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Crítica | Stargirl – 1X08: Shiv Part Two

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Quem dera que Stargirl tivesse acertado na formação de sua Sociedade da Justiça Júnior como está acertando na formação da Sociedade da Injustiça Júnior. Se a própria Sideral ganhou uma origem razoavelmente corrida considerando que ela é a personagem titular e seus três colegas só foram brindados com “versões Twitter” de suas estreias super-heroicas, é realmente um alívio ver que os vilões adolescentes estão recebendo tratamento adulto no que diz respeito à construção e desenvolvimento de personagens.

Claro que o grande destaque é Cindy Burman, a Shiv dos títulos de seus dois episódios semi-solo, mas é bom ver que Henry Jr. (Jake Austin Walker), que já vinha sendo foco esporádico de atenção, também tem tempo para a manifestação de seus poderes, algo que vem por meio de seu sofrimento pelo coma do pai e dor lancinante e não algo jogado de qualquer jeito e aceito imediatamente como se fosse normal usar garras de metal para escalar paredes ou uma ampulheta para socar carros com super-força de uma hora no momento seguinte em que tais habilidades são descobertas. Tudo bem que as bobagens de uma série que não quer crescer continuam, como o Rei Dragão, ao final, olhando para as câmeras de vigilância que mostram Henry com seus poderes, dizendo algo como “minha filha estava errada, Henry tem os poderes do pai afinal” (jura, sabichão?) ou a insistência em colocar Courtney como a garota mais teimosa e irresponsável do mundo, mais uma vez levando-a, sem pensar, a lutar contra Shiv, mas esse é um preço que estou disposto a pagar se houver contrapartida.

E essa contrapartida existe aqui muito claramente e não só pela forma como o roteiro de Paula Sevenbergen lida com Henry, mas também por outros dois momentos muito bem construídos. O primeiro deles é quando Cindy visita Courtney em seu quarto, levando balões e bombons e pedindo para a loira ser sua amiga. O incômodo de Court é palpável, assim como a mais absoluta naturalidade da vilã, que parece mesmo sincera em suas intenções a ponto de realmente conseguir enganar o espectador até o final. Temos que considerar que Stargirl não vinha apresentando muita coisa inteligente até essa dupla de episódios, pelo que seria mais do que natural, ainda que completamente irritante, se Cindy não tivesse percebido que Courtney é Sideral e Sevenbergen brinca justamente com essa expectativa, puxando o tapete do espectador no último segundo, mas também de forma muito natural, com um sorriso no rosto de Cindy, depois que ela come as metades de todos os chocolates que ela deixa espalhados em cima da cama da “amiga”.

O outro ótimo momento é o de Pat dando bronca no Cetro Cósmico. Uma tomada simples, com ele falando para um objeto inanimado que nem acende suas luzinhas, mas que reúne a doçura e a preocupação dele com Courtney com o respeito que tem pela Sociedade da Justiça original, especialmente, claro, Starman. Além disso, há a óbvia situação ridícula que é ele conversando com um cajado dourado dentro de uma caixa de madeira, o que traz aquela vergonha alheia benigna que combina com o tipo de atmosfera que a série deveria ter o tempo todo. E isso sem falar no cuidado de Sevenbergen em inserir no início do episódio toda uma desculpa crível – apesar de eu ter sentido muito mais dor pelo carro aqui do que senti (se é que senti) por Courtney no episódio anterior – para o espancamento da garota, novamente uma iniciativa de Pat para dar tempo ao tempo.

Claro que nem tudo são flores e a já mencionada impulsividade crônica de Courtney é pareada com o “plano” de Beth para descobrir mais detalhes sobre Cindy. Tudo bem que o que ela sugere é melhor do que a ideia de Rick em sair chutando o pau da barraca, mas apenas marginalmente, já que parece que esses jovens não prezam pela massa cinzenta e preferem resolver tudo de qualquer jeito, sem sequer falar com Pat ou parar por cinco minutos para trocar ideias como gente civilizada. O resultado é uma sequência pastelão que até diverte, mas talvez canse mais do que divirta e, pior, sem trazer frutos que não pudessem ser colhidos de outra forma.

Igualmente, a continuada vingança do Geada pela morte de sua esposa me pareceu completamente deslocada no episódio, como uma partícula expletiva para levar à duração regulamentar. Além disso, parece-me estranho que, mesmo passado o tempo que se passou desde o falecimento, ele não tenha ainda completado essa sua missão que deveria ser prioritária para um cara simpático e delicado como ele. Fica parecendo que os showrunners não querem que o espectador esqueça que há uma trama maior envolvendo super-vilões por trás, mas me parece que isso talvez já esteja bem evidente pela presença… não sei… de um vilão encapuzado com olho de lagarto e… hummm… um calabouço subterrâneo medieval…

Mas o grande problema do episódio – que é óbvio que não levei em consideração para a presente avaliação antes que comecem a revirar os olhos – é que ele sucede a pior notícia possível para a série: ela foi renovada, mas não no DC Universe e sim agora oficialmente na The CW. Em outras palavras, três conclusões: (1) agora o showrunner que não deve ser citado poderá terminar de imbecilizar a série; (2) Stargirl e companhia poderão fazer parte dos “maravilhosos crossovers” da CW e (3) o DC Universe provavelmente morrerá em breve como serviço independente de streaming. Portanto, pessoal, agarrem-se ao que der e aproveitem o que falta de Stargirl em sua casa original, torcendo para que a qualidade mostrada nessa dupla de episódios mantenha-se nos cinco restantes, pois, depois, o Arrowverse engolirá a loira burra e seus amigos impetuosos.

Stargirl – 1X08: Shiv Part Two (EUA, 06 de julho de 2020)
Showrunners: Geoff Johns, Greg Berlanti
Direção: Geary McLeod
Roteiro: Paula Sevenbergen
Elenco: Brec Bassinger, Luke Wilson, Yvette Monreal, Anjelika Washington, Christian Adam, Trae Romano, Meg DeLacy, Jake Austin Walker, Neil Jackson, Christopher James Baker, Amy Smart, Hunter Sansone, Henry Thomas, Eric Goins, Neil Hopkins, Joy Osmanski, Hina Khan, Mark Ashworth, Nelson Lee
Duração: 41 min.

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