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Crítica | Stargirl – 3X01: The Murder

Avançando diversas casas no tabuleiro.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Depois de um final decepcionante em sua segunda temporada, Stargirl retorna muito bem para seu terceiro ano, agora batizado de Frenemies – ou Aminimigos – com um episódio que equilibra cuidadosamente a leveza da premissa geral que coloca heróis e vilões hesitantemente convivendo lado-a-lado com o mistério central que leva ao assassinato do título do episódio e ainda conseguindo reinserir Starman na história como um elemento tendente a causar discórdia no lar dos Whitmore-Dugans seja pela relação mestre-pupilo entre ele e Pat, seja pela “disputa” pelo cajado senciente. É um começo que sabe esconder o que exatamente a temporada abordará em termos de ameaça macro, mas que, por outro lado, oferece muita diversão simpática com um fundo sóbrio de conflito entre os personagens já conhecidos.

E esse conflito já começa no seio da nova SJA, com seus membros divididos ao meio sobre uma tese reformada Cindy fazer parte do grupo. Isso até pode parecer um recurso clichê, mas ele dialoga muito bem com as personalidades dos quatros super-heróis adolescentes. Enquanto Courtney e Beth têm personalidades mais maleáveis, capazes de perdoar mais facilmente, Yolanda e Rick, até por seus traumas pessoais que a série felizmente não “apaga”, são abertamente contrários à abertura da equipe à seus inimigos. O problema é que esses inimigos estão por toda a parte. Blue Valley tornou-se o epicentro da convergência tanto da SJA quanto dos membros sobreviventes da SIA, todos agora simpáticos e prestativos cidadãos de bem, o que cria boas oportunidades para a direção de Andi Armaganian investir tempo nesse novo e estranho status quo.

Mas a coisa fica mais estranha ainda com a chegada de Steven Sharpe – o Jogador – à cidade, o que faz com que a SJA fique ressabiada, algo com que até mesmo os ex-vilões Mestre dos Esportes e Sombra concordam. Trata-se do primeiro “abalo sísmico” do episódio, com Sharpe ali para localizar sua filha Rebecca (que, nos quadrinhos, é a vilã Hazard, neta, não filha do Jogador) e revelando que ele tem câmeras e microfones nos lares de todos as pessoas que importam, mas também servindo como artifício para a criação de um cliffhanger digno de séries policiais: ele é misterioso morto (pelo menos em princípio) no final, com Cindy tornando-se a maior suspeita por ela estar no lugar do crime na hora em que ele acontece. Pode não ser a coisa mais original do mundo, mas eu gosto bastante do mistério e das possibilidades narrativas que ele potencialmente gera.

No entanto, ainda mais interessante que o assassinato de Sharpe é a relação de Courtney e de Pat com o recém-chegado – e muito folgado – Sylvester Pemberton, o Starman original. O roteiro cria uma pseudo-explicação para seu retorno da literal morte que envolve o cajado conectando-se com Courtney, o que por si só exigirá mais detalhamento e possíveis revelações futuras e usa o personagem, alojado no porão dos Whitmore-Dugans, como um artifício para lidar tanto com sua relação antiga com Pat como com sua relação novinha em folha com Courtney. Em ambos os casos, há uma disputa por espaço, com Starman querendo manter sua hierarquia em relação a Pat de um lado e, de outro, claramente cobiçando retornar, em tempo integral, ao seu antigo uniforme e poderes.

Essa abordagem no seio familiar dos protagonistas é razoavelmente complexa e até, diria, corajosa. Afinal, Geoff Johns tem a faca e o queijo na mão para mergulhar a fundo nesses conflitos potenciais, mas ele precisará, para isso, investir de verdade em uma linha narrativa de cunho mais maduro, deixando de tratar Courtney, pelo menos nesse tocante, como uma menina perdida e levando Pat à emancipação completa, para ele não fazer papel de bobo perante os demais. Por outro lado, Johns pode também escolher o caminho mais fácil que é resolver tudo na base da canetada simplificadora e varrer o problema para debaixo do tapete. Seja como for, esse é o aspecto da temporada que me deixa mais curioso.

The Murder é um começo que vai além do episódio típico de apresentação do tabuleiro que será palco para a temporada. Ele sem dúvida faz isso muito bem, mas não para por aí e, ao lidar com um mistério interessante, com a tensão na própria SJA sobre os ex-vilões que, agora, querem fazer parte do grupo, e com os conflitos na família principal, o episódio já avança diversas casas, evoluindo a narrativa, afastando-a dos eventos do ano anterior, mas sem esquecer do que aconteceu, e abrindo espaço para um novo e intrigante jogo começar.

Obs: O HBO Max, inexplicavelmente, decidiu disponibilizar os episódios de Stargirl por aqui com uma semana de atraso em relação aos EUA, começando no dia 08 de setembro de 2022, pelo que eu farei as críticas conforme os lançamentos no Brasil.

Stargirl – 3X01: The Murder (EUA, 31 de agosto de 2022 nos EUA e 08 de setembro de 2022 no Brasil)
Showrunner: Geoff Johns
Direção: Andi Armaganian
Roteiro: Geoff Johns
Elenco: Brec Bassinger, Luke Wilson, Yvette Monreal, Anjelika Washington, Cameron Gellman, Trae Romano, Meg DeLacy, Amy Smart, Hunter Sansone, Nick Tarabay, Ysa Penarejo, Joel McHale, Stella Smith, King Orba, Milo Stein, Jonathan Cake, Alex Collins, Keith David
Duração: 42 min.

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