- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.
Seria muito fácil, óbvio e 100% esperado se The Killer continuasse quase que exclusivamente a partir do cliffhanger de The Monsters, em que somos brevemente apresentados ao gorila albino falante Ultra-Humanoide, em tese o grande vilão escondido da temporada. Seria. Mas ainda bem que não foi. Ao deixar o cliffhanger em segundo, talvez terceiro plano, e inesperadamente retornar à família Mahkent como ponto focal, Geoff Johns mostra que uma série adolescente de super-heróis não precisa seguir caminhos pré-estabelecidos e mais do que batidos para contar uma boa história. Aliás, ele mostra que, para contar uma boa história, é muito mais interessante seguir um caminho nem que seja um pouquinho menos viajado, só parafraseando o clichê.
E é justamente o que acontece em The Killer. O Ultra-Humanoide fica no banco de reservas, com sua presença em Blue Valley sendo apenas revelada a todos por Mike e Jakeem e não muito mais do que isso, com toda a atenção do episódio retornando para a família dos velhinhos congelantes, como um longo, mas ótimo dénouement que tenta abordar as reações de todos após a pancadaria na mansão e o ataque cardíaco que felizmente não mata Sofus. Com isso, temos Pat e Sebastian retornando para conversar com Sofus e Court e Cameron deixando tudo em pratos limpos, mas com resultados menos do que ideais, ou seja, com Johns mais uma vez nadando contra a maré e deixando os em tese vilões permanecerem da mesma maneira que estavam, ainda lidando com a morte de Jordan que, aliás, é assumida por Court de maneira a livrar a barra de Mike.
E, melhor ainda, é a forma como o roteiro de James Dale Robinson e Taylor Streitz faz uso de Crusher e Paula, agora fieis à Sociedade da Justiça, com a dupla atuando como mediadora entre os dois lados inconciliáveis que leva a uma surpreendente autoanálise por parte de Sofus e especialmente da aguerrida Lily. Essa foi a primeira vez que o casal foi trabalhado de maneira séria em Stargirl até onde me lembro e, considerando o final – outro cliffhanger! – a última, já que os dois são mortos por um Jordan Mahkent misteriosamente renascido (meu chute é algo como o T-1000, com as gotas d´água juntando-se e reformando o vilão, mas provavelmente deixando sequelas).
Sobre Jordan, sua reaparição não era inesperada considerando que estamos falando de uma série de super-heróis onde a morte é sempre relativa, e, devo confessar, essa escolha, especialmente levando em conta que a terceira será a última temporada da série, acaba conversando bem com a temática de vigilância de todos na cidade, além de retornar para a estrutura da primeira temporada, só que com a promessa de uma reunião de heróis e ex-vilões contra o atual vilão e, ao que tudo indica, seu ajudante símio, porque eles precisam estar em conluio, senão a história ficará estranha. Só espero que, desta vez, ele não seja derrotado via atropelamento e seria bom se o showrunner não enveredasse pelo caminho da “força do amor” para desvilanizar o vilão…
O que não me apetece muito é a linha narrativa de Rick, cada vez mais viciado no poder desmedido que a ampulheta do Homem-Hora passou a lhe dar depois que ele retirou o limitador. Essa é uma história que não deveria ter muito fôlego, especialmente depois que ele precipita a pancadaria na mansão dos Mahkent. Alguém já tinha que ter interferido e retirado o brinquedinho dele justamente como parte do dénouement da batalha que foi todo o objeto deste episódio. Afinal, já ficou evidente para todos ali o que está acontecendo e deixar para resolver esse detalhe com mais outro ataque de raiva do sujeito não me parece o melhor caminho.
The Killer é mais um sólido episódio de Stargirl depois do famigerado intervalo para introduzir a Corporação Infinito. Com três episódios pela frente, há tempo mais do que suficiente para que a temporada entregue um final redondo e bem trabalhado que sirva de despedida digna para Court e companhia. Veremos!
Stargirl – 3X10: The Killer (EUA, 09 de novembro de 2022 nos EUA e 17 de novembro de 2022 no Brasil)
Showrunner: Geoff Johns
Direção: Andi Armaganian
Roteiro: James Dale Robinson, Taylor Streitz
Elenco: Brec Bassinger, Luke Wilson, Yvette Monreal, Anjelika Washington, Cameron Gellman, Trae Romano, Meg DeLacy, Amy Smart, Hunter Sansone, Joel McHale, Stella Smith, King Orba, Alkoya Brunson, Neil Hopkins, Joy Osmanski, Jim France, Kay Galvin, Seth Green, Kron Moore, Gilbert Glenn Brown, Neil Jackson
Duração: 40 min.
