Home TVEpisódio Crítica | Stargirl – 3X12: The Last Will and Testament of Sylvester Pemberton

Crítica | Stargirl – 3X12: The Last Will and Testament of Sylvester Pemberton

Explodindo cérebros.

por Ritter Fan
633 views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Sempre soube da conexão quase que literalmente umbilical de Geoff Johns com Stargirl, sua criação em homenagem à sua irmã mais nova Courtney, falecida em um dos mais graves acidentes aéreos de que se tem notícia, e essa sua amorosa homenagem é palpável ao longo de toda a adaptação televisiva que ele comanda. No entanto, apesar do histórico do showrunner na DC Comics e de suas raízes profundas nos quadrinhos, além da boa qualidade geral da série, é em The Last Will and Testament of Sylvester Pemberton que vejo o momento mais puramente HQ de toda a série (para além das sequências de pancadaria), em duas reviravoltas encadeadas de explodir a cabeça que, surpreendentemente, fazem absolutamente todo sentido.

Ok, “todo sentido” talvez seja forçar a barra, mas é inegável que a revelação de que houve um troca troca cerebral, com o cérebro do Rei Dragão sendo transplantado para o corpo do gorila albino onde residia o cérebro do Ultra-Humanoide, e o cérebro do Ultra-Humanoide, por sua vez, sendo transplantado para o corpo de Starman conservado pela energia do cajado, tudo sob os auspícios do revivido Geada, foi uma cartada de mestre de Johns que o roteiro de Turi Meyer e Alfredo Septién descortina com elegância e cuidado, equilibrando os necessários textos expositivos com um pouco de ação para criar um dos melhores capítulos de toda a série e um belíssimo de um cliffhanger para o derradeiro episódio que, provavelmente, será focado mais no lado da pura ação.

Quando eu relativizo o “todo sentido” que eu mesmo usei acima, apenas quero dizer que não parei para pensar nos detalhes da forma como o Ultra-Humanoide, no corpo de Sylvester Pemberton, conseguiu infiltrar-se na família Dugan-Whitmore, pois isso, muito sinceramente, é completamente irrelevante (e caçar furos em filmes é séries é, como sempre digo, a pior maneira de se fazer análises). O que realmente interessa são as pinceladas macro que começam com o flashback para quando o vilão ganhou o prêmio de Melhor Atriz quando estava no corpo de Delores Winters (Meredith Garretson) e, mais tarde, com Pat sendo enterrado vivo por seu mentor – ou melhor, pelo corpo possuído de seu mentor – com direito a todo aquele monólogo sinistro que mistura sarcasmo e ironia que Joel McHale acerta na mosca em sua interpretação. Se pensarmos na lógica do histórico do Ultra-Humanoide como uma atriz que ganhou o prêmio máximo de sua arte, temos a perfeita desculpa “de quadrinhos” para aceitarmos que o vilão estava o tempo todo atuando como Sylvester Pemberton, com o requinte de a explicação oferecida ainda lidar com a forma como o Ultra-Humanoide aprendeu a ser Pemberton, ou seja, entrevistando todos aqueles que foram importantes em sua vida.

E as duas reviravoltas cerebrais – chamemo-las assim – têm ainda outra vantagem, que é a capacidade que elas têm de terminar de montar o quebra-cabeças iniciado com o assassinato do Jogador e que inclui todos os eventos “estranhos” da temporada, especialmente a manipulação de Rick para retirar o limitador temporal de sua ampulheta e os arroubos de raiva de Sylvester, além de, claro, toda aquela explicação mequetrefe sobre como ele teria ressuscitado. Sim, reconheço que a introdução do gorila branco com o que agora sabemos é o cérebro do Rei Dragão foi tardia e que o retorno do Geada, apesar de fazer um bom movimento circular na série, retornando à sua primeira temporada, foi conveniente, e, mais ainda, que todo o plano mestre dele dependia de uma quantidade infindável de partes móveis, mas creio que isso faz parte do jogo de mistério que tomou de assalto o derradeiro ano da série. Some-se a isso a pegada adolescente que Johns nunca escondeu e pronto, podemos simplesmente aceitar que, mesmo tendo que fechar os olhos para algumas coisas, existe sentido no que foi feito.

De certa maneira, em meio a tantas revelações, pode-se até dizer que a protagonista ficou um pouco de lado no episódio, mas a grande verdade é que seu breve momento de destaque foi particularmente relevante, com a jovem finalmente livrando-se de sua adoração por Starman e, mais importante do que isso, reconhecendo de verdade e de coração o valor de Pat em sua vida. Ela pode ser a adolescente inocente que sempre vê o lado positivo nas pessoas, por mais que elas não mereçam, mas é visível como ela vinha se desenvolvendo temporada a temporada, chegando a um bom momento no penúltimo episódio que novamente abre um pouco de espaço para Brec Bessinger mostrar que é mais do que um amontoado de olhares lacrimosos e biquinhos de insatisfação.

The Last Will and Testament of Sylvester Pemberton, mesmo em uma temporada irregular, é um baita penúltimo episódio que acerta na forma como faz os encaixes necessários para a solução dos mistérios e abre espaço para boas interpretações de seu elenco. Mesmo que a tendência seja um derradeiro capítulo focado em confrontos físicos, o que seria mais do que natural, é surpreendente o que Geoff Johns consegue fazer com sua série.

Stargirl – 3X12: The Last Will and Testament of Sylvester Pemberton (EUA, 30 de novembro de 2022 nos EUA e 08 de dezembro de 2022 no Brasil)
Showrunner: Geoff Johns
Direção: Jennifer Phang
Roteiro: Turi Meyer, Alfredo Septién
Elenco: Brec Bassinger, Luke Wilson, Yvette Monreal, Anjelika Washington, Cameron Gellman, Trae Romano, Meg DeLacy, Amy Smart, Hunter Sansone, Joel McHale, Stella Smith, King Orba, Alkoya Brunson, Neil Hopkins, Joy Osmanski, Jim France, Kay Galvin, Seth Green, Kron Moore, Gilbert Glenn Brown, Neil Jackson, Meredith Garretson
Duração: 42 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais