Home TVEpisódio Crítica | Stargirl – 3X13: The Reckoning

Crítica | Stargirl – 3X13: The Reckoning

O final digno de uma série que não merecia o cancelamento.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

The Reckoning deixa evidente que Geoff Johns sabia da possibilidade de cancelamento de sua série-xodó, pois, o que ele entrega não é o que podemos chamar exatamente apenas de final de temporada. O showrunner vai além e cria algo híbrido que não deixa de ser estranho, dando conta não somente de encerrar o arco da temporada, como também de toda a história futura da nova Sociedade da Justiça com uma sucessão de epílogos que expõe com bastante clareza seus aparentemente ambiciosos planos de longo prazo para a protagonista e sua equipe super-heróica. Obviamente que o que resulta daí não é o ideal, mas certamente era o possível e é interessante e certa forma até respeitoso com os fãs da série que Johns tenha preferido seguir esse caminho.

Afinal, em termos de um mero encerramento de temporada, se a série fosse continuar, tudo o que Johns tinha para contar ele conta nos 25 minutos iniciais em que acompanhamos duas pancadarias separadas, com Stargirl, Doutora Meia-Noite, Homem-Hora, Pantera e Pat pilotando seu robô (além de Barbara!) enfrentando Geada, Vovô Geada, Vovó Geada, Geadinha e o Ultra-Humanoide no corpo de Starman de um lado e, de outro, Mike, Jakeem, Relâmpago e Shiv enfrentando o Rei Dragão no corpo do gorila albino gigante que uma vez fora o “lar” do Ultra-Humanoide. É uma luta sem dúvida boa, especialmente quando Bárbara aparece com a balestra de Tigresa imitando (palidamente, eu sei) Ellen Ripley salvando Newt, em Aliens, O Resgate e quando Pat, depois que Court recupera seu cajado, nocauteia o Rei Dragão com uma pedrada.

Muito sinceramente, porém, eu esperava mais desses confrontos justamente porque The Reckoning é o último episódio de toda a série. Para começo de conversa, Johns simplesmente não precisava comprimir a pancadaria em alguns poucos minutos, abrindo espaço para que as coreografias fossem trabalhadas com mais calma e que os componentes da Sociedade da Justiça fossem realmente usados, já que Beth e Rick não fazem muito mais do que figuração, com Yolanda pelo menos levando à morte de Lily Mahkent com sua acrobacia. Segundo, teria sido muito mais interessante se os dois núcleos convergissem de verdade, criando apenas um “teatro de guerra” com todos os mocinhos saindo no tapa com todos os vilões. Separar os núcleos até mantém a lógica do que foi visto no episódio anterior, mas não era nada difícil proporcionar a reunião. Terceiro, em razão da escolha de se comprimir a luta principal, ela ficou parecendo muito fácil, algo que é ainda mais evidente quando lembramos da dificuldade que foi sair no braço com Sofus, Lily e Cameron Mahkent na mansão deles em The Monsters. Quarto e último, apesar de ter plena consciência que CGI custa caro e tal, recorrer à “luta noturna” para disfarçar os defeitos foi frustrante demais.

Mesmo assim, apesar de só ter falado dos aspectos negativos, eu acabei gostando mais do que desgostando do que vi. Dois momentos – além dos que destaquei acima com Barbara e Pat – merecem comenda. O primeiro deles é como Jakeem, finalmente conseguindo bolar um desejo que Relâmpago interpreta corretamente (e que, ao mesmo tempo, é uma declaração de amor a Cindy), derrota o Rei Dragão, transformando-o em um inofensivo gorila de pelúcia. Fácil demais? Certamente. Mas foi hilário ver John criando algo “tão HQ” novamente logo em seguida a The Last Will and Testament of Sylvester Pemberton, com direito ao bicho ser comido pelo cachorro da família Whitmore-Dugan. O segundo, claro, é o breve momento heroico de Stargirl finalmente recuperando seu cajado das mãos de um estupefato Ultra-Humanoide.

Falando em bons momentos, surpreendeu-me muito que o flashback para quando Geada e Rei Dragão desenterraram o corpo de Starman tenha revelado que eles reviveram o super-herói e, como se isso não bastasse, arrancaram o cérebro dele sem anestesia. Bastante violento para a pegada mais adolescente da série, mas não tão violento e cruel quanto a cena em que Ártemis, ausente das lutas principais, aparece em Copenhague, na Dinamarca, para eliminar Jordan Mahkent de vez, queimando-o vivo nas ruas das cidade. Quem disse que vingança é um prato que se come frio?

O restante do episódio – uns bons 15 minutos! – é dedicado a resolver pontas soltas da maneira mais “final feliz” possível, com direito a Beth transformando seus pais em sidekicks, Rick se curando da ampulheta sem limitador, Yolanda novamente falando com a mãe dando a entender que elas reatarão e Court e Cameron acabando juntos. Nem mesmo Solomon Grundy foi esquecido ao ressuscitar justamente no momento em que Rick vai visitá-lo uma última vez para dizer tchau. Apesar de tudo ter sido muito água com açúcar, tenho para mim que era assim que as pontas deveriam mesmo ter sido amarradas, sem notas negativas ou pessimistas.

E, claro, temos o pulo temporal de 10 anos em que vemos o Sombra servindo de guia no “museu da Sociedade da Justiça da América” falando dos feitos dessa segunda geração de super-heróis e sua composição completa, que é justamente o momento em que Johns revela seus planos do que faria se a série continuasse. Aliás, continuar ela até pode, seja do ponto pré-salto temporal com o elenco atual, seja a partir dele, com a chegada de um Jay Garrick exasperado, no estilo De Volta para o Futuro, com a contratação de um elenco novo e mais velho. Quem sabe não vemos um dia essa continuação com Starwoman liderando uma Sociedade da Justiça completamente adulta com todos os seus colegas e mais alguns personagens que foram citados, mas não introduzidos? Sempre há essa possibilidade, não é mesmo?

Stargirl – 3X13: The Reckoning (EUA, 07 de dezembro de 2022 nos EUA e 15 de dezembro de 2022 no Brasil)
Showrunner: Geoff Johns
Direção: Walter Carlos Garcia
Roteiro: Geoff Johns
Elenco: Brec Bassinger, Luke Wilson, Yvette Monreal, Anjelika Washington, Cameron Gellman, Trae Romano, Meg DeLacy, Amy Smart, Hunter Sansone, Joel McHale, Stella Smith, King Orba, Alkoya Brunson, Neil Hopkins, Joy Osmanski, Jim France, Kay Galvin, Seth Green, Kron Moore, Gilbert Glenn Brown, Neil Jackson, Meredith Garretson, John Wesley Shipp
Duração: 42 min.

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