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Crítica | Stargirl – 1X02: S.T.R.I.P.E.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

A inversão da relação super-herói e ajudante, ou sidekick, com o primeiro sendo a adolescente e o segundo o adulto é a grande graça de S.T.R.I.P.E., segundo episódio de Stargirl que encerra, por assim dizer, a dobradinha introdutória da nova super-heroína a se juntar às séries do DC Universe. Isso e ver um pouco mais do robozão título (F.A.I.X.A. em português), já que robôs gigantes, inclusive na forma de um exoesqueleto feito com partes de automóveis, com direito a sonoplastia automobilística(!!!), como é o caso aqui, são sempre divertidos.

Menos divertidas são as meia-explicações, as frases que não são completadas, as perguntas que não são feitas e as respostas que não são voluntariadas, além da repetição infinita do chororô “meu pai é o Starman”. Essa estrutura é cansativa e poderia muito facilmente ser expurgada da história, com Courtney e Pat sentando para ter uma conversa definitiva, algo mais substancial que algumas linhas de diálogo cheias de mistério que deixam entrever as peças de passado e futuro que formarão a temporada, mas que, aqui, não passam de meros momentos de enrolação para apreciarmos o beicinho e cara de zangada da menina e a patetice com coração de seu padastro.

Mesmo com a relação dos dois tomando forma ao final do episódio, ainda falta uma cola narrativa para que os personagens de  Brec BassingerLuke Wilson realmente funcionem juntos. E não é nem pela incapacidade dramática dos dois atores, pois a primeira, ainda novata, até que conseguiu mostrar mais nesses dois episódios do que Katherine McNamara foi capaz ao longo de duas temporadas inteiras de Arrow (ok, não quer dizer lá muita coisa, mas pelo menos Bassinger não é uma maçaneta loira como sua colega) e Wilson, que, mesmo nunca tendo se notabilizado por sua latitude dramática, tem muito carisma e simpatia inatos que compensam o restante. A questão é que a conexão de enteada e padastro não convence em razão de o restante da família fazer figuração e por não entendermos exatamente a dinâmica ali, o que acaba resvalando para os momentos super-heroicos, ainda que com menos intensidade. Pode ser, porém, que isso melhore com o tempo, vamos ver.

Outro ponto problemático é a vilania. Não há dúvidas de que não há coincidências ali na cidadezinha de Blue Valley e isso será certamente trabalhado em mais detalhes adiante. Mas Onda Mental usando uma festa da escola para achar a garota que enfrentara no primeiro episódio e, depois, apanhando como um cão ladrão da garota (ok, do Cetro Cósmico, já que ela não fez nada), de certa forma desfaz o maravilhoso preâmbulo do piloto que mostra um pouco da derrota da Sociedade de Justiça pelas mãos da Sociedade da Injustiça. Fácil demais, simples demais. E isso sem considerar que Stargirl parece estar em casa com o que, dois, três dias de treinamento com seu Cetro cujos poderes ela não tem ideia quais são? Forçado, mas aceitável dentro do conceito de que a série tenta emular a Era de Ouro dos quadrinhos, ainda que, se fosse para realmente fazer assim, teria sido muito melhor arregaçar as mangas, abrir mais ainda os cofres e fazer uma obra de época.

E tenho receio que esse padrão de “derrota de um vilão a cada dois episódios” seja mantido, agora que Mago foi brevemente introduzido e o Geada tenha aparecido ao final, já na cidade, depois de passar pela cela de Solomon Grundy, mais conhecido como o futuro grande gastador do orçamento em computação gráfica. Claro que isso também abre espaço para a vindoura formação da nova Sociedade Adolescente da Justiça, o que pode “dar asas” para a série, mas o receio em mergulhar direto nas cores e no estilo camp da Era de Ouro, com a escolha de uma fotografia escurecida, com tons de azul snyderianos, pode tornar a profusão de uniformes coloridos um tanto quanto ridículos no contraste.

No entanto, dá para ver que o dinheiro vem sendo bem empregado no CGI e nos efeitos práticos com o robô, ainda que muito do que tenhamos visto até agora não seja mais do que objetos flutuando ou sendo arremessados e raios sendo atirados pelo Cetro. Pessoalmente, não consigo gostar do design testudo da máscara da super-heroína, mas é melhor isso do que o capuz imbecil do Arqueiro Verde na série recém-encerrada que eu aturei por oito anos. Portanto, estou no lucro.

Stargirl tem se mostrado uma série adolescente até simpatiquinha, mas não vejo razão para ela ser só isso. A produção comandada por Geoff Johns precisa encontrar seu tom e agarrar-se a ele sem vergonha de ser feliz e não transitar entre uma coisa e outra. Além disso, foco é importante e, mesmo que o universo de Courtney seja ainda bem pequeno, tenho receio de que o projeto seja sair derramando novos vilões e novos heróis sem pudor, o que pode transformar Stargirl em mais uma daquelas séries em que o importante é caçar referências e não desenvolver personagens. Tomara que Johns tenha um plano muito bem definido para sua heroína de estimação e mire mais na qualidade de Patrulha do Destino e menos na bobajada de Titãs.

Stargirl – 1X02: S.T.R.I.P.E. (EUA, 25 de maio de 2020)
Showrunners: Geoff Johns, Greg Berlanti
Direção: Greg Beeman
Roteiro: Geoff Johns
Elenco: Brec Bassinger, Luke Wilson, Yvette Monreal, Anjelika Washington, Christian Adam, Julia Armitage, Mark Ashworth, Christopher James Baker, Olivia Baughn, Elizabeth Bond, Sam Brooks, Meg DeLacy, Wil Deusner, Suehyla El-Attar, Lou Ferrigno Jr., Max Frantz, Cameron Gellman, Eric Goins, Neil Hopkins, Neil Jackson, Hina Khan, Joe Knezevich, Joel McHale, Joy Osmanski, Ashani Roberts, Trae Romano, Amy Smart, Stella Smith, Brian Stapf, Henry Thomas, Annie Thurman
Duração: 51 min.

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