecendo na galáxia sob o jugo do Império não está com nada.

A vantagem é que, apesar de eu não gostar do design dos personagens (nunca gostei desde a época de The Clone Wars, então não é um problema desta série), a computação gráfica mantem-se muito boa, com um trabalho sempre interessante e acima da média no quesito de criação de novos e velhos mundos. Há uma sensação constante de imersão em Serenno, seja no castelo de Dooku, seja na cidade em ruínas, seja na floresta ao redor, com uma bela iluminação e uma mais bela ainda fotografia noturna que enriquece a experiência. É quase uma pena que a ação ininterrupta não permita que o espectador absorva de verdade a ambientação, ainda que essa ação ininterrupta seja a principal razão de a dupla de episódios não ser pior do que poderia ser, já que o ritmo acelerado na base de “uma encrenca a cada três minutos” funcione como uma espécie de torpor que permite que os problemas sejam esquecidos.

Sobras da Guerra e Marcas da Guerra poderiam ter sido um ótimo começo de temporada para The Bad Batch, mas, mesmo a premissa que normalmente resulta em coisa boa, acaba sendo executada da maneira mais cansada possível, sem um momento sequer em que o espectador levante a sobrancelha em demonstração de interesse. Torço, porém, para que esses episódios não sejam definidores do que será a temporada e que os Malfeitos finalmente encontrem uma função maior do que ficar entrando nas roubadas de Cid.

Star Wars: The Bad Batch – 2X01 e 02: Sobras da Guerra e Marcas da Guerra (Star Wars: The Bad Batch – 2X01 e 02: Spoils of War e Ruins of War – EUA, 04 de janeiro de 2023)
Criação: Dave Filoni
Direção: Steward Lee (2X01), Nathaniel Villanueva (2X02)
Roteiro: Jennifer Corbett (2X01), Gina Lucita Monreal (2X02)
Elenco: Dee Bradley Baker, Michelle Ang, Rhea Perlman, Hector Elizondo, Noshir Dalal, Wanda Sykes
Duração: 24 min. (2X01), 28 min. (2X02)

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